Sinopse Círculo do Livro: O casal Keith e Jennifer volta para casa após curtas férias e, atrás de seu quintal percebe uma casa que não estava lá antes: um casarão vitoriano que foi transportado até lá enquanto viajavam. Acontece que a casa não é necessariamente abençoada: ao investigá-la, Keith descobre que o antigo morador assassinou a amante e o cunhado lá dentro. Mas a casa causa certas sensações estranhas nele, justificadas conforme o desenrolar da história. Uma série de acontecimentos estranhos se inicia. (Resenha: 666 – O Limiar do Inferno – Jay Anson)
Opinião: Acho natural a sensação de déjà vu quando lemos algumas histórias de terror que trabalham com temáticas similares como navios, florestas, criaturas ou casas mal-assombradas. No entanto não consigo perdoar essa sensação quando ela acontece com obras de um mesmo autor. 666 – O Limiar do Inferno é nitidamente um livro derivado de Amityville, o que me colocou em xeque a capacidade de Jay Anson de produzir algo essencialmente seu (lembrando que Amityville é fruto de uma história real e trata-se mais de livro-reportagem do que ficção).
Basicamente, como vocês puderam perceber pela sinopse, 666 – O Limiar do Inferno tem um enredo incomodamente parecido com os acontecimentos da famosa casa da 112 Ocean Avenue, e obviamente toda a experiência adquirida por Anson para sua reportagem foram decisivas na construção dessa ficção. O resultado, em linhas gerais, é aceitável. Há um bom mistério, bons toques de terror, mas tudo muito linear em que nada, absolutamente nada no enredo, se sobressai a ponto de ou chamar a atenção dos leitores ou causar medo, asco ou qualquer outra reação. É uma obra de terror diplomática e sem muitas ambições.
O casarão, principal protagonista do livro, surge na vida dos personagens e passa a fazer parte dela daquela forma misteriosa que já estamos acostumados em obras do gênero. A partir daí acontecimentos misteriosos e alguns acasos do destino jogam o casal principal no meio de a) uma trama diabólica com um ser sobrenatural; b) um meio triângulo amoroso que soa deslocado; c) uma sequência de ações que nos levam a um desfecho previsível e nem um pouco assustador. Pra ser sincero, a própria casa não traz nenhum elemento que assuste.
Se pensarmos nas diversas construções que espalharam o terror nos leitores, como a Hill House de Shirley Jackson, pra citar um único exemplo, a casa de 666 é quase infantil em suas ações. E infantil porque faltam no livro elementos de construção que mexam com nosso psicológico. Tanto no desenrolar da trama quanto nas descrições, contextualizações e desdobramentos que, de fato, deixem claro na mente dos leitores que aquilo é muito mais do que um conjunto de tijolos, madeira e cimento esquizofrênicos. Em 666 – O Limiar do Inferno, sobrou burocracia e faltou maldade.
Avaliação: 3 Estrelas
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O Autor: Jay Anson nasceu em Nova York em 1921. Começou como copy-desk na redação do “Evening Journal”, em 1937, e mais tarde, trabalhou em publicidade. Com mais de 500 roteiros de documentários para a TV a seu crédito, ele passou a fazer parte da Professional Films, Inc, morando no Estado de Nova Iorque. Seu primeiro, e mais famoso, livro foi Amityville. Após o grande sucesso desse romance, ele escreveu 666, que também tem como tema uma casa mal-assombrada. Faleceu em Palo Alto em março de 1980.