Resenha: Fumaça Branca – Tiffany D Jackson
Sinopse Seguinte: Mari não vê a hora de recomeçar. Prestes a se mudar com a família para uma cidadezinha no interior dos Estados Unidos, tudo o que a garota quer é esquecer dos traumas e acreditar que o futuro lhe reserva algo melhor. Porém, assim que chega a Cedarville, Mari nota que o lugar é um pouco estranho. Os vizinhos aparentam esconder algum segredo, e a casa onde a família vai morar ― uma construção antiga, enorme e suntuosa ― parece não receber bem os novos habitantes. Quando coisas incomuns começam a acontecer, como luzes que se apagam do nada e objetos que desaparecem, Mari se vê envolvida em uma perigosa teia de mistérios. Mas talvez seja tudo fruto da sua imaginação. Afinal, se o pior já ficou para trás, nada mais pode dar errado… ou pode? (Resenha: Fumaça Branca – Tiffany D Jackson)
Opinião: Histórias de casas mal-assombradas estão entre as minhas preferidas no terror (eu ouvi um Amém, Shirley Jackson! por aí?). A lista de livros que mexeram comigo é extensa e eu considero esse subgênero um dos mais assertivos na produção de tramas marcantes. Mas eis que me deparo com Fumaça Branca, uma obra que tem uma casa pra lá de peculiar, com um passado recheado de mistérios e tragédias e todos os demais clichês que caracterizam essas histórias. Até aqui, nenhum problema. Tudo seguindo seu curso normal, porém…
Fumaça Branca tem uma pegada moderna demais e isso meio que foi um choque para alguém que está acostumado a casas situadas em charnecas, isoladas do mundo e num ambiente em que a chuva parece não ter fim. E toda essa modernidade me tirou um pouco o espírito assustador, mas foi também o charme que fez com que eu devorasse o livro em dois dias. Porque a narrativa de Tiffany é viciante, envolvente e tem pitadas de humor que tanto fazem rir quanto arrancam gargalhadas.
Muito mais do que uma história, Fumaça Branca tem uma protagonista. E isso faz toda a diferença! Mari é uma personagem cativante e que sobra no livro. Ela é uma garota do século XXI, viciada no celular, que utiliza tutoriais do YouTube para qualquer coisa e que tem uma fobia por percevejos (e a autora esmiuça isso de um jeito que arranca as tais gargalhadas que eu mencionei acima). Mas Mari também tem um passado de problemas – uma overdose, que ela está buscando superar. E isso não é fácil quando nem sempre se tem a confiança da família.
Quando eles se mudam para uma nova cidade em busca de um recomeço, as coisas desandam porque a casa parece ter hábitos próprios. A casa parece estar brincando e, no limite, tolerando esses novos moradores. E a cidade também guarda seus mistérios a partir de manda-chuvas que tem muitos segredos e um jeito peculiar de tratar quem não anda na linha. Além de um pregador religioso que faz extorsões abertamente em programas televisivos que não tem como não encontrarmos semelhantes ao nosso redor… Mas será que é isso mesmo ou é apenas Mari vivendo uma ilusão, ainda fruto de seus traumas não superados? Aqui jaz o mistério que temos que desvendar nessa leitura.
“FATO: Percevejos são criaturas noturnas. Eles se alimentam enquanto você está dormindo, pastando em sua pele como vacas.”
O suspense, com leves ares de terror, que Tiffany D. Jackson desenvolve nessa cidade/casa mal-assombrada é bem amarrado e criativo. Ele faz jus a uma velha máxima que diz que o maior perigo nessas histórias de assombrações são os vivos, e não os mortos. A questão racial, que ainda fervilha incomodamente na sociedade norte-americana atual, está presente e é bem pontuada e contextualizada pela autora. Mas é nas sequências de divagações e bom humor da protagonista que o livro tem sua maior força. E isso é simplesmente maravilhoso!
Fumaça Branca garante boas horas de leitura e diversão. Não é um livro para assustar ou deixar ninguém com medo, pelo contrário, ele traz boas lições sobre o quanto o terror pode estar muito próximo de nós, a partir de atos e ações que praticamos, toleramos ou somos vítimas. Divirtam-se e cuidado com os percevejos!
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A Autora: Tiffany D. Jackson é grande fã de cochilos, biscoitos e praias. Mora em Nova York e tem mestrado em estudos de mídia pela Howard University. É coautora de Blackout e autora de Grown, Allegedly, Monday’s Not Coming e Let Me Hear a Rhyme.