Sinopse Arqueiro: Anna Fox mora sozinha na bela casa que um dia abrigou sua família feliz. Separada do marido e da filha e sofrendo de uma fobia que a mantém reclusa, ela passa os dias bebendo (muito) vinho, assistindo a filmes antigos, conversando com estranhos na internet e…. espionando os vizinhos. Quando os Russells – pai, mãe e o filho adolescente – se mudam para a casa do outro lado do parque, Anna fica obcecada por aquela família perfeita. Até que certa noite, bisbilhotando através de sua câmera, ela vê na casa deles algo que a deixa aterrorizada e faz seu mundo – e seus segredos chocantes – começar a ruir. Mas será que o que testemunhou aconteceu mesmo? O que é realidade? O que é imaginação? Existe realmente alguém em perigo? E quem está no controle? Neste thriller diabolicamente viciante, ninguém – e nada – é o que parece. (Resenha: A Mulher na Janela – A.J. Finn)
Opinião: Houve um período, por volta das décadas de 1950 a 1960, em que o suspense psicológico esteve em alta nos cinemas com produções que entraram para a história. O grande nome por trás da maioria desses filmes foi o de Alfred Hitchcock, um mestre na arte de contar e adaptar histórias. Vem dessa época obras como Psicose, Um Corpo que Cai, A Dama Oculta, entre outros. Todas originárias de livros, alguns não tão conhecidos do público brasileiro ou fora de catálogo a muitos anos. Esse estilo de contar histórias não acabou, mas é fato que o suspense psicológico perdeu muito espaço para tramas em que a figura de um detetive ou investigador protagoniza a história em sua busca pelo vilão da vez. A Mulher na Janela, lançamento da editora Arqueiro, vem, portanto, suprir essa carência com uma qualidade digna dos grandes clássicos que mencionei acima.
O ponto primordial em qualquer suspense psicológico de qualidade é sua capacidade de envolver e confundir o leitor. A obra precisa se assemelhar a um labirinto em que podemos tomar caminhos diversos, confusos e errados. Às vezes certezas são desfeitas no capítulo seguinte ou dúvidas ganham contornos maiores. O estreante A.J. Finn seguiu a receita e fez de A Mulher na Janela um livro viciante e impossível de largar. Narrada pela cativante protagonista Anna Fox, a obra é de uma leitura deliciosa e nos conduz por sua rotina diária: tomar conta da vida alheia. Presa em casa por conta de uma fobia a lugares abertos, Anna passa seus dias assistindo a filmes, bebendo e cuidando da vida dos vizinhos de forma obsessiva. Tudo isso narrado de forma ágil, com frases rápidas e descrições econômicas. Assim, o livro flui sem se arrastar em nenhum momento.
Ao traçar a rotina de vida, deixando claras as limitações de saúde e problemas com bebida da protagonista, o autor constrói o cenário para lançar a dúvida. Aquele mistério que vai perdurar até as sequencias finais sustentando duas perguntas: aconteceu algo? Se aconteceu, de quem é a culpa? Pronto. Temos em mãos uma das melhores histórias para começar o ano! A partir desse ponto cabe aos leitores a atenção necessária para ir desfazendo os nós e identificando o que pode ser verdade e o que não passa de ilusão. Existem vilões nesse livro ou tudo é apenas fruto de uma mente perturbada?
Para além dos mistérios, alguns inclusive fáceis de serem percebidos muito antes do fim, A Mulher na Janela é uma grande homenagem aos clássicos filmes de meados do século XX. Os capítulos são recheados de referências e citações a diálogos de algumas das principais obras de uma época áurea do cinema. O desenvolvimento da história acaba sendo tão bom que ficamos tentados a ir em busca de alguns títulos para assistir e fazer companhia para a protagonista (cheguei a me perguntar se determinados títulos citados serviriam de pistas para a solução do mistério, mas ainda não verifiquei). Essa aura cinematográfica acaba contaminando tão bem a obra que acho impossível aos leitores não imaginar claramente as cenas como se estivéssemos em um cinema nos tempos do preto e branco.
Os personagens secundários que dão suporte à trama cumprem à risca seu papel de “complicadores” do mistério. Todos com atitudes que mudam da confiança para a desconfiança em poucas páginas. No fundo, ninguém é o que parece e, por mais observadores que possamos ser, o desfecho passa bem longe do imaginado. Um desfecho bem clássico, sem furos e digno de comparação com as grandes obras do gênero.
Para os saudosistas de bons suspenses psicológicos, como eu, A Mulher na Janela é uma grata surpresa. A obra reúne todas as credenciais para ser um dos melhores lançamentos do ano, que está apenas começando heim! Sirva-se de um Merlot, acomode-se na poltrona e tenha excelentes papos com Anna Fox. E lembre-se, ela pode saber mais da sua vida do que você imagina!
Avaliação: 5 Estrelas
O Autor: A.J. Finn Formado em Oxford, A.J. Finn é ex-crítico literário e já escreveu para diversas publicações, incluindo Los Angeles Times, The Washington Post e The Times Literary Supplement. A Mulher Na Janela, seu primeiro romance, foi vendido para 36 países e está sendo adaptado para o cinema numa grande produção da 20th Century Fox. Natural de Nova York, Finn viveu por dez anos na Inglaterra antes de voltar para sua cidade natal, onde mora atualmente.
Acabei de ler e estou ansiosa por novos livros dele! Uma obra que prende do inicio ao fim.
Mais um autor bem promisso na área de suspense… Tb espero novas obras dele! 😉
Essa promissa me pareceu muito com “A garota no trem”. O que você acha?
Jeff, concordo demais contigo. É um livro delicioso de ler e vale muito, muuuuito a pena <3