Sinopse Planeta:  Henry, um engenheiro brilhante, faz a maior descoberta de sua carreira: uma consciência artificial chamada William. Mas ninguém sabe muito bem o que é William. Obcecado pelo projeto e sofrendo de agorafobia, Henry se isola no sótão, afastando-se de todos, inclusive de sua esposa grávida, Lily. Quando os colegas de Lily chegam para conhecer a nova casa do casal, equipada com uma das tecnologias mais avançadas do mundo, Henry decide apresentar William a eles. A partir daí, tudo toma um rumo sombrio e perigoso. Henry e Lily descobrem que as atualizações de segurança, que deveriam protegê-los, na verdade os aprisionaram dentro da própria casa. (Resenha: W1ll1am – Mason Coile)

Opinião: Poderia a Inteligência Artificial desenvolver-se a tal ponto que se tornaria má? Ou será que um robô, dotado de uma super inteligência, não seria um receptáculo perfeito para seres ou espíritos do mal? Estamos prontos para enfrentar os dilemas éticos, espirituais e existenciais que a IA pode trazer?

Chegando às livrarias brasileiras no oportuníssimo momento em que a Inteligência Artificial (IA) ganha cada vez mais espaço no nosso dia a dia, W1ll1am, é um curioso experimento literário que tira a tecnologia do campo dominante da ficção científica e a insere no gênero do terror. E com bons resultados!

Escrita por Mason Coile, pseudônimo do consagrado autor canadense Andrew Pyper, falecido no começo de 2025, W1ll1am inova ao trabalhar os principais elementos das histórias de terror em um cenário pra lá de moderno, bem século XXI mesmo. E o vilão da vez é bem tecnológico e habita uma casa inteligente em que tudo está interligado por sensores, comandos de computador e programas que agilizam e facilitam a vida de seus moradores. Mas, será mesmo?

O casal que protagoniza W1ll1am, Henry e Lily, é tecnológico até a alma. Eles reformaram sua casa e desenvolveram programas de computador de forma que ela fosse extremamente inteligente. Esqueça chaves. As portas se abrem e fecham por comandos de voz. O mesmo vale para o subir e descer das janelas. Há comandos para tudo. É a típica residência que, em parte, já existe e, em outras características, ainda é um pouco inacessível para a maioria das pessoas. O fato é que eles vivem naquilo que dezenas de empresas consideram ser o nosso futuro.

Só que em determinado momento, as coisas escapam de controle. O robô inofensivo que Henry projetou por distração, chamado de William, se mostra inteligente e perspicaz em excesso e desenvolve conceitos próprios que passam bem longe daquilo que a sociedade considera aceitável. E esse robô assume o controle da casa. E assim começa a nossa diversão…

W1ll1am atualiza a pegada das histórias de terror. As mansões mal-assombradas ou casas com histórias sinistras dão lugar a uma casa em que o computador é quem dita as regras. Os barulhos, arrastar de móveis, e cenários obscuros são substituídos por códigos de computador, autômatos em forma de cachorro e chuveiros que são controlados por tecnologia. E, principalmente, os protagonistas são tão apaixonados pela tecnologia que em nenhum momento dão o braço a torcer de que há “mais entre o céu e a terra do que sonha nossa vã filosofia”.

O livro ainda avança na abordagem de questões filosóficas sobre os conceitos de criador, criatura, natureza da alma e a eterna dicotomia de bem versus mal, dessa vez pelo ponto de vista de uma consciência artificial.

“Não é só uma tecnologia inovadora. É uma vida criada por humanos que não é humana. A primeira. (…) Então temos noções muito básicas sobre as implicações filosóficas e morais que ela traz. Mas o aspecto espiritual? Nem tivemos o trabalho de levantar a questão”.

Em tempos em que até Stephen King parece ter dado um tempo no terror para brincar com thrillers, W1ll1am surge como um sopro bem-vindo de originalidade sombria. Faz pensar que o Padre Karras do futuro pode ter que lidar com algo muito mais poderoso do que “apenas” um demônio.

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O Autor: Mason Coile é o pseudônimo de Andrew Pyper, autor de dez romances, incluindo O demonologista, que ganhou os prêmios International Thriller Writers Award, e Lost Girls, best-seller do The New York Times e escolhido como um dos Livros Notáveis do Ano. Pyper faleceu em janeiro de 2025.

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Literalmente um Leitor Compulsivo desses que devora livros aos montes, é fã do mestre Stephen King. Lê de tudo um pouco, mas tem no terror, suspense e ficção científica os gêneros preferidos.

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