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Resenha: As Duas Trindades – Diego Binotto

Sinopse Viseu: Uma história com muita violência, gore, sexo, ambientada em uma megalópole devastada por um ataque nuclear decorrente de uma guerra mundial e atingida por um incidente inexplicado de zumbificação. Nela uma trindade formada por um General, um cientista e um padre/bispo arroga para si o controle de toda sociedade, instaurando uma ditadura. Para combatê-los, surge um pequeno grupo de artistas e intelectuais dissidentes, que luta por sua própria liberdade, liderados por uma mulher, filha bastarda do padre, um ex contador que perdeu sua mulher e filha e busca vingança e um artista misterioso e amnésico que guarda um grande segredo. (Resenha: As Duas Trindades – Diego Binotto)

Opinião: Na esteira das sagas fantásticas que ganharam amplo espaço no mercado nos últimos anos e felizmente estão desembarcando todas no Brasil, embora com alguns atrasos, As Duas Trindades é uma obra nacional que explora a disputa pelo poder em um mundo devastado. Como a sinopse aponta, temos dois trios bem distintos e peculiares nesse embate. De um lado, o que eu chamaria de classe dominante representada por exército, ciência e religião. Contra eles encontram-se tipos mais populares e da área artística. A obra vai detalhar a disputa dessas duas trindades.

A ideia central de As Duas Trindades é promissora e promete uma pegada similar à das space operas, contudo, o desenvolvimento esbarra em algo que identifiquei como muito comum em diversos livros independentes no Brasil, a linguagem. Como em qualquer país, temos uma academia com presença muito forte a julgar o que é literatura boa ou ruim. Certos gêneros literários ou estilos de obras são facilmente descartados pelos senhores-donos-da-verdade-sobre-o-que-é-qualidade. Em contraponto a isso, quanto menos sucesso e mais difícil uma obra se mostrar, maiores são as chances de ela atrair os aplausos daquela minoria que orbita o desconhecido ambiente do Trianon tupiniquim. E assim a vida segue seu curso, sem prejuízo para nenhuma das partes. O problema aparece quando essa linguagem mais elevada acaba sendo incorporada pelos autores em suas obras de gêneros mais populares.

No caso de As Duas Trindades, uma história que mescla o distópico com a ação, a escrita caminhou pelo lado extremamente acadêmico com frases pra lá de rebuscadas e que tiraram completamente o ritmo da leitura. O excesso de palavras “difíceis” para descrever cenas ou situações simples resultou em uma obra complicada de envolver o leitor e, em alguns casos, necessitou da consulta a dicionários para facilitar o entendimento. Neste caso, a história promissora afastou a atenção e transformou a leitura em um desafio.

Pessoalmente, acredito que no campo da ficção científica, thriller, terror, suspense e demais gêneros mais populares, a linguagem precise dar sustentação para a velocidade da narrativa de forma a envolver, despertar curiosidade ou simplesmente prender a atenção dos leitores. Há exceções como Michael Crichton ou Robin Cook, por exemplo, que trabalham termos científicos ou médicos de forma que o conjunto da história não seja prejudicado e fique facilmente entendível. Mas no geral, principalmente no Brasil em que esses gêneros ainda engatinham e não possuem uma forte tradição, é preciso um meio termo que permita que a obra, de fato, atraia a atenção e o gosto dos leitores.

As Duas Trindades tem história, cenas e personagens bem desenvolvidos, infelizmente peca na forma como sua narração se deu. Aos leitores que embarcarem na obra, deixem comentários e tragam sua visão para debatermos aqui.

Avaliação: [yasr_overall_rating]

 

O Autor: Diego Binotto natural de Ronda Alta, RS, nascido em 15 de janeiro de 1985, atualmente residente em Chapecó SC, é professor de Filosofia em duas escolas estaduais, formado na referida disciplina pela Universidade Comunitária Regional de Chapecó, UNOCHAPECÓ, no ano de 2008, com pós graduação em Literaturas do Conesul pela Universidade Federal da Fronteira Sul, UFFS. Leitor inveterado, adquiriu o hábito de ler com hqs, gosto que se mantém até hoje, mas, gradativamente, foi mudando suas preferências, passando a admirar o trabalho de grandes mestres, tais como Kafka, Camus, Sartre, Dostoieviski, conhecendo e se apaixonando pelos escritos de Ernesto Sábato, romancista argentino, durante sua pós.

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