Sinopse Alfaguara: Publicado em 1960, A Trégua é o mais famoso romance de Mario Benedetti e uma das obras mais importantes da literatura latino-americana contemporânea. Escrito em formato de diário e com fina ironia, o livro conta a história de Martín Santomé, um “homem maduro, de muita bondade, meio apagado, mas inteligente”. Prestes a completar 50 anos, viúvo há mais de vinte, Santomé mora com os três filhos. Não se relaciona bem com nenhum deles, tem poucos amigos e mantém uma rotina monótona e cinzenta, sem sobressaltos. No diário, conta os dias que faltam para a aposentadoria; mas não tem ideia do que fará assim que se livrar do trabalho maçante. Seu destino, no entanto, mudará quando conhecer Laura Avellaneda, uma jovem discreta e tímida contratada para ser sua subalterna. Com ela, Martín Santomé voltará a conhecer o amor, numa luminosa trégua para uma vida até então triste e opaca. Mas será que essa relação conseguirá ir adiante? Muito mais do que uma história de amor, A Trégua é um questionamento sobre a felicidade. (Resenha: A Trégua – Mario Benedetti)
Opinião: Falar dos sentimentos não é lá um traço comum entre os homens, muito menos entre os nascidos na primeira metade do século 20. Ter o coração aberto à consulta e a mente amparando com reflexões traz uma profundidade ímpar ao enredo de A Trégua.
Nesse romance, o autor narra a história de Martín Santomé, um viúvo que vive em Montevidéu com seus três filhos. Martín está próximo da tão almejada aposentadoria e frequentemente se questiona sobre o que fará com todo o tempo que terá em suas mãos. Certo é que, enquanto esse momento não chega, ele expõe ao leitor toda a sua visão de mundo, abordando desde assuntos cotidianos até os mais engajados.
No entanto, algo que ele não esperava que acontecesse, no auge dos seus 49 anos, era reencontrar o amor. O sentimento começa com dúvida, evolui para uma hipótese e, por fim, alcança a constatação de que, sim, ele estava apaixonado. A jornada de descoberta desse novo amor, em um momento mais tardio da vida, leva Martín a tomar novas atitudes, se abrir a experiências inéditas e, claro, a enxergar-se para além de si mesmo.
Diferente do esperado para o período em que a história é narrada, o seio familiar não apresenta oposições ao novo romance do Sr. Santomé, tampouco é o centro da narrativa. Seus dilemas familiares percorrem outro viés, partindo da identificação paterna, passando pela comunicação afetiva e chegando às diferentes mentalidades.
A Trégua é dividido como um diário, em que o personagem Martín compartilha os acontecimentos do dia e seus pensamentos. Por vezes, a leitura se torna cansativa e morosa. Seria essa a tradução de uma rotina? Ou seria o formato, que divide os momentos em dias, o responsável por passar a sensação de estagnação? Talvez. Ou talvez seja a soma de pequenos outros fatores. Ainda assim, um ponto positivo do livro é sua curta extensão, o que alivia o leitor durante períodos mais enfadonhos da história.
Por fim, mesmo que pareça apenas a história de um homem entrando na terceira idade, o autor levanta uma reflexão sobre a solidão, que nos conecta ao personagem conforme nos aproximamos dos últimos momentos do livro. A história de Martín Santomé já não é só dele, mas nossa também.
Até mesmo para os olhos desatentos e corações fechados, há uma brecha de esperança: a de que a vida pode acontecer além da solidão. E que a verdadeira dádiva está em celebrar os momentos felizes, ainda que a vida nos contemple de outra forma.
Talvez todos nós nos tornemos tristes com os acontecimentos da vida, mas, no fundo, nossa vocação mesmo é ser feliz
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O Autor: Mario Benedetti nasceu em Paso de los Toros em 1920 e faleceu em Montevidéu em 2009. Trabalhou como vendedor, taquígrafo, contador, funcionário público e jornalista. Em 1959, com a publicação do livro de contos Montevideanos, consagrou-se como escritor. E, no ano seguinte, o lançamento de A Trégua lhe rendeu fama internacional. Por questões políticas, abandonou o Uruguai em 1973. Nos 12 anos de exílio morou na Argentina, Peru, Cuba e Espanha. Traduzido em todo o mundo e autor de uma vasta obra, Benedetti é considerado um dos mais importantes escritores uruguaios.
“nossa vocação mesmo é ser feliz”
Que lindo esse trecho!
Já tentei ler esse livro uma vez e não consegui mas pelo olhar dessa sua resenha acho que consigo encarar de novo o desafio kkk Muto bom seu texto, prometo voltar aqui quando conseguir finalizar essa leitura