Sinopse Pipoca & Nanquim: E se o anticristo estivesse entre nós? E se ele fosse uma criança e fosse o seu filho? É com enorme orgulho que a editora Pipoca & Nanquim traz de volta A Profecia, obra que é considerada por muitos críticos como uma das três mais importantes da literatura moderna de terror, junto de O Bebê de Rosemary e O Exorcista. Escrito em 1976 por David Seltzer, um mago de Hollywood que trabalhou como roteirista, diretor e produtor, o livro fala sobre o surgimento do anticristo no mundo de hoje, tomado por guerras, conflitos raciais, turbulências políticas, desigualdades sociais e pragas (Resenha: A Profecia – David Seltzer)
Opinião: Inúmeras seitas ou grupos de pessoas debatem e traçam teorias ao longo do tempo sobre o fim dos tempos, a volta de Jesus e sobre a Besta, o Anticristo que virá desencadear o apocalipse na Terra. Cálculos são feitos, datas são determinadas e há sempre uma espera pairando no ar. A grande dúvida, embora para alguns sobrem certezas, é sobre qual forma tomaria o diabo ao vir bagunçar o coreto do mundo. Quais seriam os mecanismos utilizados, por exemplo, no mundo de hoje? Quem seriam seus servos? A partir de onde sua obra destruidora teria início?
Nos anos 1970 do século passado, a literatura de terror estava em seu auge com a publicação de títulos que viriam a se tornar os maiores ícones do gênero, sobrevivendo até a atualidade. A Profecia, de David Seltzer, faz parte desse grupo de livros e traz interessantes respostas para as perguntas que fiz no começo desse texto. Para começo de conversa, vamos a resposta principal: a política. Sim, ela seria a melhor forma para o diabo lançar seus venenos e desequilibrar as estruturas da nossa sociedade. É nessas bases que Seltzer compõe uma história perturbadora com um desfecho que arrepia os cabelos dos leitores de 2020 quando nos damos conta das bizarras coincidências de cenas.
A Profecia, imortalizado em filme, traz um casal-modelo. Ricos, bonitos, bem sucedidos por onde passam e com as portas abertas para uma possível candidatura à presidência dos EUA. Robert e Kathy protagonizam um desses romances cinematográficos. Pelo menos para o público em geral. Dentro de casa, ela sofre resquícios de uma depressão causada, entre outras coisas, por não conseguir engravidar. Tudo muda quando uma gravidez chega ao fim de forma bem sucedida e o pequeno Damien vem ao mundo. Um garoto lindo, perfeito, encantador. Ok, nem tudo é essa beleza que eu estou descrevendo, mas não vou estragar o começo chocante da trama.
Confira direto da editora os bastidores da negociação de publicação da obra
A narrativa de A Profecia vai acompanhar o casal Thorn e seu filho em um relativo curto período de suas vidas. Damien vai crescendo aos cuidados de uma suspeita babá, Robert segue sua ascensão e Kathy permanece em altos e baixos. Mas a vida é cercada de tragédias, coisas estranhas cercam os arredores do casal, e o clima geral nunca é de felicidade. Sobra tensão. Falar mais do que isso é estragar a atmosfera que Seltzer cria no livro. Porque ele vai construindo um terror psicológico, entre muitos mistérios, mas sem nunca se afastar da vida cotidiana dos personagens. O horror aqui envolve a vida diária. Tudo se dá em meio a um ambiente familiar, berço de onde talvez esteja concentrada a força maligna da dita profecia.
De leitura rápida e alternando momento de muita tensão com cenas corriqueiras, A Profecia é um terror clássico que mexe com os leitores da forma como só aqueles livros dos anos 1970 eram capazes de mexer. Porque a trama é palpável demais. E neste caso específico, como já mencionei, ela traça um paralelo com a política que está tão atual quanto na época em que o livro foi escrito. Pensem que originalmente A Profecia surge na tensão mundial da Guerra Fria, mas se enquadra tranquilamente nos acontecimentos que temos vivenciado nos tempos atuais. Chega a ser assustadora a última cena, que encerra a obra.
Pessimista ao extremo, A Profecia é um daqueles livros que não querem deixar mensagens de esperança aos leitores. A história é contada friamente e nós entendemos que, talvez, na briga de bem e mal nem sempre a humanidade consegue fazer alguma coisa. Porque ela é facilmente manipulada. E entre Deus e o Diabo, quem melhor sabe manipular?
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O Autor: David Seltzer nascido em 1940, é um escritor, produtor e diretor norte-americano.