Sinopse Arqueiro: Para Eva Bruhns, a Segunda Guerra Mundial é apenas uma memória nebulosa da infância. Ao fim dos conflitos, Frankfurt estava arruinada, vítima dos bombardeios dos Aliados. Agora, em 1963, a cidade está totalmente reconstruída e Eva espera, ansiosa, pelo pedido de casamento do namorado rico, sonhando com uma vida longe dos pais e da irmã. Porém, seus planos são alterados quando o impetuoso advogado David Miller a convoca para atuar como intérprete nos julgamentos do campo de concentração de Auschwitz. À medida que se envolve com as testemunhas polonesas, Eva começa a questionar seu futuro e o silêncio da família sobre a guerra. Por que os pais se recusam a falar sobre o que aconteceu? Ela ama mesmo o namorado e será feliz como uma dona de casa? Determinada a fazer justiça, Eva se une a um time de promotores empenhado em condenar os nazistas – uma decisão que mudará o presente e o passado de seu país. (Resenha: A Intérprete – Annetthe Hess)
Opinião: Nesse primeiro romance da autora e roteirista alemã Annetthe Hess temos uma história envolvente e dura que se passa no ano de 1963. Eva Bruhns, a protagonista, é uma jovem tradutora e tem seus vinte e poucos anos. Quando começa a atuar como tradutora nos julgamentos Auschwitz começa a questionar as histórias que sempre ouviu de sua família e tem sua vida profundamente impactada pelo decorrer dos fatos daqueles dias que vieram a tona a face mais cruel da humanidade.
Quando os segredos de Auschwitz começam a vir a tona, Eva questiona sua família, seu país e até mesmo a si própria mediante tanta atrocidade cometida pelos seus ao longo do período da segunda guerra mundial. Quem simplesmente finge não enxergar o que está bem abaixo dos seus olhos é responsável pelo alastramento dos terrores da guerra? Os alemães que simplesmente cruzaram os braços e deixaram que tudo ganhasse proporções inadmissíveis tem culpa? E aqueles que diziam apenas “seguir ordens” para não morrerem também são culpados?
Agora em 1963, 18 anos após o fim da guerra, a Alemanha já está reconstruída. Para Eva e toda sua família a guerra em si já faz parte de um passado que todos acreditam que deve ser esquecido. Eva namora Jurgen, herdeiro de uma grande empresa, e aguarda o tão sonhado pedido de casamento, apesar de nem sempre concordarem com tudo. Ao assumir como tradutora dos julgamentos, a protagonista sofre pressões de todos os lados: os pais não aprovam; o noivo que desejava um esposa submissa é visivelmente contra e no ministério público em si ela é vista como uma opção alternativa onde ninguém acredita na sua capacidade.
Apesar das histórias paralelas, o enredo é focado na protagonista e vai mostrando ao leitor como um fato desse pode transformar um ser humano. O conhecimento em si sobre tudo que aconteceu naquela sombria década de 40 e a própria necessidade de mostrar o próprio valor para aqueles que enxergavam nela apenas uma alternativa por falta de opção. O livro fala de amadurecimento e liberdade.
Um livro carregado das emoções de um período tão sombrio da nossa história. Uma leitura necessária para refletirmos sobre os erros do passado e o caminho que queremos para o nosso futuro. A autora nessa estreia literária brinda com maestria o leitor com um enredo importante e uma personagem tão intensa. Vale muito a leitura.
Avaliação: 5 de 5 estrelas.