Sinopse DarkSide: Quando Elsie perdeu o marido apenas algumas semanas após o casamento, achou que já tinha sofrido o suficiente para uma vida inteira. Praticamente sozinha em uma casa enorme e isolada, ela jamais imaginou que os companheiros silenciosos — painéis de madeira que imitavam pessoas em atividades cotidianas —, um dia, seguiriam seus movimentos com os olhinhos pintados. Muito menos que eles apareceriam por conta própria em cômodos aleatórios… com uma habilidade narrativa que transporta o leitor para a época vitoriana — e suas densas neblinas, costumes peculiares, a tão presente discussão entre a ciência e o sobrenatural —, Laura Purcell desenrola uma trama cheia de nuances enquanto Elsie vai abrindo as portas da casa para tentar desvendar o mistério dos companheiros — e do seu passado. O tempo, às vezes, demora a passar no silêncio da casa fria. (Resenha: O Silêncio da Casa Fria – Laura Purcell)

Opinião: Vejo a Inglaterra vitoriana como um dos cenários mais fascinantes para as histórias de terror clássicas… casarões à beira de charnecas ou em meio a vilarejos isolados do mundo, bosques e florestas, o clima úmido conferindo uma atmosfera tempestuosa e sempre propícia para os devaneios da imaginação. Embora essas histórias há muito não façam parte do roteiro dos autores, vez ou outra tropeçamos em livros que resgatam os séculos XVIII e XIX e nos levam para os recônditos mais assustadores das velhas mansões.

Histórias de suspense e terror envolvendo casas mal-assombradas ou com segredos escondidos em sótãos e porões já renderam alguns dos melhores livros que li. Curiosamente, o surto psicológico ao qual os personagens são submetidos é mais aterrorizante que a trama em si. No fundo, as casas funcionam mais como interruptores a levar seus habitantes à insanidade. O terror psicológico é, talvez, aquele que mais tenha força para nos assustar de verdade. Porque ele é mais palpável e qualquer um de nós está sujeito a passar por situação semelhante. Quando nossa mente é fisgada não há espaço para tranquilidade…

Abusando justamente desse terror psicológico, alinhavado com um suspense que se segura até a última página, O Silêncio da Casa Fria foi uma grata surpresa que tive. Tanto pela qualidade da ambientação de época que a autora conferiu à trama quanto pela também qualidade da história. Tudo foi muito bem construído para envolver os leitores em uma espiral de insanidade e dúvidas. Muitas dúvidas. Afinal, a grande interrogação que paira ao longo da história é o que de fato é real, o que é sobrenatural e o que não passa de insanidade?

A protagonista Elsie é levada a habitar a mansão isolada que herdou de seu recém-falecido marido. Uma casa gigantesca, palco de mortes trágicas, e mal vista pelos habitantes do pequeno vilarejo próximo. Elsie, grávida, divide o lugar com sua cunhada e o grupo de três empregadas. Tudo isso naquele maravilhoso clima sombrio que sabemos que vai dar ruim. Porque há segredos pra todo lado. Porque há um passado familiar que ainda ecoa nas paredes. E porque existem “companheiros” que surgem e parecem perseguir os habitantes do lugar.

Companheiro Silencioso

Os tais “companheiros silenciosos” são painéis de madeira com pinturas em tamanho real de pessoas as mais diversas. Extremamente populares nas mansões da época, esses objetos decorativos eram minuciosamente produzidos e imitavam em detalhes bizarramente reais as pessoas. Podiam ser facilmente confundidos com serem humanos e quando começam a se espalhar n’O Silêncio da Casa Fria, podem perturbar a mente da pobre Elsie e talvez a leva-la à loucura. Afinal, o que de fato está acontecendo nesses corredores e quartos?

O Silêncio da Casa Fria é um thriller que vai mesclando passado e presente de forma a explicar aos leitores o drama vivido pelos antepassados do marido de Elsie e os estranhos acontecimentos que perturbam sua paz atual. Como mencionei, a autora teceu uma ambientação sensacional que consegue nos transportar facilmente para o clima claustrofóbico e insano que vai crescendo à medida que coisas estranhas acontecem pela mansão. O uso dos “companheiros” deu o tom original para a trama, fazendo com que ela se diferenciasse de obras que também trabalharam com casas sinistras como A Mulher de Preto, por exemplo. No fim, há inúmeras desconfianças e podemos nos lançar à várias teorias, mas nada nos prepara para o desfecho, maliciosa e deliciosamente bem construído.

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A Autora: Laura Purcell mora em Colchester com o marido e seu porquinho-da-índia de estimação. O Silêncio da Casa Fria ganhou o prêmio WHSmith Thumping Good Read Award de 2018 e foi apresentado nos clubes literários Zoe Ball e Radio 2. Laura Purcell também já foi livreira e escreveu outros romances, como Queen of Bedlam (2014), Mistress of the Court (2015) e The Corset (2018).

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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