Resenha: Vermelho, Branco e Sangue Azul – Casey McQuiston
Sinopse Seguinte: Quando sua mãe foi eleita presidente dos Estados Unidos, Alex Claremont-Diaz se tornou o novo queridinho da mídia norte-americana. Bonito, carismático e com personalidade forte, Alex tem tudo para seguir os passos de seus pais e conquistar uma carreira na política, como tanto deseja. Mas quando sua família é convidada para o casamento real do príncipe britânico Philip, Alex tem que encarar o seu primeiro desafio diplomático: lidar com Henry, irmão mais novo de Philip, o príncipe mais adorado do mundo, com quem ele é constantemente comparado ― e que ele não suporta. O encontro entre os dois sai pior do que o esperado, e no dia seguinte todos os jornais do mundo estampam fotos de Alex e Henry caídos em cima do bolo real, insinuando uma briga séria entre os dois. Para evitar um desastre diplomático, eles passam um fim de semana fingindo ser melhores amigos e não demora para que essa relação evolua para algo que nenhum dos dois poderia imaginar ― e que não tem nenhuma chance de dar certo. Ou tem? (Resenha: Vermelho, Branco e Sangue Azul – Casey McQuiston)
Opinião: Pouco mais de 24h foi o tempo que gastei para devorar cada pedacinho desse livro. Acredito que isso já serve como um termômetro para vocês perceberem o quanto essa história fisgou minha atenção, que está visceralmente acostumada a terror e thrillers e nem um pouco habituada a romances. Mas Casey McQuiston conseguiu me conquistar de um jeito… Ops, não não. Na verdade, Alex e Henry é que me conquistaram. Não só eles, como toda a galeria de personagens que faz desse, um dos melhores lançamentos de 2019. Sem exageros!
Imaginem comigo um jovem de vinte e um anos, bonitão, inteligente, bem articulado, e filho da mulher mais poderosa do mundo, a presidente dos Estados Unidos. Um garoto com quase nenhum amigo, que vive no badalado e super vigiado ambiente político norte-americano, e que está totalmente focado em seguir carreira na área. Alex é complexo. Ele sabe detalhes sobre a história política norte-americana, pensa em projetos, entende a dinâmica do Congresso, mas também é um pouco estabanado. Age muitas vezes sem pensar. Não se parece muito com um garoto da sua idade. Poderíamos dizer que ele é maduro demais para a casa dos vinte anos, mas maturidade não é bem a palavra certa. Ela ainda está a caminho.
Do outro lado do oceano, o peso da tradição da coroa britânica se assenta nas costas de todos os que nascem na família real. Naquele universo fechado dos palácios ingleses, a monarquia ainda conserva opiniões, visões de mundo e, principalmente, costumes de tempos há muito passados. Opor-se à tradição é algo difícil e, às vezes, melhor nem tentar. É nesse ambiente que Henry, segundo na linha sucessória, tenta encontrar seu lugar. Aos vinte e três anos ele é o nerd inglês. Charmoso, bonito, dono de um conhecimento intelectual invejável, o garoto também não se parece com alguém da sua idade. Mas aqui, damos um desconto. Ele é, vejam só, um príncipe.
Dois garotos bonitos, amados pelo mundo, sonhos de consumo de milhares de pessoas e que não se suportam. Alex odeia absolutamente tudo em Henry. Acha esnobe e superiores demais suas atitudes e seu jeito de se comportar. Henry parece ser indiferente ao norte-americano. Age, às vezes, como se ele não existisse. E no meio de confusões, tentativas de conserto diplomático e uma corrida presidencial nos EUA em que a reeleição da mãe de Alex está em jogo, os dois são forçados a simular uma convivência que vai se transformar em uma paixão. Está armada a confusão! Ou não…
Vermelho, Branco e Sangue Azul é uma obra madura, extremamente bem escrita, crível, baseada em uma boa pesquisa e fascinante. Não é um romance adolescente, pelo contrário. Apesar de jovens, os protagonistas enfrentam situações, e desafios, muito reais e apresentados com toda a profundidade e seriedade que o tema merece. Casey soube como explorar as nuances de tudo o que estava em jogo ao idealizar um possível, e remoto, relacionamento entre dois herdeiros de potências mundiais. Podemos até falar na força do amor para vencer barreiras, mas há política, interesses eleitorais, tradições monárquicas e praticamente dois continentes envolvidos nessa história. E esse livro dá conta do recado com uma maturidade digna de escritores com bons anos de estrada.
Entre a incontáveis qualidades do livro, e vou buscar ser breve para essa resenha não ser eterna, a construção dos personagens é de longe a mais encantadora. Absolutamente todos eles são minuciosamente pensados e desenvolvidos de forma a gerar identificação junto aos leitores. A ambientação busca, dentro dos limites da ficção, se aproximar o máximo possível da realidade e acerta em cheio. Conhecedor do jogo político, me senti imediatamente envolvido com a disputa eleitoral norte-americana colocada de forma muito clara e bem próxima do que acontece de verdade. Os bastidores políticos foram ponto alto pra mim. Por fim, a forma como o romance é apresentado e vai evoluindo, com o peso de decisões e todos os seus desdobramentos, é segura. Nada aqui é um mundinho perfeito idealizado. Longe disso, o livro se preocupa em mostrar as dificuldades e desafios que dois garotos, com o peso do que está por trás deles, precisam enfrentar para viverem o amor.
“Se houver um legado para mim nesta terra maldita, quero que seja verdadeiro. Para poder dar a você tudo de mim, em todos os sentidos que você me quiser, e para poder te oferecer a chance de uma vida”.
Vermelho, Branco e Sangue Azul tem uma narrativa ágil, envolvente, viciante e hilária. O senso de humor toma conta de diversas situações e arranca gargalhadas – de mim foram inúmeras, que fazem o contraponto ideal para as indecisões e lutas internas que Alex e Henry enfrentam. E ambos são apaixonantes! Entre os erros, acertos e atitudes tomadas por impulso, não há como não se envolver com o amor dos dois e, em certo ponto, se identificar com diversas situações. Vale ressaltar, para os que pensam se tratar de uma obra infanto-juvenil, principalmente por causa da capa, que há sexo dos bons no livro. Lembrem-se que temos dois garotos na casa dos vinte anos e com o tesão à flor da pele.
Escrito antes da disputa que elegeu Donald Trump presidente dos Estados Unidos, Vermelho, Branco e Sangue Azul não é um livro que discute totalmente as ameaças às liberdades que vieram a partir de sua eleição. Contudo, acabou soando com ares proféticos e que servem muito de reflexão para encararmos o que anda acontecendo mundo a fora. Não é possível julgar o caráter de alguém por suas opções sexuais. Não é possível anular toda a carga de conhecimento intelectual de Henry porque ele é apaixonado por Alex. Não é possível deixar de lado todo o potencial político transformador de Alex simplesmente porque ele quer construir uma vida junto com Henry. Não existe cargo, tradição, opinião, lei nem nada que possa anular os direitos individuais de cada um e cabe a todos nós nos mantermos firmes na defesa desses direitos.
Vermelho, Branco e Sangue Azul merece ser lido. Porque ele é um baita livro. Porque ele tem uma trama encantadora. Porque ele tem boas doses de drama, comédia, política, romance, juventude, decisões adultas, reflexões, bebedeiras, sexo. Porque ele tem todos os ingredientes que constroem boas histórias. Porque ele tem Alex e Henry e eles são apaixonantes e vocês precisam se apaixonar por eles como eu e muitos outros se apaixonaram. Porque ele é um dos melhores lançamentos de 2019 e tem tudo para ser o livro favorito de vocês. Então, leiam e compartilhem suas impressões aqui comigo.
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