Sinopse Jangada: O mundo parece estar enlouquecendo! Em toda parte, as pessoas começam a ter visões. Um adolescente francês assiste Joana D’Arc ser queimada na fogueira, e até tenta tirar uma foto com o celular, e a presidente dos Estados Unidos tem visões de seus antecessores dentro da Casa Branca. Ninguém sabe se essas misteriosas aparições são uma espécie de alucinação coletiva, uma doença virótica causada por bioterrorismo ou se são sinais do Apocalipse. Ocorrem suicídios em massa em várias partes do mundo, e o psiquiatra e neurocientista John Macbeth, à frente de um projeto para criar uma inteligência artificial autônoma, busca freneticamente uma resposta antes que seja tarde demais. Ele descobre que a verdade por trás de tudo pode mudar os rumos da humanidade para sempre. E até custar a sua vida. Uma história eletrizante que o fará questionar sua perspectiva da realidade. E até mesmo a sua sanidade. (Resenha: O Terceiro Testamento – Christopher Galt)
Opinião: Somos fascinados pelo desconhecido. A busca em desvendar os mistérios em torno de tudo aquilo que não conseguimos explicar racionalmente vem movendo o homem século após século. Seja escondido em porões, com medo de perseguição e punição, ou em gigantes laboratórios com alta tecnologia, a corrida para conhecer “as verdades do mundo” impulsiona os seres humanos. Mas qual o limite de tudo isso? Quais os perigos podem se esconder por trás dessas verdades? Conhecer o desconhecido é fundamental ou pode trazer riscos à própria sobrevivência?
Em linhas muito gerais, essa é a temática que permeia O Terceiro Testamento, uma ficção científica com ares de apocalipse que facilmente embaralha a cabeça dos leitores em uma trama alucinante. Mas, antes de mais nada preciso deixar claro que este é um livro extremamente difícil de resenhar. A história é complexa e por mais que se escreva, acho impossível conseguir dar a dimensão exata do quão boa ela é. O autor construiu uma narrativa em que os eventos vão se sucedendo de forma frenética com uma maquiavélica intenção de nos confundir. Somos tragados na espiral de alucinações dos personagens e nos perdemos na busca por respostas junto ao protagonista.
Pelas páginas de O Terceiro Testamento, acompanhamos um desequilíbrio total na ordem mundial causado por visões e alucinações de fatos e eras passados, mas ninguém sabe explicar ao certo o que pode estar acontecendo. Os incidentes envolvem qualquer pessoa, a qualquer momento e em qualquer lugar do globo. Eventos assim sempre causam histeria, e diversos suicídios e assassinatos em massa são registrados. Tudo isso, Christopher Galt nos apresenta em capítulos curtos espalhados pelo livro enquanto o protagonista John Macbeth (sugestivo sobrenome) dedica-se a tentar entender quais as origens desse surto. Para completar a trama, há um projeto envolvendo inteligência artificial sendo desenvolvido.
Com essa combinação de ingredientes, O Terceiro Testamento mergulha numa investigação sobre as causas das alucinações à medida que elas só pioram. E é impossível falar mais do que isso, tamanha a complexidade do desenrolar das ações. Uma complexidade que pode afastar muitos leitores porque a quantidade de termos científicos, principalmente relacionados com a física, é absurda. Todas as teorias científicas aplicáveis à trama são usadas com detalhamentos que tiram nossa atenção por se tratarem de assuntos muito específicos. Portanto, ao mesmo tempo que nos envolve a obra também tem seus pontos de tédio em que o interesse é facilmente perdido.
Característica interessante, os personagens não são bem desenvolvidos e, neste caso, isso não é um ponto negativo. A superficialidade com que a galeria de tipos humanos é tratada na obra é plenamente justificável quando levamos o soco na cara da sequência final. Absolutamente nenhum personagem, por mais tímida que seja sua participação, está ali apenas para encher páginas. Tudo é muito bem conectado para conduzir ao ápice do final, que pega totalmente os leitores de surpresa. A obra constrói um mistério que poderia tranquilamente levá-la ao fracasso absoluto se o desfecho não fosse inteligente o suficiente para satisfazer os leitores. Nesse quesito, Christopher Galt acertou em cheio.
O Terceiro Testamento provavelmente vai dividir opiniões entre os que vão conseguir avançar até o final e os que devem abandonar a obra pela metade. Aos que se aventurarem na leitura, aconselho a não desistir e mergulhar de cabeça porque vocês não vão se arrepender.
Avaliação: 4 Estrelas
O Autor: Christopher Galt é o pseudônimo de Craig Russell, autor britânico best-seller, premiado e aclamado pela crítica. Seus thrillers já foram publicados em vinte e três idiomas no mundo todo. Ele é autor das séries Lennox e Jan Fabel, adaptadas pela TV alemã, que atraíram um público de mais de seis milhões de espectadores. Em 2007, Russell foi nomeado para o prêmio CWA Duncan Lawrie Golden Dagger, o maior prêmio literário da Alemanha do gênero policial. Em 2008, ganhou o CWA Dagger in the Library, pelos seus livros da série Jan Fabel. Em 2013, foi nomeado para o CWA Ellis Peters Historical Dagger.
Gostei bastante da resenha sobre O Terceiro Testamento. Quando cheguei na metade,realmente quis deixar de ler..rsrsr
Passado algum tempo, voltei à leitura e estou nas ultimas páginas e concordo plenamente com a analise feita. Estou fascinada pelo final.
leitura para poucos…mas vale a pena!