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Resenha: Até o Último de Nós – Freida McFadden

Sinopse Arqueiro: Claire Matchett vive uma grave crise no casamento e está se sentindo totalmente sobrecarregada pela criação dos dois filhos. Com a viagem de férias que se aproxima, ela vê uma chance de resgatar a cumplicidade com o marido e ter um respiro da rotina estressante. Junto com dois casais de amigos, eles vão passar uma semana em uma pousada de luxo isolada e cercada pela natureza. A apenas três quilômetros do destino, em uma estrada de terra deserta, o carro de Claire morre. Como não há sinal de celular, os casais são obrigados a seguir a pé. O problema é que no meio da mata não é tão fácil se localizar quanto achavam que seria. Depois de algumas horas, o grupo está perdido. Enquanto entram cada vez mais na floresta, eles vão sendo abatidos misteriosamente, um por um. Será que estão sendo perseguidos por algum animal selvagem? Ou estão sendo caçados por alguém do próprio grupo? (Resenha: Até o Último de Nós – Freida McFadden)

Opinião: Um grupo de casais decide passar férias em uma pousada de luxo isolada no meio da natureza. Logo de cara, já se percebe um clima de desconforto entre eles, como se a amizade não fosse tão forte e íntima que justificasse uma viagem conjunta. Mas Claire, a narradora, cujo casamento está desmoronando, acredita que é nesse período, junto a essas pessoas, que ela vai conseguir reatar laços e relações abalados.

Mas antes mesmo de chegarem à pousada, o carro enguiça, não há sinal de celular, e o grupo decide seguir a pé pela mata. A partir daí, começam a ser eliminados, um a um.

Até aqui, poderíamos estar diante de um bom thriller de mistério e tensão. Mas Até o Último de Nós erra em praticamente todos os pontos que sustentam uma narrativa de suspense e se perde completamente em uma escrita que, por vezes, beira o amadorismo. Com cenas bobas e uma galeria insossa de personagens mal desenvolvidos, a narrativa tropeça ainda mais. Quando tudo isso se junta numa sequência de clichês que tentam gerar tensão ou curiosidade, o desastre é completo.

A sensação que tive foi de que Freida McFadden tinha uma ideia vaga na cabeça e, ao colocá-la no papel, não soube como conduzi-la.  O resultado é um amontoado de acontecimentos que mal sustentariam um conto de cinquenta páginas, esticado em mais de duzentas. Falta enredo, profundidade, construção de tensão.

Esse é o terceiro livro que leio da autora e, como em A Professora, percebo uma fórmula preguiçosa tanto na criação quanto no desenvolvimento das histórias. Parece que tudo é pensado apenas para uma diversão superficial.

Não que obras leves ou “fáceis” sejam um problema. Autores como Harlan Coben e Agatha Christie também trabalham com fórmulas. A diferença é o cuidado na execução. A fórmula de Freida, ao menos nesses dois títulos que citei, entrega apenas uma diversão rasa e mal amarrada.

Freida McFadden se tornou um fenômeno obsessivo para editoras brasileiras. São duas as que dividem os direitos de suas obras no país, acumulando traduções em curtíssimo espaço de tempo, numa corrida desenfreada para colocar no mercado tudo que existe da “autora de A Empregada”. Tamanha voracidade só pode ser justificada por um número de vendas acima da média, especialmente se pensarmos em quantos autores com leitores fiéis ainda esperam anos por uma tradução — quando ela vem.

Até o Último de Nós é uma leitura esquecível. Cumpre o papel de entreter — mas até para isso há opções bem melhores. Ainda assim, darei outras chances à autora, até pela quantidade de títulos que seguem sendo lançados no Brasil. Fico no aguardo de comentários que possam me apontar outros pontos de vista e gerar um bom debate por aqui…

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A Autora: Freida McFadden é uma médica especializada em lesões cerebrais com mais de 20 livros publicados, entre suspenses psicológicos e romances médicos. Com A empregada, que já vendeu 3 milhões de exemplares e teve os direitos negociados em 36 países, Freida chegou ao topo das listas de mais vendidos. Mora com a família e seu gato preto em uma casa de três andares centenária, cujos degraus rangem a cada passo e onde ninguém ouve se você gritar. A não ser, talvez, que grite muito, muito alto.

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