Sinopse Bertrand Brasil: Bestseller internacional considerado pela crítica um clássico da literatura latino-americana, “A Casa dos Espíritos”, romance transcendental de Isabel Allende, conta a saga da turbulenta e numerosa família Trueba, do Chile, com o seu patriarca angustiado e suas mulheres clarividentes. Trata-se de uma narrativa vertiginosa que se alimenta de si mesma e parece tender ao infinito. É no seu desfecho que se alcança o efeito trágico da obra cujo limite não é o esgotamento das narrativas, mas um golpe de Estado que metamorfoseia as narrativas em sangue nas sarjetas e as palavras em silêncio. (Resenha: A Casa dos Espíritos – Isabel Allende)
Opinião: Isabel Allende bebe na fonte dos grandes autores latino-americanos, da qual já faz parte, para narrar uma história que se confunde com a de sua própria família e de seu país. Misto de realismo fantástico com romance histórico, A Casa dos Espíritos tem o DNA de nosso continente e guardadas as diferenças entre países, carrega consigo um pouquinho das características que forjaram, no correr do século XX, nossa identidade atual.
A obra acompanha por três gerações a saga dos Trueba, tradicional e típica família que construiu fortuna na fazenda e nos envolvimentos políticos. Aqui estão presentes todos os elementos essenciais de nossa história: a exploração, o patriarcado, a luta de classes, a rebeldia adolescente, o misticismo, as disputas políticas e seus golpes e perseguições. A peculiaridade fica por conta do lado fantástico das mulheres e seu dom de clarividência. Em síntese, as muitas estórias que compõe A Casa dos Espíritos mostram ascensão e declínio de um homem. A figura do senador Estevão Trueba, oligarca que não mede esforços para conseguir o que quer, galga os mais altos degraus do sucesso e poder para, posteriormente, declinar seguindo os mesmos passos de seu país.
Por trás da ficção, A Casa dos Espíritos tem personagens reais (Pablo Neruda e Salvador Allende, por exemplo), cujos nomes não são mencionados e que protagonizaram momentos marcantes da história chilena. É onde a ficção encontra a realidade e faz com que a família Trueba possa ser vista como um retrato do Chile. O velho Trueba explorou, dominou e ditou rumos políticos até cair na armadilha do golpe que vai gerar uma sangrenta ditadura. Em contraponto, as mulheres, fortes, simbolizam a resistência, seja no trato de Clara com o marido ou na luta de Alba.
Apesar de envolvente, a história tem uma leitura que exige atenção. É um livro denso que compila décadas de acontecimentos com uma rica e extensa galeria de personagens a desfilar por suas páginas. É preciso mergulhar a fundo nos dramas e feridas expostos em cada capítulo para entendermos a real dimensão do que é narrado. Uma obra que facilmente pode entrar para sua lista de favoritos e que certamente vai despertar a curiosidade para conhecer mais do trabalho de Isabel Allende.
Avaliação: 5 Estrelas
A Autora: Isabel Allende filha de diplomata e sobrinha do presidente chileno Salvador Allende, nasceu no exterior, mas tem nacionalidade chilena. Trabalhou como jornalista em periódicos, em revistas femininas e na televisão antes de publicar seus livros. Também foi colaboradora da FAO (Food and Agriculture Organization, órgão das Nações Unidas) em Santiago do Chile.