Sinopse Planeta: O futuro da humanidade depende dos sonhos de uma garota. Derrotada, devastada e levada quase à extinção, a raça humana se vê presa em um planeta distante, constantemente atacado por misteriosos combatentes alienígenas. Spensa, uma adolescente, anseia por se tornar piloto e se juntar à resistência. Quando descobre os restos de uma velha nave, um modelo que a garota nunca tinha visto na vida, percebe que esse sonho pode enfim se tornar realidade. Para isso, no entanto, a garota precisará consertar a grande nave, aprender a pilotá-la e – talvez o mais difícil – convencer a inteligência artificial que controla os restos da embarcação a ajudá-la: essa incrível nave, de alguma forma, parece ter uma alma própria. (Resenha: Skyward – Brandon Sanderson)

Opinião: Brandon Sanderson extrapola os limites em suas criações e acho impossível conseguirmos classificá-lo em um só gênero literário. Skyward, sua nova mirabolante saga, é uma dessas histórias em que a ficção científica se cruza com a fantasia, recebe leves toque distópicos, uma camadinha de suspense, pitadas de drama e romance, e no final temos uma obra completa.

Eu poderia falar de Skyward pelo lado da distopia de uma humanidade que se vê refugiada em um planeta desconhecido, Detritus, às voltas com uma guerra sem fim contra seres desconhecidos, os Krell, e sem a menor condição de avançar, estabelecer bases para evoluir ou simplesmente viver em paz. Desde que os primeiros humanos chegaram a esse planeta, nada mudou muito. A rotina, guardadas poucas diferenças, é a mesma. A guerra é o que os move e desde pequenas as crianças são educadas em um tom belicoso. É preciso formar pilotos para batalhar com os Krell em uma roda giratória que nunca chega a um fim.

É possível falar de Skyward pelo ponto de vista dos personagens, notadamente sua protagonista, a jovem Spensa. Seu pai foi acusado de ser um covarde, alguém que abandonou uma batalha, e por isso teve que ser abatido. Sonhando em conquistar as estrelas e criada nessa sociedade belicosa, Spensa quer ser piloto como o pai, mas precisa vencer as barreiras da herança maldita que carrega. Ninguém tolera um covarde, tampouco sua família. Spensa é jovem, bastante imatura e inexperiente, e Sanderson constrói sua personalidade na medida certa para evidenciar seu crescimento pessoal ao longo do livro. A garota atirada e cheia de si tem choques de realidade à medida que se depara com a vida como ela é. Batalhar não é apenas matar inimigos, mas conviver com a perda de amigos, com a intolerância de uma sociedade ou com um sistema regrado demais e preso a convenções injustas e segregacionistas.

Skyward nos permite viajar pelas possiblidades da tecnologia, principalmente a inteligência artificial. Batalhas no céu com naves carregando o que há de mais avançado. Um Star Wars mais modesto. Aparelhos, ou naves, que são programados para pensar, executar, processar e em questão de segundos resolver coisas que os humanos levariam dias. O aparente futurismo da nave M-Bot, um personagem adorável que vocês vão se apaixonar, não é ficção científica. É uma realidade do mundo de hoje extremamente bem aplicada na obra. Sanderson brinca com a ausência de sentimentos de uma máquina ao mesmo tempo que mostra sua capacidade para superar as pessoas em zilhões de coisas.

Podemos, também, falar de Skyward sob a ótica de uma história imaginativa, mas pouco original. Carregada dos clichês que caracterizam a literatura, vamos encontrar um cadinho de cada coisa na obra. A figura da órfã que precisa lutar para provar seu valor; o garoto rico esnobe, que guarda frustrações que serão exploradas futuramente; os amigos variados, cada qual com sua caraterística que vai fazer a diferença na trajetória da protagonista; a pseudo-vilã que luta com todas as forças para impedir o avanço da protagonista; o mestre protetor que dá conselhos, às vezes duros, mas que está sempre pronto para ser o incentivador. Enfim, nada é novo em Skyward, mas isso não faz da obra algo ruim. Pelo contrário, Sanderson soube amarrar tudo muito bem de forma a nos entregar um livro envolvente. Minha única crítica é que a lentidão prevaleceu e a ação tardou a chegar. Sobraram momentos monótonos.

Mas o que eu mais gostaria de falar sobre Skyward é o fascínio que ele exerce nos sonhadores. É um livro feito sob medida para leitores que curtem se entregar ao prazer da imaginação e viver junto com os personagens as aventuras mais alucinantes. Acompanhar Spensa e seus colegas nas aulas, nas batalhas, nas possibilidades que o mundo em Detritus oferece é um prazer pra quem curte sonhar. Voar para além das estrelas e desbravar mundos, guerreando com alienígenas ou enfrentando segredos que podem ser amargos demais. Skyward desperta nosso lado aventureiro. Nada atrapalha um livro quando ele consegue isso.

Há muitas formas de falarmos de Skyward. A obra tem várias interpretações e permite que cada um de nós a enxergue de acordo com suas experiências de leitura, de vida, com o que mais lhe atrai na ficção. Brandon Sanderson, mais uma vez, conseguiu encantar e nos fazer sonhar. Ponto pra ele e boa leitura!

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O Autor: Brandon Sanderson é um escritor de fantasia e ficção científica norte-americano, nativo de Lincoln, Nebraska. Ele completou seu mestrado em Escrita Criativa em 2005 na Brigham Young University, onde hoje leciona a mesma matéria. Ele foi indicado duas vezes ao prêmio John W. Campbell, ganhou o prêmio Hugo e duas vezes o prêmio David Gemmell, entre outros.

Sanderson é conhecido pelos seus mundos, narrativas e sistemas de magias originais, em livros como Elantris, a série Mistborn, a série Executores, The Stormlight Archive, Warbreaker, Alcatraz, dentre outros. Também é conhecido por ter finalizado a épica saga A Roda do Tempo, de Robert Jordan, depois da morte do autor em 2007, tendo sido escolhido pela própria esposa e editora de Jordan, Harriet McDougal, por ter ficado imensamente impressionada com o trabalho de Sanderson em Mistborn.

 

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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