Sinopse HarperCollins: Quando o destino do mundo é ameaçado por uma guerra iniciada pelo rei Lodavico para depor os Jubardentes da Itrácia e destruir seu reino, cabe a dois órfãos de origem desconhecida restabelecerem a paz. Ainda que ambos sejam motivados pela vingança, suas razões são completamente díspares, não há outro caminho e eles precisarão chegar a um acordo. (Resenha: O Rei das Cinzas – Raymond E. Feist)
Opinião: A ambição é um dos propulsores da tragédia. Ela move os homens a desejarem sempre mais e passarem por cima de tudo que se encontra em seu caminho. Lodavico cedeu aos encantos da sedução do poder e destruiu um reino. Exterminou uma família inteira para eliminar possíveis reclamantes ao trono vazio. Fez da próspera Itrácia um amontoado de escombros e cinzas. Não caminhou sozinho. Houve traição por parte de outros reis, barões e figuras importantes que mantinham o equilíbrio pacífico. A ambição foi temporariamente saciada e os ânimos se acalmaram. Mas na fogueira de Itrácia nem tudo foi queimado.
Consagrado pela A Saga do Mago, Raymond E. Feist dá o pontapé em uma nova série a partir de O Rei das Cinzas, obra que já dá mostras de tons épicos e prenuncia grandes batalhas e intrigas fascinantes de bastidores. A partir de diferentes núcleos de personagens, o livro de abertura d’ A Saga dos Jubardentes funciona como um grande prólogo não só introduzindo e apresentando suas figuras aos leitores, mas também os situando no tênue equilíbrio que mantém o funcionamento pacífico da sociedade.
Os dois protagonistas seguem a clássica receita de serem órfãos, estarem em processo de aprendizado e entrada na vida adulta, possuem dons e habilidades notáveis, além de terem companheiros em que se apoiar, serem dotados de gestos nobres e terem obviamente um calvário de desafios a percorrer. Hatu e Declan são os personagens típicos de qualquer boa saga fantástica e sua construção segue à risca tudo que já estamos acostumados. Ambos não sabem bem suas origens e em breve serão confrontados com seu passado e precisarão tomar decisões das quais não podem fugir. A paz vai depender de seus atos.
O Rei das Cinzas se desenvolve em cima da rotina de vida desses dois personagens em uma narrativa que claramente visa apenas colocar os leitores em familiaridade com a formação desses garotos. Tudo que os rodeia e faz parte de seu cotidiano é exaustivamente contado em cenas interessantes, detalhistas e em alguns casos bem tediosas. Houve um certo excesso de zelo do autor em detalhar muito o ambiente criado e acredito que isso, por mais que tenha feito a leitura se arrastar em alguns momentos, tem sua importância para os próximos volumes da série. Em meio a essa narrativa, dúvidas e mistérios foram semeados a rodo e chegamos ao fim do livro com mais perguntas que respostas, o que já era esperado em se tratando de uma saga.
Ausente de boas cenas de ação e excedendo na contextualização da trama, O Rei das Cinzas é um grande primeiro capítulo de uma história em que uma ordem estabelecida começa a se fragmentar. Através de seus muitos personagens e localidades, vamos percebendo as fissuras que estão corroendo a paz. É fato que uma guerra está a caminho. Ao concluir a leitura, fica nítido que temos um tabuleiro de xadrez com interesses diversos. Várias mãos estão movimentando as peças e em breve esses movimentos vão desencadear reações que mexerão com vidas, fronteiras e religiões. Preparados?
Avaliação: 5 Estrelas
O Autor: Raymond E. Feist é um dos nomes mais importantes da história da literatura fantástica. Nasceu no Sul da Califórnia e, atualmente, vive em San Diego. Foi também em San Diego que se formou, com honras, em Ciências da Comunicação em 1977.
Tendo sido traduzido em mais de trinta países, Mago foi o seu primeiro livro e serve de base para uma vasta obra que tem conquistado, ao longo dos anos, as listas de bestsellers do New York Times e do Times of London. Iniciou em 2018 uma nova série, a Saga dos Jubardentes.
Quando não está escrevendo, Raymond E. Feist é um colecionador de DVDs, estudioso da história do futebol americano, fã de ilustração e um grande apreciador de bons vinhos.