Sinopse Editora Gutenberg:
Stark McClellan tem 14 anos. Por ser muito alto e magro, tem o apelido de Palito, mas sofre bullying mesmo porque é “deformado”, já que nasceu apenas com uma orelha. Seu irmão mais velho, Bosten, o defende em qualquer situação, porém ambos não conseguem se proteger de seus pais abusivos, que os castigam violentamente quase todos os dias. Ao enfrentar as dificuldades da adolescência estando em um lar hostil e sem afeto – com o agravante de se achar uma aberração –, o garoto tem na amizade e no apoio do irmão sua referência de amor, e é com ela que ambos sobrevivem.
Um dia, porém, um episódio faz azedar terrivelmente a relação entre Bosten e o pai. Para fugir de sua ira, o rapaz se vê obrigado a ir embora de casa, e desaparece no mundo. Palito precisa encontrá-lo, ou nunca se sentirá completo novamente. A busca se transforma em um ritual de passagem rumo ao amadurecimento, no qual ele conhece gente má, mas também pessoas boas. Com um texto emocionante, personagens tocantes e situações realistas, não há como não se identificar e se envolver com este poético livro. (Resenha: Minha Metade Silenciosa – Andrew Smith).
Opinião:
Olá compulsivos, tudo bom? Havia muito tempo que eu não lia um livro do gênero Jovem Adulto. Geralmente eles são muito depressivos e os personagens saem de um estado de estagnação depressiva fortíssima e vão para um plano muito mais feliz e envolvente. A leitura por si só é pesada e cheia de nuances romântica, o que me faz sempre maneirar nas leituras de livros assim. Minha Metade Silenciosa é esse tipo de livro e estou muito feliz por ter tido a oprtunidade de lê-lo.
Antes de tudo quero falar sobre a capa e esse título. Ambos me remeteram a vários pensamentos e o que eu esperaria ali. Sabia pouco pela sinopse, no entanto, queria enxergar se o autor a partir daquele ponto conseguiria me fazer sentir o que envolve esse livro. Com isso tudo, é possível enxergar que teria a minha frente uma história de amor e seus tipos; e principalmente o processo de crescimento do ser humano, que começa a partir do momento que nos aceitamos como somos. Nos sentir aberrações é parte de um processo em que a nossa mente, tempestuosa, tenta nos confrontar se realmente somos ou não seres horríveis, é parte da aceitação.
Na história acompanhamos Stark Mclellan ou como ele prefere, Palito. Um garoto de 14 anos, alto e com uma orelha a menos. É um adolescente que passou uma infância complicada recebendo bullying de seus amigos e surra de seus pais. Na escola em certos momentos tratado como retardo e colocado na sala dos doentes mentais; e em casa descartado pelos pais como um escravo que só recebe surras e gritos. O amor, carinho e atenção são supridos por seu irmão Bosten e a amiga Emily.
Ao lado de seu irmão, Palito consegue viver as grandes aventuras da infância e se sentir seguro. Os dois são companheiros, se amam e se entendem. Possuem uma relação que apenas as trocas de olhares são capazes de se comunicarem, é algo bonito de se ver. Os dois compactuam do mesmo sentimento em relação aos pais e querem apenas se verem livres do lugar que é um lar, mas enxergam como um hospício.
Vivem sobre regras de como levantar, dormir, tomar café, almoçar e jantar. São praticamentes robôs de seus pais que querem que a sociedade de Point No Ponit veem neles uma família feliz e unida. Onde tentam disfarças as dores que são perceptíveis nos traços e na forma como se comportam.
Por outro lado, Emily é amiga de Palito e juntos conseguem se divertir, pensar e tentar montar vacas. Os dois se amam e isso é nitído, em alguns momentos é visível uma aproximação maior que a amizade e a forma como os dois lidam com isso me incomodou muito. Acredito, que por serem apenas adolescentes e jovens de mais, eles estariam longe de mais de entender como o amor funciona. Ainda mais Palito, que não recebe a construção desse sentimento através de seus pais.
É nessa situação que Palito acredita ser feio, que níngém o ama e que ninguém o quer por perto. O seu irmão que é a pessoa que ele mais ama, acredita que recebe a atenção por serem irmãos, por outro lado, acredita que Emily mantém uma amizade com ele porque ela não é popular entre as meninas da escola. Mas, na história, surpreendemente uma personagem é colocada para ensinar a Stark o que é o amor de mãe. Aquele que cuida, que corrige, que ensina e que faz crescer. Tia Dahlia foi muito bem colocada na história e de início eu a julguei como desnecessária. Mas, no decorrer de tudo entendi todo o impacto e a importãncia dela na história.
A vida de Stark é envolvente, poderosa e causa uma grande movimentação em todo o livro. A sua busca pelo amor e aceitação de quem é ele, é interessante e sagaz, até de mais. Pois, eu ainda me sinto desasjustado em relação a esses livros americanos em que adolescentes ou crianças são muito adultas, e que é raro conseguir perceber que são. Os autores e inclusive Smith parecem fazer questão de retirar deles a infância, mesmo com todos os problemas que as cercam.
O livro possuia uma leitura muito fluída e linear. Em alguns pontos é cansativa e precisei parar em certos momentos para respirar e aliviar a mente. Assemelha-se muito com “Uma história meio que engraçada”, “Fãs do Impossível” e ” As vantagens de ser invisível”. Discute muito bem a depressão, a sexualidade e os abusos de uma convivência familiar. É um livro que remete a gente como pessoas, faltosas, cheias de dor e preconceitos. Ele tem um papel de nos facilitar a enxergar quem somos e nos capacita a lutar contra o mal que existe dentro da gente; e mais ainda, se temos forças para aceitar o amor e as belezas que ele oferece. Leiam!
Avaliação: 4 Estrelas