Resenha: O Destino das Terras Altas – Hannah Howell
Sinopse Arqueiro: Quando o destino coloca Maldie Kirkcaldy na mesma estrada que sir Balfour Murray e seu irmão ferido, ela lhes oferece seus serviços como curandeira. Ao saber que tem em comum com Sir Balfour um juramento de vingança, decide seguir com ele para cumprir a sua missão. Mas ela não pode lhe revelar sua verdadeira identidade, sob o risco de ser acusada como espiã. Enquanto luta para negar o desejo que a dominou assim que viu o belo cavaleiro de olhos negros pela primeira vez, Maldie tenta a todo custo conservar o aliado. Balfour, por sua vez, sabe que não pode confiar nela, mas também não consegue ignorar a atração que nasceu entre os dois. E, ao mesmo tempo que persegue seu objetivo de destruir Beaton de Dubhlinn, promete descobrir os segredos mais profundos de Maldie e conquistar o seu amor. Para isso, não deixará que nada se interponha em seu caminho. (Resenha: O Destino das Terras Altas – Hannah Howell)
Opinião: Eu nunca havia lido romances de época na minha vida, mas não há como negar a febre que existe atualmente quando o assunto é Julia Quinn (uma autora que, inclusive, me recomendam muito) ou qualquer outro nome dentro desse gênero. Não sei dizer quando tudo começou, mas de repente apareceram séries e mais séries narrando, ao meu ver, sempre uma mesma história: uma mocinha indefesa no centro de situações constrangedoras, liberando sua personalidade ácida e muito sarcástica para cima de um rapaz viril que tenta, a todo custo, conquistar sua atenção e seu coração. Posso estar sendo injusto, mas a impressão que eu tenho é que só as identidades dos protagonistas mudam de um livro para o outro, com o início, meio e fim sempre todos iguais. Entretanto, me deparei com “O Destino das Terras Altas“, o primeiro de uma série intitulada Os Murrays (publicada anteriormente no Brasil pela editora Nova Cultural), com tradução de Thaís Paiva e relançado pela Arqueiro, que prometeu, em sua sinopse, guerras entre clãs num contexto de Escócia Medieval. Um pouco indeciso, com os dois pés atrás, eu resolvi dar uma chance, até porque adoro esse período histórico. Porém, não poderia estar mais enganado. Não consegui vencer as primeiras 100 páginas de um livro com 272.
o DESEJO DE AMBOS ERA COMPATÍVEL, E A FOME QUE SENTIAM UM PELO OUTRO TINHA A MESMA INTENSIDADE.
– Página 34
O romance de Hannah Howell, definitivamente, não funcionou para mim e tenho a plena consciência de que eu não sou o seu público-alvo. As primeiras 20, 30 páginas conseguiram prender a minha atenção e até roubarem os meus pensamentos enquanto eu precisava deixar o livro de lado para fazer outras coisas – cheguei até mesmo a desejar me debruçar novamente sobre a história, numa vontade de saber o que aconteceria nos próximos capítulos. A narrativa começa já com um sequestro e uma promessa de confronto, o que me deixou bastante animado, além de que há a inserção da personagem Maldie, que traz um frescor para a narrativa. Porém, quando a química entre essa personagem e Balfour começou, o ritmo de leitura me esgotou. Ler uma página me cansava como se tivesse lido 50, porque a autora encharca seu texto com tantos sentimentos e pensamentos dos personagens que, para a minha experiência, não funcionou de forma alguma. “Destino das Terras Altas” é intenso, porém repetitivo, como se os personagens não saíssem do lugar, como se estivessem em uma balança, não pendendo para lado nenhum.
Como se não bastasse toda essa exaustão, a história em si é um pouco problemática se lida por um leitor munido de uma visão de mundo que temos hoje em dia. Mesmo que o contexto narrativo seja o século XV, concordam que é totalmente plausível construir uma história onde a figura da mulher seja respeitada? Não consigo dizer se o desfecho desse livro traz algo relacionado a isso, mas, até onde eu li, a impressão que eu tive era a de que um romance abusivo estava sendo construído, com direito a homens decidindo o que mulheres devem ou não fazer, sem contar as intervenções físicas propriamente ditas e a culpa por se permitir também ter desejo. A mulher, ali, naquele ambiente, passou a ser um mero troféu, um objeto de conquista. Eu, como leitor, decidi não dar continuidade na leitura porque não concordo com essas situações, além de que, o que realmente havia me interessado no livro, que seriam os embates entre os clãs e toda essa trama política, acabou se resumindo a alguns diálogos.
Maldie Kirkcaldy guardava um ou dois segredos, e ele ia fazer de tudo para descobri-los, mesmo enquanto se esforçasse para satisfazer o desejo que sentia por ela.
– Página 25
“O Destino das Terras Altas” abre uma série consagrada e muito aclamada pelos fãs de romance de época, porém, infelizmente, abandonei. Contudo, quem já consome esse tipo de literatura irá, possivelmente, aproveitar melhor do que eu a história que Howell quer contar. Quanto a mim, bom, pretendo ficar longe desse gênero por um bom tempo.
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A autora: Hannah Howell é americana e autora de mais de 40 romances históricos. Muitos de seus livros são ambientados na Escócia medieval. Ela também publica sob os pseudônimos Sarah Dustin, Sandra Dustin e Anna Jennet.