Sinopse Suma: A bordo de sua Máquina do Tempo, o cientista que narra esta história parte do século XIX para o ano de 802701. Nesse futuro distante, ele descobre que o sofrimento da humanidade foi transformado em beleza, felicidade e paz. A Terra é habitada pelos dóceis Eloi, uma espécie que descende dos seres humanos e já formou uma antiga e enorme civilização. Mas os Eloi parecem ter medo do escuro, e têm todos os motivos para isso: em túneis subterrâneos vivem os Morlocks, seus maiores inimigos. Quando a Máquina do Tempo que levou o Viajante some, ele é obrigado a descer às profundezas para recuperá-la e voltar ao presente. (Resenha: A Máquina do Tempo – H. G. Wells)
Opinião: Obra de estreia de H.G. Wells, A Máquina do Tempo é o cartão de visitas do que viria a se tornar a carreira e o grau de influência para gerações futuras de sua produção literária. Ainda que este romance carregue deficiências comuns a autores em início de carreira, já é possível vislumbrar características de estilo e construção que vão permear todos os demais livros, culminando naquela que seria sua obra-prima, A Guerra dos Mundos.
Entre as muitas possibilidades que fascinam a humanidade e são combustíveis para centenas de produções artísticas, viajar no tempo é uma das mais intrigantes. Tanto pela chance de desvendar o futuro quanto conhecer épocas passadas. Alterar o passado afetaria de que forma o presente? E saber os rumos que uma decisão no presente podem acarretar ao futuro seriam, de verdade, uma vantagem? E para além dessas questões mais filosóficas, há e pura e simples curiosidade, tão cara a todos nós. É assim que somos facilmente seduzidos pela ficção científica quando ela decide viajar pelo tempo.
Deixando de lado possibilidades mágicas e influenciado pelas revoluções da indústria e a entrada do mundo na era das máquinas, H.G. Wells inova ao construir uma engenhoca capaz de viajar no tempo. Assim, A Máquina do Tempo, antes de mais nada, é um livro que reflete exatamente o espírito de sua época. Tal característica vai se repetir em toda a obra do autor. Suas histórias, por mais fictícias e imaginativas que sejam, sempre terão um pé no chão do mundo real a influenciá-las. Entretanto, o objetivo do livro não é percorrer tratados científicos e possibilidades logarítmicas e afins. Wells não se prende a explicações de como e porquê, preferindo focar no fascínio do personagem ao desbravar o futuro.
Em A Máquina do Tempo, vamos acompanhar uma história sendo contada pelo Viajante no Tempo, personagem cujo nome nunca é mencionado. Sua narração se assemelha a histórias contadas por avós, no sentido de que somos facilmente envolvidos pelas palavras, cenários e aventuras e sem pestanejar nos deixamos levar pela trama, sem nos preocupar com detalhes. Sua grande jornada, através de uma máquina que ele mesmo construiu e que não sabemos minimamente como funciona, o leva ao longínquo ano de 802.701, período em que a humanidade mudou por completo com seres vivendo sobre a terra e outros vivendo no subterrâneo.
A trama, simples, pode ser lida de uma só vez e traz curiosidades interessantes. Percebam, por exemplo, que para um livro publicado em 1895, Wells colocou seu personagem para viajar milhares de anos à frente, algo muito incomum até mesmo em produções recentes da literatura. Vemos uma tendência de os autores sempre buscarem épocas não tão remotas para suas viagens e explorações ao futuro. Aqui, no entanto, avançamos muito além do que é possível imaginar e encontramos um retrato de civilização também incomum. O longínquo futuro da humanidade visto por Wells não é otimista, visão essa que ele mantém em toda sua produção. Fugindo de spoilers, mesmo que a sinopse entregue muito, vale ressaltar aqui que quanto mais avança no tempo, mais o autor enxerga um mundo sem saídas, que regride, talvez até o seu fim.
Apesar da simplicidade como tudo acontece, desde à viagem até a exploração pelo mundo futuro, é inegável o encanto que A Máquina no Tempo produz nos leitores. Despindo-se de toda a tecnologia que nos rodeia e conseguindo mergulhar na leitura pensando na época em que foi escrita, temos total condição de nos fascinar com essa aventura, almejar viver algo parecido. Inegável a influência que esta história vai exercer para moldar a produção literária e cinematográfica subsequente.
Rápido, curioso, dinâmico e envolvente A Máquina do Tempo, e toda a obra de H.G. Wells, são leituras indispensáveis para quem aprecia, como sempre digo, boas histórias bem contadas.
Avaliação: 4,5 Estrelas
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O Autor: Herbert George Wells, conhecido como H. G. Wells, foi um escritor britânico. Nos seus primeiros romances, descritos, ao tempo, como “romances científicos”, inventou uma série de temas que foram mais tarde aprofundados por outros escritores de ficção científica, e que entraram na cultura popular em trabalhos como A Máquina do Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos. Visionário, chegou a discutir em obras do início do século XX questões ainda atuais, como a ameaça de guerra nuclear, o advento de Estado Mundial e a Ética na manipulação de animais.
Desde muito cedo na sua carreira, Wells sentiu que devia haver uma maneira melhor de organizar a sociedade, e escreveu alguns romances utópicos. Ele analisa a dicotomia entre a natureza e a educação e questiona a humanidade em livros como A Ilha do Dr. Moreau. À medida que envelhecia, Wells foi-se tornando cada vez mais pessimista acerca do futuro da humanidade.