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Resenha: O Silêncio dos Inocentes – Thomas Harris

Resenha: O Silêncio dos Inocentes – Thomas Harris

Sinopse Record: Cinco mulheres são brutalmente assassinadas em diferentes localidades dos Estados Unidos. Para chegar ao sanguinário assassino, a jovem agente do FBI, Clarice Starling, interroga o ardiloso psiquiatra Hannibal Lecter, cuja mente psicopata é perigosamente voltada para o crime. Ao seguir as pistas apontadas pelo Dr. Lecter, Clarice envolve-se em uma teia mortífera surpreendente e assustadora. (Resenha: O Silêncio dos Inocentes – Thomas Harris)

Opinião: Frieza e crueldade são as melhores formas para definirmos as histórias de Thomas Harris. Seus psicopatas são desequilibrados a tal ponto que os atos criminosos extrapolam a simples execução das vítimas para se transformar em jogos de tortura sem limites. Aliás, limite realmente é algo que não existe para seus vilões. É o caso que vamos encontrar no icônico O Silêncio dos Inocentes, livro imortalizado nos cinemas.

Diferente de outras obras do gênero, O Silêncio dos Inocentes não preza pela ação nem pelas reviravoltas de tirar o fôlego. Sua maior característica é a gradual construção de uma trajetória de crimes em que inexiste qualquer pista que possa levar a um nome. A investigação aqui é de inteligência, golpes de sorte e a colaboração inestimável, e talvez surpreendente, de um criminoso celebridade, o Dr. Hannibal Lecter. Embora esteja ligada a um passado exposto no livro Dragão vermelho, a trama d’O Silêncio é única e independe de conhecimento prévio para ser lida. Os crimes aqui são tão doentios que uma mente tão doentia quanto pode ser a ajuda que a polícia precisa para se chegar ao culpado.

Jovem agente ainda em processo de formação no FBI, Clarice Starling protagoniza a caçada enfrentando o desafio mais surpreendente de todos, convencer a própria corporação de que é capaz de encontrar o assassino. Apesar de contar com irrestrito apoio do chefe direto, Crawford, a agente sofre revezes, principalmente no que diz respeito a Hannibal e à sanha de vaidade que move o diretor da clínica-prisão. Em um segundo ponto, ela conquista a simpatia, ou mesmo admiração, do terrível Hannibal e a relação de ambos em sequências de conversas pra lá de instigantes é algo curioso na construção da história. Por fim, a investigação das mortes segue a tiros no escuro em que cada mínima pista custa a conduzir a algum caminho bem-sucedido. Irônico pensar que, no fim, o desfecho vai se dar mais por uma coincidência do que exatamente por uma certeza.

O Silêncio dos Inocentes não foge a nenhum dos chamados clichês que caracterizam o suspense. Esbarramos em todas as características, mas com um desenvolvimento peculiar. Aqui, o perfil psicológico é fundamental. A base da trama se dá na insanidade do criminoso, motivada por justificativas ainda mais desequilibradas. Fora isso, a caçada da jovem destemida em busca de justiça se faz presente daquele jeitinho que os fãs de thrillers amam e devoram. Thomas Harris se preocupa em traçar um histórico plausível que ao mesmo tempo que faz a ligação com um passado em que Hannibal é detentor dos segredos, mantém a originalidade e independência capazes de não prejudicar leitores que não conhecem seu universo.

Embora não seja protagonizado pelo Dr. Hannibal Lecter, O Silêncio dos Inocentes é impregnado por sua presença, mesmo nas sequências mais distantes do círculo do personagem. Nele convergem inteligência, perspicácia, elevado grau intectual, charme para entreter o interlocutor, sangue frio e um instinto assassino cruel e assombroso. É talvez o psicopata mais fascinante que a literatura produziu e que Anthony Hopkins deu vida e imortalizou. Os três outros títulos em que ele aparece merecem ser lidos tanto quanto O Silêncio e sua figura é digna dos altares mais devotos dos amantes do suspense.

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O Autor: Thomas Harris é um escritor norte-americano de romances policiais que fez muito sucesso com o livro O Silêncio dos Inocentes, Hannibal, Dragão Vermelho e Hannibal – A Origem do Mal, sendo que a adaptação de O Silêncio dos Inocentes para as telas de cinema recebeu o prémio Oscar de melhor atriz, melhor ator e outros prémios para os diretores e produtores.

 

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