Sinopse Intrínseca: O terceiro romance da autora que se consagrou por sua série napolitana acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda uma enxurrada de lembranças da própria vida — e de segredos que ela nunca conseguiu revelar a ninguém. (Resenha: A Filha Perdida – Elena Ferrante)

Opinião: Um abraço confortável, um ombro para chorar, uma amiga para a vida toda. A presença mais forte e o laço mais fraternal e bonito. Um lugar para chamar de lar. Estas seriam algumas das possíveis definições da palavra “mãe”… se vivêssemos em um cenário perfeito. Afinal, somos humanos, e humanos cometem erros o tempo todo. Ninguém está imune às feiuras do mundo, porém as feiuras do mundo, às vezes, se transformam em belas histórias.

É o caso de A Filha Perdida, romance da misteriosa autora italiana Elena Ferrante. Com uma narrativa simples e intrigante, a autora consegue construir um enredo que, para muitos, pode parecer banal. E é nesta base que Ferrante se destaca.

Leda é uma mulher de 47 anos, professora universitária, divorciada e mãe de duas filhas. Que maneira de resumir a história de uma mulher… Após as filhas se mudarem para o Canadá, Leda se encontra em uma posição de liberdade que antes se mostrava apenas de forma utópica. Sem responsabilidades além das aulas do próximo semestre, Leda resolve passar as férias na praia. No litoral sul da Itália, então, ela fica obcecada por uma família de napolitanos barulhentos – mais especificamente por Nina e sua filha Elena.

A professora começa a reparar nos mínimos detalhes da vida de Nina, a relação dela com a filha, com o marido e com os outros membros da família. O que era para ser uma viagem de descanso e relaxamento, acaba se tornando em uma grande volta ao passado e às escolhas que Leda fez no decorrer de seu casamento e do crescimento de suas filhas.

Trazendo inúmeros questionamentos e debates sobre o peso que a sociedade impõe nas mulheres para serem esposas e mães perfeitas, Elena Ferrante destrincha os mais doídos e complicados traços da maternidade e, principalmente, da feminilidade. O leitor acompanha o presente da protagonista – observando e até interagindo com as estranhas figuras da família napolitana -, mas também as atitudes passadas de Leda que a fizeram chegar até aquele momento.

A narrativa é confortável ao mesmo tempo em que é incômoda. Leda conta sua história como uma velha amiga, é muito provável que o leitor sinta certa proximidade com ela. Porém, como é percebido durante a leitura, Leda não é e nem foi uma mãe perfeita aos moldes da sociedade e isso desperta sentimentos conflitantes. Falas e ações da personagem podem ser interpretadas de diversas formas e cabe apenas ao leitor pensar e compreender (ou não) o espaço, os receios, as necessidades e as vontades de Leda.

A Filha Perdida é uma ótima leitura para o verão. Estenda uma cadeira ao sol, pegue um suco gelado e deguste este livro em algumas horas. Apesar das poucas páginas, as reflexões acerca do texto de Elena Ferrante vão perdurar por muito tempo.

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A Autora: Elena Ferrante é o pseudônimo de uma romancista italiana cuja verdadeira identidade é desconhecida do público. É autora de diversos livros, entre eles o infantil Uma noite na praia, também publicado pela Intrínseca, e A amiga genial e História do novo sobrenome, os dois primeiros volumes da série napolitana, que a consagrou definitivamente como uma das mais importantes escritoras da atualidade.

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Um jornalista (e futuro publicitário) apaixonado por livros e pela Taylor Swift. Lê um pouco de tudo, do suspense ao romance romântico (mas tem uma quedinha por contemporâneos com personagens odiosos). Vive esperando uma ligação da Sandy para tomar um cafezinho em Campinas. Enquanto isso não acontece, passa seu tempo no mundo dos livros, filmes e músicas.

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