Sinopse Arqueiro: O suposto suicídio do policial aposentado Finlay Shaw tira o controverso detetive William Fawkes, conhecido por todos como Wolf, de seu isolamento autoimposto. Enquanto tenta se defender de uma condenação pelos crimes praticados durante o caso Boneco de Pano, Wolf se lança numa corrida contra o tempo para chegar à verdade sobre a morte do amigo. Mal sabe ele que está lidando com questões do passado do policial aposentado que ameaçam pessoas poderosas dentro da própria corporação. Apenas uma força-tarefa unida pelos laços de amizade com Finlay será capaz de solucionar o mistério. Isso se seus integrantes chegarem vivos ao final…. (Resenha: Fim de Jogo – Daniel Cole)

Opinião: Alguns bons anos após a publicação de Boneco de Pano, seu thriller de estreia, Daniel Cole encerra o que ele considera como a trilogia em torno de um conjunto de personagens em um momento específico. Apesar de se sobreporem e terem caminhos se entrelaçando em detalhes, os três livros funcionam de forma independente e trouxeram novos ares ao suspense. A qualidade dos dois primeiros livros perde um pouco do fôlego na parte final, mas, justiça seja feita, Fim de Jogo consegue encerrar esse tal ciclo de forma satisfatória.

Finlay Shaw, o policial que ocupa a galeria de coadjuvantes na série iniciada com Boneco de Pano, é o fio condutor do suspense que encerra essa trilogia. Em Fim de Jogo, vamos desvendar um pouco do seu passado e como isso pode ter influenciado no seu recente suicídio. Mas nem tudo é exatamente aquilo que parece, e os protagonistas Wolf e Baxter vão se desdobrar para encontrar a verdade por trás de muitos mistérios que envolvem diretamente a corporação. O foco desse livro é a corrupção policial e como o envolvimento de membros da corporação com grupos criminosos pode dar muito errado. Mesmo que isso só aconteça muitos anos depois.

Fim de Jogo é um suspense bem menos elaborado que os livros que o antecedem. Navegando entre episódios do passado e a investigação do presente, a história envolve bem menos e perde muito da pegada de mistério e carnificina que caracterizaram a série. Daniel Cole costuma entregar verdadeiros quebra-cabeças aos leitores e aqui não é diferente, só que é um daqueles quebra-cabeças nível fácil, entendem? O próprio desfecho, por mais certinho e sem furos que seja, não empolga tanto.

É aí que entra em cena o conjunto de personagens. Verdadeiras estrelas à parte de todo o suspense, os personagens criados por Cole são cativantes, geram empatia imediata e nesse momento em que já somos bastante familiarizados com todos, conseguem segurar a trama e salvá-la de ser “mais um suspensezinho comum”. O tom de humor, o jeitão descolado e descontraído e as tiradas sarcásticas dão o tom da história. E nesse quesito Emily Baxter rouba pra si as melhores passagens e comentários – é, de longe, minha personagem preferida nessa série.

E por falar em humor… Desde o começo, ele sempre foi um ingrediente marcante da escrita de Cole. Confesso que foi algo que me atraiu bastante porque eu curto personagens sarcásticos e tiradas de humor meio nonsense. Prova disso é que sou apaixonado pela escrita de Caroline Kepnes no seu Joe da série Você. Só que em Fim de Jogo achei que Daniel Cole pesou um pouquinho demais a mão e muitas cenas o humor ficou exagerado demais. Os desenhos feitos por Wolf, por exemplo, bem engraçados e tudo o mais, soam um pouco demais se pensarmos que ele é O detetive fodão. Tipo, que espécie de detetive fodão pagaria alguns micos como aquele? Mas isso é questão de gosto pessoal e eu conto com comentários de vocês sobre isso…

Costumo dizer que trilogias funcionam muito bem nos livros um e três, sendo o do meio aquela ponte de ligação recheada de formalidades e encheção de linguiça. Neste caso, se formos avaliar o trio, o encerramento foi o ponto fora da curva e Fim de Jogo cumpre apenas o papel de dar um destino para os personagens. Nada além disso. A avaliação piora um pouco se decidirmos olhar para o livro como uma obra totalmente independente, livre de sequências. Aí não tem como salvar e a experiência vai ser bem frustrante. Dito isso, não recomendo a leitura isolada de Fim de Jogo. Ele faz parte de uma série e só vai fazer sentido se você conhecer as tramas anteriores. Do contrário, sua avaliação vai ser péssima.

Quando li Boneco de Pano e depois Marionete, percebi que Daniel Cole se tornaria um nome constante nas minhas leituras. Fim de Jogo decepcionou um pouco, mas essa galeria de personagens me conquistou. Ele já trabalha num livro quatro que vai se passar dentro desse universo e eu sinceramente espero esbarrar em mais investigações intrincadas e, principalmente, em vilões tão sádicos quanto os dos livros um e dois.

Em meio a muitas obras que chegam ao Brasil e os autores são logo abandonados pelas editoras, perceber que a Arqueiro tem dado uma belíssima atenção aos que ela publica, nos faz torcer para que Daniel Cole siga firme em seu catálogo porque o suspense aqui vale muito a pena. Aliás, Baxter e Wolf merecem muito ser conhecidos por todos vocês.

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Do Autor leia também:

Fim de Jogo – Fawkes and Baxter#3

Marionete – Fawkes and Baxter#2

Boneco de Pano – Fawkes and Baxter#1

O Autor: Daniel Cole já trabalhou como paramédico, foi oficial da Real Sociedade Protetora dos Animais e membro da Guarda Costeira Real, sempre imbuído do desejo de salvar pessoas – ou talvez movido pela culpa de ter matado tantos personagens em seus textos. Boneco de Pano é seu primeiro livro, escrito originalmente como piloto para uma série de TV, e, nos primeiros dias após o lançamento no Reino Unido e na Holanda, já foi direto para as principais listas de mais vendidos. Ele vive em Bournemouth, na Inglaterra.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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