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Resenha: A Garota do Lago – Charlie Donlea

Sinopse Faro Editorial: Summit Lake, uma pequena cidade entre montanhas, é esse tipo de lugar, bucólico e com encantadoras casas dispostas à beira de um longo trecho de água intocada. Duas semanas atrás, a estudante de direito Becca Eckersley foi brutalmente assassinada em uma dessas casas. Filha de um poderoso advogado, Becca estava no auge de sua vida. Atraída instintivamente pela notícia, a repórter Kelsey Castle vai até a cidade para investigar o caso. E enquanto descobre sobre as amizades de Becca, sua vida amorosa e os segredos que ela guardava, a repórter fica cada vez mais convencida de que a verdade sobre o que aconteceu com Becca pode ser a chave para superar as marcas sombrias de seu próprio passado… (Resenha: A Garota do Lago – Charlie Donlea)

Opinião: Há suspenses de tirar o fôlego com reviravoltas e desfechos surpreendentes. E há suspenses corretos, construídos sob medida para causar certo impacto a partir de fórmulas consagradas. Sensação do gênero desde que foi lançado no Brasil, com um ótimo trabalho de divulgação feito por parceiros, A Garota do Lago segue à risca essa última característica. A partir de uma história muito bem amarada, o autor conseguiu surpreender leitores com um desfecho que os viciados em suspense já conhecem das tais fórmulas consagradas.

Uma típica cidadezinha encravada nas montanhas com o que há de mais rural e bucólico nos Estados Unidos é o palco de A Garota do Lago. O suspense aqui é básico: uma estudante de direito, filha de uma rica e poderosa família é brutalmente assassinada. Em cena surgem três suspeitos: o namorado, o melhor amigo que nutria uma paixãozinha, e o ex-namorado. Nos bastidores, uma força policial movida pelos poderes familiares disposta a evitar escândalos. Na investigação pra valer, uma jornalista recém saída de uma situação de violência e trauma pessoal. A isso soma-se uma narrativa que intercala o passado, com as últimas semanas de vida de Becca, com o presente em cima da investigação de Kelsey.

A narrativa de A Garota do Lago é ritmada e consegue prender bem os leitores, principalmente por se passar naquelas pequenas cidades onde todo mundo sabe algo ou tem tempo e disposição de sobra para futricar. Os personagens secundários que dão sustentação à trama colaboram para gerar a sensação de que há algo mais escondido por trás desse assassinato, contudo, à medida que a história se encaminha para o fim a expectativa acaba sendo frustrada por um final que, mesmo surpreendendo muitos, peca pela ausência de ação. (Em tempo, o desfecho não me surpreendeu e vou explicar o motivo no fim da resenha para evitar spoilers). O autor conseguiu segurar muito bem o segredo da trama, com justificativas amarradinhas e sem furos, mas a sequência final pedia muito, na minha visão pessoal, umas doses de ação e violência que acabaram não acontecendo.

O desenvolvimento da repórter que protagoniza o livro traz a construção de personagem bem pensada para o crime em questão. O passado recente de Kelsey tem fortes doses traumáticas que precisam ser enfrentadas e superadas por ela, e a morte de Becca acaba trazendo tudo isso à tona de forma avassaladora. Uma grande cartada do autor e talvez o ponto alto do livro.

Em uma avaliação geral, A Garota do Lago é um suspense básico e normal. Seu aparente sucesso é mais fruto do excelente trabalho de marketing que a Faro tradicionalmente faz com suas obras a partir de parceiros bem engajados, do que de qualidade ou genialidade. É uma ótima pedida para um fim de semana de entretenimento.

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O Autor: Charlie Donlea vive em Chicago com sua esposa e dois filhos. Um de seus hobbies é pescar em lugares praticamente desertos do Canadá. Essas viagens por estradas paradisíacas inspiraram o cenário para o seu livro de estreia. Ávido leitor, é também apaixonado. Quando decidiu escrever seu primeiro livro, ele se preparou para produzir algo como tudo o que gosta de encontrar nos seus filmes e livros prediletos: uma história capaz de deixar o leitor refletindo sobre ela por muito tempo.

ATENÇÃO – SPOILER ABAIXO

Se você está lendo esse trecho, é porque não se incomoda de saber algo a mais sobre o livro ou talvez já o tenha lido. Vamos, portanto, ao motivo pelo qual o desfecho de A Garota do Lago não me surpreendeu. Bem simples e direto: quando um suspense não apresenta um cadáver ou um enterro, desconfie! O aparente suicídio do amigo de Becca nunca foi colocado de forma literal como um suicídio, tampouco como uma morte. E o mais importante, não houve um corpo nem um enterro. O ex-namorado foi apresentado de cara como alguém instável e problemático, ou seja, seria o óbvio. O namorado atual passaria a ser a aposta, mas quando sua morte é colocada, os leitores viciados em suspense (esses que se apegam a todos os detalhes) acabariam por migrar para… O tal suicida que nunca foi morto claramente no livro. Não tiro os méritos do autor em nenhum momento porque essa é uma das fórmulas consagradas do suspense e que foi muito bem utilizada no livro.

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