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Resenha: A Raiz do Mal – Tove Alsterdal

Sinopse Trama: Todos em Ådalen se lembram do verão em que a jovem Lina Stavred desapareceu. Sem nenhuma evidência ― nem o corpo nem arma alguma foram encontrados ―, a polícia local teve de dar o caso por encerrado. Quando Olof Hagström, um adolescente de apenas 14 anos, confessou ter matado Lina, uma ferida foi aberta entre os moradores da cidade. Vinte e três anos após ter sido enviado para uma instituição e exilado de sua família, Olof retorna para sua casa de infância e acaba se deparando com uma cena trágica: o corpo do pai morto sob o chuveiro ligado. A policial Eira Sjödin tinha apenas nove anos quando Lina foi assassinada, e aquele nome, “Olof”, protagonizou seus mais vívidos pesadelos. Agora, assumindo a investigação do assassinato do pai dele, Eira precisa enfrentar seus medos mais enraizados ― é a chance de desenterrar a verdade que a assombra por tanto tempo, a verdade que todos gostariam de esquecer.  (Resenha: A Raiz do Mal – Tove Alsterdal)

Opinião: Diferente dos suspenses norte-americanos ou ingleses, os thrillers nórdicos, principalmente os vindos da Suécia, possuem uma construção extremamente detalhada das histórias, e as sequências de ação ou grandes reviravoltas não são a válvula propulsora das tramas. Pelo contrário, a ação é pontual e cede espaço para investigações em que dezenas de linhas de raciocínio vão se cruzando para levar ao desfecho ou solução do mistério.

Em A Raiz do Mal, Tove Alsterdal traz duas histórias bem distintas e ao mesmo tempo muito próximas. E tudo vai se desenrolar de forma calma, sem atropelos e com pouquíssimas passagens de tirar o fôlego. A qualidade da obra está no quebra-cabeças bem montado que a autora apresenta aos leitores e numa quantidade absurda de mistérios, segredos e mentiras.

A desaparecimento, e possível assassinato, de Lina Stavred é uma história do passado que assombra os moradores locais pelo fato do crime ter sido cometido por um garoto de 14 anos, Olof. O caso está encerrado, o culpado cumprindo pena e vida que segue.

No presente, Olof, em liberdade, retorna para casa paterna para se deparar com o pai morto na banheira. Um assassinato sem pistas e sem o menor indício de um suspeito. A não ser, talvez, o próprio filho, afinal ele tem histórico, não?

Pronto! Com isso, as cartas estão na mesa e a investigação do presente vai levar a reabertura do caso do passado. E assim a assistente de polícia, Eira, vai se lançar naquela caçada fascinante de rever provas, entrevistar suspeitos, reabrir arquivos e colocar em dúvida os métodos e a eficiência do seu próprio departamento de polícia.

Porque a autora conseguiu produzir uma história em que todas as verdades estão mais ou menos colocadas para os leitores de forma a serem derrubadas, uma a uma, à medida que os capítulos avançam. É um jogo de raciocínio e lógica para ligar os pontos, revisitar cenas e motivações e talvez mudar radicalmente não só o desfecho da história de Lina quanto o culpado pelo assassinato do pai de Olof.

Feito esse resumão geral, vale falarmos sobre a qualidade da escrita de Tove, uma autora que, consagrada na Suécia, chega pela primeira vez ao Brasil. Sua narrativa é de fácil leitura e flui muito bem apesar do detalhamento e da quantidade de informações que os casos rendem. Há muitos caminhos sendo apresentados nesse livro, o que faz a trama ser densa e jogar muito com a percepção dos leitores sobre onde podem estar os furos e as pistas.

E não há personagens cativantes ou simpáticos a nós. Todos ali cumprem um papel básico para o funcionamento da história e são muito, mas muito ambíguos. Há segredos espalhados pra todo lado e isso vai fazendo com que a leitura fique mais empolgante à medida que vamos desvendando os mistérios. Ah, e como última dica para instigar vocês, vou contar que o verdadeiro plot twist desse livro passa bem longe daquilo que nós acreditamos ser o foco da investigação. Há dois casos, dois mistérios, mas há também uma solução que ninguém espera encontrar.

A Raiz do Mal é um livro para apreciadores do suspense nórdico – um dos melhores, na minha opinião, e que valorizam muito mais um embaralhado e complicado mistério a apenas um conjunto de cenas e reviravoltas de ação.

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A Autora: Tove Alsterdal é uma das mais renomadas escritoras de suspense da Suécia. Seus livros foram traduzidos para quase trinta idiomas e ganharam inúmeros prêmios em vários países. Em 2020, com A raiz do mal ― primeiro título de uma série ambientada na Costa Alta da Suécia ―, ela ganhou pela segunda vez o prêmio da Academia Sueca de Escritores de Crime para Melhor Thriller sueco, e, no ano seguinte, este mesmo livro venceu o Glass Key como Melhor Thriller Nórdico. Atualmente, a autora divide seu tempo entre Estocolmo e Ådalen.

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