Sinopse Editora Arqueiro: (Resenha: Um Casamento Americano – Tayari Jones) Os recém-casados Celestial e Roy são a personificação do sonho americano e do empoderamento negro. Mas um dia os dois são separados por circunstâncias imprevisíveis: Roy é condenado a doze anos de prisão por um crime que Celestial sabe que ele não cometeu. Mesmo impetuosa e independente, Celestial é dominada pelo desamparo e busca conforto nos braços de um amigo de infância.
Quando a condenação de Roy é anulada repentinamente depois de cinco anos, ele sai da prisão pronto para retomar a vida com a esposa. Um casamento americano lança um olhar perspicaz ao coração e à mente de três pessoas unidas e separadas por forças além do seu controle, e que precisam lidar com o passado enquanto seguem – com esperança e dor – em direção ao futuro.
Opinião: “Um Casamento Americano“, da autora Tayari Jones, publicado originalmente nos EUA em 2018, chegou esse ano ao Brasil através da Editora Arqueiro com um excelente trabalho de edição. Se a boa sinopse já não fosse suficiente para despertar nosso interesse na leitura, a publicação ganhou credenciais de peso para o leitor: além de prêmios como Aspen Words e um NAACP Image Award, foi uma das leituras de verão do ex-presidente americano Barack Obama e entrou para o clube do livro de Oprah Winfrey.
Na história conhecemos Celestial e Roy, um casal negro de classe média que vive em Atlanta, numa boa casa, com bons empregos e dinheiro suficiente para viver na essência o sonho americano. Porém, nessa história, os sonhos não duram para sempre e durante uma viagem a terra natal de Roy, no interior do estado da Louisiana, quando estão hospedados em um hotel, o rapaz é acusado de um crime que não cometeu.
O tempo passa e Roy é condenado a 12 anos de prisão. Ao longo desse período a autora nos mostra a fragilidade que de um relacionamento que antes parecia ser perfeito e as lacunas que a vida abre quando o dia a dia é interrompido por acontecimentos inimagináveis, mas dentro da realidade, possíveis. Porém, abruptamente, cinco anos depois da prisão o caso é revisto e Roy recupera sua liberdade e precisa lidar com todas as feridas que esse erro causou em sua vida. O casamento perfeito de antes já não existe mais e sua esposa, seguiu com sua vida ao lado de Andre.
A história a todo momento traz a visão dos três personagens sobre os acontecimentos e, ao mesmo tempo que nos deixa confortáveis em conhecer todos os lados, torna a leitura uma pouco cansativa e repetitiva, pois a história demora pra avançar para os acontecimentos seguintes. O que vemos é um jogo de manipulação onde as faces dos personagens após o trauma vão ganhando forma e quebrando um pouco da ilusão que o leitor cria com os perfis apresentados anteriormente. Mas, particularmente, eu realmente entendi essa transformação dos personagens, principalmente do Roy. O cara ficou 5 anos preso sem ter cometido crime, quando é solto e quer retomar sua vida descobre que sua esposa está com outro. Naquele momento, ele só conseguia pensar em recuperar sua vida, mesmo que passasse por cima de seus próprios valores. É muito complicado fazer qualquer avaliação, mas eu realmente entendi, ainda que não concorde com as decisões e atitudes do personagem.
Pra fechar, um ponto me incomodou no livro: o tema dava sinais de levantar uma grande debate sobre o racismo e as implicações dele na vida das pessoas, mas isso passou quase despercebido no livro, se tornando apenas um pano de fundo para discutir a relação do casal ao longo dos ano. De toda forma, vale a leitura do livro, mas sem grandes expectativas.
Avaliação: 4 de 5 estrelas