Sinopse Companhia das Letras: Os nazistas capitularam no dia 8 de maio de 1945. Hitler se suicidou uma semana antes, em seu bunker berlinense. Os aliados e os soviéticos festejaram a vitória juntos. Essa é a versão mais conhecida da história. Na realidade, porém, no dia 1o de maio, Stálin ordenou que seus soldados investigassem a morte de Hitler e capturassem o corpo do ditador. O objetivo era buscar evidências da morte do homem ou um troféu de guerra que provasse ao mundo inteiro que seu país derrotara o monstro? Em 2017, depois de dois anos negociando com as autoridades russas, os jornalistas Jean-Christophe Brisard e Lana Parshina tiveram acesso aos dossiês confidenciais referentes à inacreditável perseguição ao corpo de Hitler empreendida pelos espiões soviéticos, assim como aos interrogatórios daqueles que testemunharam os últimos dias do Führer. E o mais importante: Moscou concordou em mostrar pela primeira vez e deixar que examinassem seus restos mortais — um pedaço do crânio com a marca da bala e a mandíbula. Numa investigação digna de um romance de espionagem, os autores colocam um ponto final nos últimos questionamentos a respeito da morte de Hitler. (Resenha: A morte de Hitler – Jean-Christophe Brisard e Lana Parshina).
Opinião: Ao longo dos anos surgiram dezenas de teorias da conspiração sobre o verdadeiro destino de Adolf Hittler após o final da segunda guerra mundial. Se pesquisarmos um pouco vamos ver vários destinos para o ditador responsável pela maior atrocidade da nossa história. Livros, filmes e séries com o intuito de gerar receita ou simplesmente ferir a história de milhões de pessoas afetadas pela guerra, fazem o desfavor de plantar histórias do tipo que Hittler fugiu para Argentina em um submarino e viveu até os 80 anos, poderia estar na Colômbia como afirmou o jornal El Tiempo, em carta publicada em 1948 ou até mesmo, acreditem, no Mato Grosso, onde viveu nas sombras do passado até a sua suposta morte.
Relatos como esses que descrevi acima não foram baseados em nenhum fato concreto, mas serviram para tumultuar a história, praticamente obrigando pesquisadores a provar que o Führer realmente se suicidou no dia 30 de abril de 1945 após o avanço soviético em Berlim. Motivados por essas teorias, os jornalistas Jean-Christophe Brisard e Lana Parshina, iniciaram uma ampla investigação e somente em 2016, após dois anos de investigações, todo o mistério em torno desse tema tão sensível, chegou ao fim: o crânio levado por oficiais do Exército Vermelho a Moscou, em 1945, era mesmo de Hitler. A investigação resultou no livro A morte de Hitler, lançado em 2017 na França e publicado em 2018 no Brasil pela Companhia das Letras.
O livro, dono de uma pesquisa histórica fantástica, relata ao leitor todo o caminho percorrido por Brisard e Parshina para conseguir abrir a história guardada, até então, a sete chaves pelo governo russo. Os autores contam nas páginas todas as dificuldades enfrentadas com a burocracia do Kremlin. Por vezes, vamos da análise do material que está em posse dos jornalistas a uma viagem no tempo para os acontecimentos dos últimos dias do bunker, graças aos depoimentos daqueles vivenciaram presencialmente aquele período.
Os autores fizeram uma tentativa, sem sucesso, de criar um clima de suspense ao longo da história instigando o leitor a buscar mais a leitura, por vezes cansativa, no intuito de encontrar algum fato novo sobre a tão discutida forma como Hittler foi a óbito. Apesar de uma pesquisa rica de documentos, análises e provas concretas, não há nada de novidade que já não tenha sido relatado, como por exemplo, no filme “A Queda”, dirigido por Oliver Hirschbiegel, lançado em 2005.
Nada disso, obviamente, tira o brilho dessa obra definitiva sobre a teoria de morte de Adolf Hittler. Para os fãs de história, esse livro é uma rica obra sobre o capítulo final da segunda guerra mundial. Você pode mergulhar nessa leitura e se deparar com relatos, documentos e um vasto acervo fotográfico que leva a conclusão que jamais deveria ter sido contestada.
Avaliação: 4 / 5 estrelas.
Sobre os autores: O jornalista e repórter Jean-Christophe Brisard realizou vários documentários sobre temas geopolíticos e ditaduras. Ele é o autor de vários livros, incluindo Enfants de dictateurs (First Histoire, 2014). Lana Parshina é tradutora e cineasta. Ela nasceu e foi educada em Moscou. Seus créditos como cineasta incluem um documentário sobre a filha de Stálin em 2008 e A cantora que caiu em 2015. Ela produz e dirige filmes para televisão e cinema.