Sinopse HarperCollins: O último dos três Grandes Contos Perdidos do legendário de J.R.R. Tolkien narra a jornada de Tuor rumo à cidade secreta de Gondolin, refúgio élfico do povo do Rei Turgon. Contra a bela cidade, levanta-se Morgoth, o Inimigo Sombrio, com seu exército de seres malévolos. A história da Queda de Gondolin começou a ser escrita em 1916 e agora ganha vida graças ao trabalho editorial de Christopher Tolkien, filho e executor legal das obras de Tolkien. Dessa forma cumprem-se duas sinas: a dos Elfos noldorin na Primeira Era do mundo e a do autor, ao conseguir publicar individualmente os três Grandes Contos dos Dias Antigos. (Resenha: A Queda de Gondolin – J.R.R. Tolkien)
Opinião: A monumental obra de Tolkien, enfim, ganha um tratamento editorial a sua altura no Brasil pelas mãos da HarperCollins. Monumental e extremamente complexa, diga-se de passagem. O autor construiu um universo único na literatura mundial com desdobramentos e detalhes tão bem explorados e pensados quando a própria história do nosso mundo real. A Queda de Gondolin é um desses exemplos. Classificado como último dos três Grandes Contos Perdidos, e editado como os demais por seu filho Christopher, o livro é uma joia narrativa e contribui ainda mais para deixar claro (se é que alguém ainda não percebeu) o tamanho da genialidade do autor.
Em A Queda de Gondolin temos seis versões para a mesma história. A obra reúne o conto original escrito por Tolkien, alguns pequenos esboços, visões mais ou menos aprofundadas, e uma narrativa chamada de última versão. Em síntese todas narram a saga de Tuor em busca da cidade secreta de Gondolin, a cidade dos sete nomes, local onde se refugiou o povo élfico que escapou ou fugiu do domínio de Morgoth. Governada pelo Rei Turgon, Gondolin é protegida dos olhos de viajantes e para encontrá-la é necessário muito mais do que sorte ou boa orientação geográfica.
É importante frisar que este é um livro complementar, ou seja, leitores de primeira viagem podem até achar interessante e se encantar com o que é nele descrito. Contudo, somente os já iniciados no universo de Tolkien conseguem aproveitar completamente a experiência dessa leitura. A obra, aliás, não traz nada que não seja do conhecimento de quem já leu O Silmarillion, por exemplo. Mas para fãs que não cansam de se fascinar com toda a mitologia que envolve a Terra-Média e suas primeiras eras, e aos que se debruçam para estudar os calhamaços da obra do autor, esse volume é de encher os olhos.
A linguagem de Tolkien que vocês vão encontrar em A Queda de Gondolin tem um estilo que se assemelha ao que vemos nas narrativas bíblicas. Em certo aspecto, podemos nos permitir, a título de situar leitores não familiarizados com a obra, afirmar que as histórias que trazem os eventos da Primeira Era estão para o mundo tolkieniano como o Velho Testamento está para a Bíblia. E aqui podemos conhecer as diversas formas que a história d’A Queda foi sendo gestada na cabeça do autor. Embora a base narrativa seja a mesma, existem diferentes desdobramentos ou detalhamentos em cada novo texto que lemos. Por fim, o editor traz aos leitores um compilado com a evolução da história de Gondolin, reunindo as diversas passagens de cada versão com explicações e notas complementares.
Reafirmando que A Queda de Gondolin é um livro mais voltado para fãs do que para leitores de primeira viagem, não posso deixar de exaltar a qualidade da edição, ricamente ilustrada por desenhos e gravuras de Alan Lee, que tão bem soube dar vida ao universo de Tolkien. É uma dessas edições que merecem lugar de destaque em qualquer estante e que enchem os olhos dos apaixonados pela Terra-Média.
Avaliação: 5 Estrelas
O Autor: J.R.R. Tolkien Sir John Ronald Reuel Tolkien foi um escritor, professor universitário e filólogo britânico. Tolkien nasceu em janeiro de 1892 na África do Sul e aos três anos de idade, com sua mãe e irmão, passou a viver na Inglaterra, terra natal de seus pais. Desde pequeno fascinado pela lingüística, cursou a faculdade de Letras em Exeter. Lutou na Primeira Guerra Mundial, onde começou a escrever os primeiros rascunhos do que se tornaria o seu “mundo secundário” complexo e cheio de vida, denominado Arda, palco das mundialmente famosas obras O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion, esta última, sua maior paixão, que, postumamente publicada, é considerada sua principal obra, embora não a mais famosa. Tolkien faleceu em 02 de setembro de 1973.