Sinopse Gutenberg: Lisa Kendal perdeu o ar ao encontrar a casa dos seus sonhos: tudo o que ela mais desejava era um quarto dentro daquela enorme casa em estilo vitoriano. Quando o casal de proprietários a aceitou como inquilina, ela não pôde acreditar na sua sorte. Tudo parecia correr bem até que Lisa encontrou uma carta perdida entre os móveis antigos do seu quarto. O que leu fez algo dentro dela se revirar, deixando-a intrigada: quem era o autor daquela carta suicida? Os donos da propriedade insistem que a jovem é a primeira pessoa a se hospedar ali. Porém, ela sente que estão escondendo a verdade sobre aquele quarto e sobre o homem que esteve ali antes dela. E, à medida que tenta desvendar os segredos do lugar, acontecimentos perturbadores colocam sua sanidade em xeque. Todos parecem acreditar que Lisa está louca. Ela não sabe no que ou em quem acreditar, e quanto mais conecta as peças desse quebra-cabeça, mais se aproxima de uma revelação aterrorizante: naquela casa mora o seu pior pesadelo. Quem será a próxima vítima? (Resenha: Quarto de Hóspedes – Dreda Say Mitchell)
Opinião: Quarto de Hóspedes é o típico suspense em que não precisamos fazer muito esforço para encaixar as peças e, mais ou menos, descobrir alguns dos segredos que a trama esconde. Na verdade, deixando de fora o conjunto das explicações que o desfecho traz, desvendar alguns dos principais mistérios que permeiam o livro é uma tarefa bem fácil. E digo isso já logo na abertura dessa resenha porque apesar de umas boas qualidades, a leitura foi, pra mim, apenas uma sequência de confirmações daquilo que eu já achava mais do que evidente.
Quarto de Hóspedes parte de uma premissa bastante interessante sobre os mistérios que uma garota se depara ao alugar um quarto para viver. Ele parece ter sido palco de um suicídio, mesmo que os proprietários neguem que alguém já tenha vivido ali antes. Os primeiros pontos interessantes na narrativa aparecem quando, de um lado, as regras bem rígidas dos donos são colocadas à mesa, e de outro, a partir do momento que percebemos que estamos lidando com uma narradora instável e que tem um passado de sérios problemas psicológicos. Só que, na minha visão, parou por aí.
A forma intransigente como a trama se desenrola levando a protagonista Lisa aos limites dos limites é forçada demais, mesmo em se tratando de uma jovem desesperada em busca de respostas. A parte ficção desse livro gritou a todo momento de tantas sequências em que a autora forçou a barra para encaixar tudo naquilo que era necessário para ela contar sua história. Não funcionou comigo e o livro rapidamente perdeu o encanto.
Vejam, por mais traumatizada que esteja, e com histórico depressivo e mais algumas dezenas de problemas que Lisa carregue nas costas, nada justifica o conjunto do seu comportamento em dezenas de momentos. Mesmo recebendo a dúvida por parte de todos que à cercam, ainda assim a autora seguiu pelo caminho de desenvolver uma personagem agressiva, impulsiva e com atitudes que foram para além do aceitável. Foi tudo muito exagerado e superlativo. E quanto ao suspense?
Bom, como adiantei logo no começo, muitos dos mistérios que Lisa se depara são facilmente solucionáveis pelos leitores. Basta ter bastante atenção a uma lógica clichê que já conhecemos de outros suspenses e se isso não for o suficiente, a autora ainda ajudou largando boas migalhas de respostas pelo caminho. Tudo muito bem amarrado e explicado, sem ficar nenhum furo.
As quase trezentas páginas de Quarto de Hóspedes foram facilmente devoradas em um único dia. Sim, é um livro tranquilo e simples de ser lido. Mas destaco que em nenhum momento fui consumido pela leitura a ponto de querer saber o que viria a seguir. Apenas, deixei fluir numa tarde livre. E terminei com aquele sentimento de que a história não ficaria muito tempo presente nas minhas memórias literárias. Uma boa comparação? O livro se assemelha aqueles filmes de suspense que seriam exibidos numa sessão da madrugada de domingo na TV aberta. Aqueles que a gente assiste para matar o tempo, mas sem se apegar muito ao que está acontecendo.
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A Autora: Dreda Say Mitchell é uma premiada jornalista, locutora, ativista e autora best-seller. Escreveu onze romances, alguns deles em parceira com Tony Mason – o trabalho desta dupla está sendo adaptado para a TV. Dreda é figura carimbada em programas de rádio e televisão britânicos. Nomeada uma das 50 Mulheres Notáveis da Grã-Bretanha pela Lady Geek em associação com a Nokia, ela foi a presidente do Festival de Literatura Policial de Harrogate em 2011. Nasceu e cresceu no East End de Londres (Inglaterra), onde vive até hoje.