Sinopse Fabrica231: A protagonista é Elsa: dona de uma maturidade e inteligência acima da média, a pequena fã de Harry Potter adora corrigir a gramática de todos a sua volta. A única amiga de Elsa é a sua excêntrica avó de 77 anos, capaz de assaltar um jardim zoológico porque a neta está triste, fumar em lugares proibidos, andar nua na varanda e pregar valentes sustos nos seus vizinhos. Quando a avó morre e deixa uma série de cartas pedindo desculpas a todas as pessoas com quem já errou, tem início a maior aventura da vida de Elsa. (Resenha: Minha Avó pede Desculpas – Fredrik Backman)
Opinião: Se enxergamos bem, com aquele olhar que mora lá no fundo da nossa mente, talvez percebamos que a vida é um grande conto de fadas. É possível identificar semelhanças entre a rotina do nosso dia a dia, com sua confusão de sentimentos e relações interpessoais, com reinos dominados por heróis e vilões, monstros e mascotes. Talvez – e esse talvez é mais carregado de certeza do que de dúvida, a vida seja bem mais fácil de ser vivida e os obstáculos de serem superados, se conseguirmos enxergar esse grande conto de fadas. E nada melhor do que o aconchego do lar e da convivência de uma avó para despertar em nós esse olhar imaginativo, fantasioso e corajoso. É um aprendizado que nos molda para sempre.
A avó de Elsa é uma dessas pessoas que conseguem enxergar além. E ela fez questão de mostrar para a neta cada segredo guardado nas nuances da vida, e assim fazer com que a pequena superinteligente pudesse encontrar um refúgio para as dificuldades que logo cedo se impõe à frente de quem é considerado diferente dos demais. E sofre perseguições e consequências disso. Elsa sofre bullying por ser perspicaz demais para a idade. Pense, ela tem apenas sete anos, mas possui um conhecimento que supera, às vezes, o de seus próprios pais. E sua avó, excêntrica por natureza, encontrou no mundo da imaginação uma forma de preparar a neta para o mundo real e suas dificuldades. Mas tudo um dia tem seu fim. E a avó morre.
Como lidar com o luto da perda de alguém que amamos? Como descobrir quem era, de verdade, a pessoa por trás da heroína que nos ensinou a encarar a vida? Como entender que no meio em que vivemos, seja ele um condomínio, um bairro ou uma escola, existe uma variedade de sentimentos, dificuldades, idas e vindas, tragédias pessoais, sonhos abandonados, e que uma palavra nossa pode fazer a diferença? Essas respostas são o legado que a avó deixa para Elsa descobrir por conta própria a partir de uma série de cartas que a levam para desvendar não só seus vizinhos, mas também sua avó. Assim, Minha Avó pede Desculpas é um livro tocante, emocional e de extenso aprendizado. Porque são nos detalhes da nossa trajetória de vida que moram os grandes gestos que mudam as vidas ao redor.
Conheci Fredrik Backman através de Britt-Marie Esteve Aqui (aliás, ela está presente em Minha Avó pede Desculpas). Fisgado por seu estilo narrativo e pela maravilhosa e original história ali contada, decidi avançar em sua obra e desvendei o mundo de Elsa e sua avó excêntrica, mas dotada de um absurdo senso de dever para com o próximo. E encontrei pequenas lições sobre a nossa relação com o outro, o quanto nós podemos ajudar o outro a partir de pequenas ações, e como podemos lidar com o mundo a partir da imaginação. Descobri que a partir do luto e das tentativas de lidar com a ausência de uma figura querida, a avó, é possível crescermos, amadurecermos e mudarmos nossa forma de lidar com todos ao nosso redor. Elsa me mostrou isso.
Backman me surpreende por seu jeito descontraído e coloquial de contar uma história. De fato, é como se ele estivesse sentado num sofá e nós, leitores, à sua volta escutando. Porque a trama flui de uma forma cativante, encantadora e numa montanha russa de sentimentos e acontecimentos. A imaginação se funde ao real para nos mostrar as belezas da vida. A magia de ter sete anos e perder um pouco da inocência infantil para a dura realidade.
Minha Avó pede Desculpas é um livro de avó. Uma história que traz recordações e nos faz viajar nas mais gostosas lembranças. Porque todo mundo tem um causo gostoso envolvendo a casa dos avós. E todo mundo tem, em maior ou menor grau, a experiência da perda e do luto quando tudo isso chega ao fim. E Backman soube traduzir tudo isso em uma maravilhosa obra. Daquelas que a gente lê e relê e nunca se cansa. Porque tem gostinho de saudades. “Porque toda criança de sete anos merece um super-herói”. Talvez nós, adultos, também.
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O Autor: Fredrik Backman é jornalista e escritor. Nasceu em 1981, na cidade de Estocolmo, Suécia. Um homem chamado Ove, seu primeiro romance, se tornou um best-seller com mais de 650 mil exemplares vendidos no mundo. Seus livros já foram publicados em mais de 25 países.