Sinopse Paralela: Blythe Connor está decidida a ser a mãe perfeita, calorosa e acolhedora que nunca teve. Porém, no começo exaustivo da maternidade, ela descobre que sua filha Violet não se comporta como a maioria das crianças. Ou ela estaria imaginando? Seu marido Fox está certo de que é tudo fruto do cansaço e que essa é apenas uma fase difícil. Conforme seus medos são ignorados, Blythe começa a duvidar da própria sanidade. Mas quando nasce Sam, o segundo filho do casal, a experiência de Blythe é completamente diferente, e até Violet parece se dar bem com o irmãozinho. Bem no momento em que a vida parecia estar finalmente se ajustando, um grave acidente faz tudo sair dos trilhos, e Blythe é obrigada a confrontar a verdade. Neste eletrizante romance de estreia, Ashley Audrain escreve com maestria sobre o que os laços de família escondem e os dilemas invisíveis da maternidade, nos convidando a refletir: até onde precisamos ir para questionar aquilo em que acreditamos? (Resenha: O Impulso – Ashley Audrain)

Opinião: Obras lançadas com frases como “o livro mais esperado do ano” ou “o thriller do ano” costumam não fazer jus ao marketing em quase 90% dos casos dentro da minha experiência pessoal. Já digo isso logo de cara porque O Impulso certamente não será o “mais do ano” em nenhuma categoria que tentem enquadrá-lo, o que não faz dele um livro ruim, pelo contrário. O problema é forçar a barra tentando enfiar um título goela abaixo só porque decidiram que ele seria o supra sumo de determinado gênero. Pronto! Está feito o desabafo…

Falando no que interessa… O Impulso é um drama psicológico com toques muito bem dados de mistério. A obra trabalha com a maternidade, desconstruindo dogmas e mostrando o lado difícil de uma mãe que não se ajusta bem naquilo que a sociedade concebeu como “o divino dom materno”. Mas eu enxerguei também um lado infantil perverso na obra, que me remeteu a imortais suspenses como Menina Má, por exemplo. Mas calma! Vamos por partes.

Em O Impulso, narrado em primeira pessoa, vamos acompanhar a história trágica de uma mãe que não conseguiu se conectar com sua filha. A maternidade aparentemente não era para ela e isso abalou profundamente um casamento que parecia perfeito demais. E nitidamente a filha, Violet, sente essa falta de conexão materna e rejeita a mãe a ponto de odiá-la cada vez mais à medida que vai crescendo. Só que essa mãe, Blythe, tem um histórico familiar em que nenhuma das ancestrais se deu muito bem no quesito se relacionar com as filhas. Os detalhes desse passado vão costurando a trama e nos mostrando que dá avó à mãe, as mulheres da família de Blythe não sentiam nenhum prazer em serem mães e acabavam relegando suas filhas a experiências traumáticas. O dom materno teria, então, influências genéticas? Hereditárias?

A autora explora em detalhes de presente e passado o quanto é difícil para uma mulher encarar a maternidade. Isso vai bem de encontro ao senso de que toda mulher já nasce sabendo como ser mãe. Mas O Impulso percorre os caminhos das dificuldades, dos desafios, dos julgamentos sociais. Aliás, os desafios começam dentro de casa quando o marido de Blythe só tem olhos para a filha e a todo momento desconfia da capacidade da esposa, deixando claro que ela precisa de ajuda e ignorando tudo o mais. A mãe aqui é posta à prova a todo momento para deixar claro que ela é capaz, que ela pode. Isso em diversos momentos chega a ser cruel.

Por outro lado, Blythe encontra a felicidade suprema ao ter um segundo filho e estabelecer uma relação profunda com ele. O pequeno Sam mostra que, sim, ela tem todas as possibilidades de ser uma mãe como todas as que a rodeiam. Mas o destino muda um pouco essa história e aí o livro vai ganhando contornos de suspense psicológico. Blythe se desequilibra totalmente e mergulha em dúvidas sobre sua capacidade e sobre a natureza da filha, que parece perversa demais para uma criança. É aí que o livro tem pequenos toques que lembram alguns dos melhores suspenses que retrataram abertamente crianças más por essência. As respostas para quem de fato é Violet e se Blythe é insana ou apenas uma vítima, você vai encontrar devorando O Impulso. Um livro de cerca de 300 páginas que eu li em um dia!!!

O Impulso é uma obra que deve causar diferentes reações a depender de como cada um vai interpretar as experiências maternas nele descritas. Eu classificaria o livro como um relato/desabafo contundente dos desafios de ser mãe, sem floreios, com toda a crueza e sinceridade que uma mulher poderia se dar ao luxo de expor e certamente ser julgada pela sociedade. Narrado em primeira pessoa como uma grande carta ou relato de Blythe, ele flui numa velocidade impressionante e nos envolve facilmente. O desfecho é delicioso para os fanáticos por suspense como eu. Uma frase de encerramento maravilhosa para os sádicos da ficção de plantão e uma bela forma de deixar pulgas atrás das orelhas dos leitores.

Blyhte e sua história vão mostrar que ser mãe, às vezes, é só padecer…

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A Autora: Ashley Audrain já trabalhou na Penguin Books Canada, como Diretora de Publicidade. Antes de trabalhar na Penguin, ela morou e trabalhou em Los Angeles e em uma agência global de Relações Públicas em Toronto, onde mora atualmente.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

2 COMENTÁRIOS

  1. mais um para a lista, amo suas resenhas.
    Comecei a ler depois de ler a resenha do livro ( a mulher na janela),
    depois dele ja comprei muitos após ler suas resenhas e nunca me arrependi S2.

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