Sinopse Editora Objetiva : Nas voltas e reviravoltas da vida, lá estão elas, as ironias do tempo, o tema da nova antologia de crônicas de Luis Fernando Verissimo.
Faz tempo que Luis Fernando Verissimo registra em suas crônicas nos jornais toda a poesia, graça e lógica dos principais eventos do Brasil e do mundo. Pensamentos, desastres, sentimentos, escândalos, está tudo ali, acontecendo em tempo real diante dos nossos olhos.
Adriana e Isabel Falcão se debruçaram sobre pilhas e mais pilhas de textos produzidos nos últimos vinte anos para montar esta antologia. O resultado é uma curiosa jornada pelo tempo. Fatos ou comportamentos que pareciam definitivos podem mudar radicalmente; outros impressionam justamente pelo motivo oposto: se mantêm iguaizinhos ao longo de décadas. E nessas idas e vindas que a vida dá, lá estão elas, as ironias do tempo.
Opinião:
Olá compulsivos! Estou com um pouco de receio de falar sobre esse livro, pois, sempre me adianto em relação a autores brasileiros e consagrados como Verissimo. Já li a tempo algumas de suas obras e a maioria das mesmas são marcadas pelo bom humor crítico, sarcástico e observador do tempo como ele é. Ironias Do Tempo é surpreendentemente o primeiro que não me tira muito risos, mas, arranca-me grandes observações.
O livro é uma reunião de vários contos lançados desde a década de 80 e que foram reunidos de forma bem simétrica pelas curadoras Adriana e Isabel Falcão, mãe e filha. Admiradoras de Verissimo e daquilo que ele é capaz de fazer, para elas, reunir esses contos e crônicas para que assim fizessem sentido foi desafiador, como as mesma declararam na apresentação ao leitor.
Poderia citar vários, no entanto o que mais chamou-me atenção foi a crônica de natal. Talvez porque o li antes do natal e essa é uma data que sempre me convém a emoção. Mas é justamente nesse ponto que está a grande ironia do fragmento. Com grande sarcasmo Verissimo coloca um Papei Noel em tempo modernos e tais tempo são escuros ou obscuros.
No citado, temos a grande situação da noite de natal em toda sua magia e o Noel chega para entregar o presente a uma criança que fez o pedido a ele, coloca-se de início todo o charme da fantasia que o natal proporciona. No entanto, o pai incrédulo em situação um tanto desastrosa não acredita nesse conto de fadas e inicia-se um diálogo confuso com o porteiro sobre quem é o intruso na janela de seu filho. Irritado, o pai ordena a saída do mesmo o acusando de querer assaltar a sua casa, levar seu filho, de ser um vendedor querendo arrancar-lhe dinheiro e em um desespero “fake” (adoro essa palavrinha) ameaça chamar a polícia. Noel em toda sua inocência não entende a repulsa do pai e tenta reverter a situação até o momento que ele percebe não ter mais chances de entregar o presente.
A ironia desse conto é justamente a tentativa de mostrar o quão sem magia ou obscuro está o tempo. Como não acreditar no Papai Noel? Em um tempo marcado pelo grande consumismo e a conquista fácil por falta de controle dos pais, acreditar no Papai Noel é um tanto ridículo e isso motra que a magia ficou para trás com a modernidade do tempo.
Ironias do Tempo fala sobre essa perspectiva do mundo e o que ele se tornou. O olhar precisa ser crítico para entender a cronologia das crônicas organizadas com maestria. Para quem curte o sarcasmo e obstrução de toda inverdade do avanço do tempo por meio das palavras de Verissimo, a reunião de suas crônicas é uma boa pedida para uma leitura de um único dia. Leiam!
Avaliação: 4 estrelas.