Sinopse Trama: O ano é 1976, e a cidade de Odessa, no Texas, está prestes a viver um grande crescimento econômico por conta da atividade petrolífera da região. Na manhã do dia 15 de fevereiro, logo quando os primeiros raios de sol atingem o campo de petróleo, Gloria Ramírez, uma menina de apenas 14 anos, consegue encontrar forças para escapar de seu agressor. Ela atravessa o terreno entre bombas de sucção e cercas de arame farpado até chegar à porta de Mary Rose Whitehead, que a partir desse momento terá a vida virada pelo avesso ― não apenas por presenciar a crueldade vivenciada por Gloria, que bem poderia ser sua filha, mas também pelos ecos deste crime, a gota d’água diante das inúmeras violências e injustiças que as mulheres de sua cidade sofrem diariamente há gerações. Pelas igrejas e bares, Gloria é julgada antes mesmo de o caso chegar ao tribunal. Mary e as outras mulheres de Odessa sabem o que está prestes a acontecer. Mas elas também sabem que, desta vez, estão unidas. A coragem é tudo o que lhes resta, e é com ela que farão justiça, não importam as consequências. (Resenha: O Deserto está Vivo – Elizabeth Wetmore)

Opinião: Há duas formas bem diferentes de encararmos O Deserto está Vivo. De um lado, seguir à risca a classificação da editora que o coloca como um thriller. De outro, entender que se trata de um grande drama focado na história de mulheres fortes no Texas dos anos 1970. É fundamental termos isso em mente porque a satisfação com a leitura vai depender demais de como você embarca nessa trama. Vamos conversar um pouquinho sobre isso?

Inicialmente, vamos considerar o que diz a editora Trama ao classificar o livro como um thriller psicológico – na orelha ainda ousam dizer que ele tem ares de thriller jurídico!!! Seguindo esse caminho, preparem-se para uma das piores experiências de leitura do ano. Porque esse livro é qualquer coisa, menos um suspense.

Formado por capítulos que não têm ligação entre si, O Deserto está Vivo é um compilado de crônicas sobre diferentes mulheres e suas perspectivas de vida no ambiente hostil, seco, preconceituoso e xenófobo do estado norte-americano do Texas em fins da década de 1970. Há, sim, um ponto de partida pesado e que aparenta ser o foco da história: a violência sofrida por Glory, uma garota de 14 anos que é brutalmente abusada por um jovem local. Só que na sequência, não há sequência. A história de Glory vai para segundo ou terceiro plano cedendo espaço para capítulos focados em cada uma das mulheres que transitam pela cidade de Odessa, palco da trama.

Embora o caso de Glory seja citado e retomado em um ponto ou outro, a violência por ela sofrida não é o fio condutor do livro. A autora preferiu seguir o caminho de mostrar a realidade de vida daquelas mulheres. Então, vamos conhecer uma viúva ainda aprendendo a lidar com o luto, uma garotinha cuja mãe a abandonou em busca de melhores condições, uma jovem grávida que vai se entregar com unhas e dentes à tentativa de conseguir justiça para Glory, e por ae vai…

Narrado de forma minuciosa e bem elaborada, as muitas histórias de O Deserto está Vivo são brutais e revelam a face de uma sociedade que mudou muito com relação às mulheres, mas que ao mesmo tempo mudou pouco. Certos preconceitos, visões machistas e imposições sobre onde é o lugar da mulher ainda prevalecem atualmente.

Dito isso, passamos a entender que O Deserto está Vivo é um drama humano carregado de relatos e histórias de vida. E se tivéssemos isso em mente lá no início da leitura, principalmente aqueles que compraram esperando um thriller, bom… Provavelmente a experiência seria bem diferente.

Porque a narrativa de Elizabeth é tão arrastada quanto perambular pelo deserto dos campos de petróleo e não sentimos a história avançar. E os relatos das mulheres são flashes, passagens superficiais que duram o tempo de um capítulo. Nada é aprofundado. Como disse, encarei o livro como um compilado de crônicas. E terminei a leitura me sentindo enganado pela editora. Não vale a leitura! Pulem para o próximo!

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A Autora: Elizabeth Wetmore é mestre em escrita criativa pelo Iowa Writers’ Workshop, programa de pós-graduação da Universidade de Iowa. Foi bolsista de renomadas instituições de fomento à arte, como o Fundo Nacional para as Artes e o Conselho de Artes de Illinois, e teve trabalhos publicados em diversos periódicos literários. Natural do oeste do Texas, hoje ela vive e trabalha em Chicago. O deserto está vivo é seu primeiro livro, cuja adaptação para as telas está em produção pela HBO.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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