Sinopse Arqueiro: Quinhentos anos atrás, Jack fez um pacto com um demônio e acabou condenado a uma eternidade de servidão. Como um lanterna, seu único dever é guardar um dos portais que levam ao reino imortal, garantindo que nenhuma alma se infiltre onde não é bem-vinda. Jack sempre fez um excelente trabalho… até conhecer a bela Ember O’Dare. Há tempos, a bruxa de 17 anos vem tentando enganar Jack para atravessar o portal. Insistente, sem temer os alertas dele, Ember enfim consegue adentrar a dimensão proibida com a ajuda de um vampiro afável e misterioso, e então tem início uma perseguição frenética através de um mundo deslumbrante e perigoso. Agora Jack precisa resgatar Ember antes que os universos terreno e sobrenatural entrem em colapso e se tornem um caos. (Resenha: A Chama de Ember – Colleen Houck)
Opinião: Eu não gostei deste livro por vários motivos. Mas, calma. O que vocês vão ler a seguir é somente a minha opinião e isso de maneira alguma é um ultimato; algumas histórias não funcionam como gostaríamos (o que é o caso) e isso não quer dizer que não vá funcionar para vocês também, até porque Colleen Houck está no mercado desde 2011, publicando livros para jovens leitores e com uma legião de fãs já estabelecida e muito característica. Porém, A Chama de Ember, publicado em agosto de 2019 pela editora Arqueiro, com tradução de Ana Ban, realmente não funcionou para mim e vou explicar os porquês.
– Depois, ouvi os moradores fofocando a respeito de um cavaleiro sem cabeça que assombrava a ponte de pedra, e desde então nenhuma alma, mortal ou não, ousou cruzar o meu caminho.
– Página 100
A ideia original do livro não é ruim – uma releitura moderna do clássico folclore medieval europeu d’O Cavaleiro sem Cabeça. Conhecem a história? Resumidamente, conta-se que existia uma figura decapitada montada em um cavalo, segurando (ou não) a própria cabeça debaixo dos braços. No romance de Houck, tal personagem é um adolescente, Jack, que tornou-se imortal após um pacto para salvar sua cidadezinha e que, desde então, carrega sua energia vital dentro de uma abóbora, sua lanterna, enquanto protege algum tipo de portal para um Outro Mundo. É uma adaptação muito interessante, porque insere mais elementos e mais substância à história. Contudo, o livro desanda depois das primeiras páginas. O começo é perfeito, com uma atmosfera sombria e jovial, remetendo até mesmo à série O mundo sombrio de Sabrina (Netflix). São nas primeiras páginas que acompanhamos Jack em sua jornada de proteção dessa passagem, com seu garanhão de fumaça, enquanto observa uma bruxa crescer e ganhar cada vez mais poder. Ember. Os dois compartilham no início uma química muito boa, que verdadeiramente me pegou de surpresa. Porém, as expectativas foram sendo destruídas uma a uma.
Para começar, fiquei decepcionado com o que a Colleen Houck fez com a Ember. Ela nos é apresentada como uma personagem poderosa, mas sem treinamentos específicos (isso tem um motivo), apesar de ser ainda uma adolescente de 17 anos. Entretanto, para servir unicamente de gatilho para que a história se desenvolvesse, a autora se utiliza da inocência da garota de forma muito intragável, transformando-a em uma simples boneca questionadora e sem personalidade, dando espaço somente para que os personagens masculinos se sobressaíssem – o que não quer dizer que tenham se destacado de forma muito positiva, até porque em várias das vezes eles são autoritários e com atitudes bem problemáticas. Além disso, o romance é ruim e muito mal desenvolvido, já que encontramos aqui não um triângulo amoroso, mas sim um quarteto, algo totalmente dispensável. Talvez a intenção da autora fosse construir uma protagonista inspirada e corajosa e destemida, porém o resultado ficou longe do esperado.
Como se não bastasse o papel frustrante desempenhado pela personagem que dá título ao livro, achei a história em si uma bagunça completa. Mais do que um reconto da famosa lenda, Houck inseriu aqui praticamente todas as criaturas mágicas e sobrenaturais possíveis, com direito a aparições, inclusive, de Frankenstein. Portanto, a viagem interdimensional de Ember ficou extremamente cansativa, enfadonha e forçada, já que, por não conhecer outro mundo além do seu, era necessário que os outros personagens passassem páginas e páginas explicando todas as coisas. Somado a isso, com o tempo a narrativa começa também a ganhar outras vozes, outras subtramas, perdendo ainda mais o controle. A impressão que eu tive foi a de que a história queria ser muito maior do que era, e isso, como já é de se esperar, não vigora. Uma pena!
“Há um preço a se pagar por qualquer magia”, dissera ela. “E não sei se quero pagar um preço tão alto.”
– Página 24
A Chama de Ember recebeu nota máxima de muitos leitores, mas não de mim. Se o restante da história tivesse sido mais contido e tão gostoso de se ler como foram as primeiras 30, 40 páginas, acredito que minha opinião teria sido bem diferente. Apesar de ser bem escrito e bem detalhado, a forma como o conteúdo se desenrola não me conquistou. Não é sedutor e extraordinário, como disseram as críticas. É bobo, encharcado de coisas desnecessárias e com uma personagem feminina inocente até demais.
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A autora: Colleen Houck é uma leitora voraz que adora títulos de ação, aventura, temas paranormais, ficção científica e romance. Ela entrou para a lista de livros mais vendidos do The New York Times com a série A maldição do tigre, que já vendeu cerca de 650 mil exemplares no Brasil. A obra teve os direitos adquiridos pela Paramount Pictures. Também é autora da série Deuses do Egito. Colleen estudou na Universidade do Arizona e trabalhou como intérprete de língua de sinais durante 17 anos. Ela mora em Salem, no Oregon, com o marido e uma imensa coleção de tigres de pelúcia.