Sinopse Arqueiro: O general Dun-Cadal foi um dos maiores heróis do Império, mas hoje não passa de uma sombra do que foi, embriagando-se no fundo de uma taberna. Traído pelos companheiros e amargurado pelo desaparecimento de seu jovem aprendiz, Dun-Cadal não quer mais saber de política, batalhas, pessoas. É justamente ali, na taberna escura, que a jovem historiadora Viola vai encontrá-lo. Ela procura a Espada do Imperador, uma relíquia desaparecida no caos da revolução que derrubou a monarquia, teoricamente escondida por Dun-Cadal. Viola também espera descobrir quem é o assassino sem rosto que começou a agir na cidade, matando os antigos companheiros do general, que viraram as costas aos seus ideais para aderir à nova República. Graças à moça, o velho guerreiro vai vasculhar as lembranças de uma vida de glória e seus mais terríveis arrependimentos. À medida que ele conta sua história, os fantasmas do passado vêm à tona, reacendendo antigos rancores e a sede de vingança de um homem que se entregou ao caminho da fúria. (Resenha: O Livro e a Espada – Antoine Rouaud)

Opinião: O Império está ameaçado por revoltas. Os defensores da República se multiplicam não só nos domínios longínquos, mas também na sala ao lado. A luta pelo poder nunca é honesta, tampouco justa. A ambição move os atos de nobres e militares. O povo é um joguete nas mãos de quem melhor sabe jogar. A vingança move objetivos de vida e dificilmente é aplacada pelo correr dos anos. Acima de tudo isso, a honra e a lealdade cismam em persistir. Por mais que tudo ao redor ameace esfarelar, ainda há homens que valorizam sua honra, seu nome e os ideais que um dia juraram defender. A combinação de todos esses elementos não só resume, como faz de O Livro e a Espada um dos melhores lançamentos do ano.

Quando a sede pelo poder começa a falar mais alto e um Império não atende mais aos anseios de quem o sustenta, poucos são aqueles que persistem até o fim. Talvez somente uma pessoa: Dun-Cadal Daermon. O general é um personagem inesquecível e que encarna os principais valores já perdidos ou não tão mais valorizados assim. Já velho e entregue à bebida, ele vai nos conduzir pelos caminhos de sua memória para reconstituir os últimos passos do Império, um reino fictício, mas com boas doses de inspiração na realidade. Alternando passado e presente, em mudanças sutis que acontecem entre um parágrafo e outro, o que exige atenção dos leitores, a narrativa que acompanhamos é vigorosa, poderosa, fascinante. Os capítulos versam sobre a formação de homens, cavaleiros, nobres e também sobre a podridão de seus atos. Lealdade e traição convivem lado a lado e num vai-e-vem de reviravoltas, as emoções e surpresas nos tiram o fôlego a cada virada de página.

Em um segundo momento, a figura do pupilo, o protegido Rã e os conflitos de sua formação. Protagonista das principais reviravoltas e dos momentos mais decisivos do livro, Rã é um personagem que tem muito a contar e com ele mergulhamos nas profundezas da formação humana, nos recônditos mais particulares e que não é dado a ninguém conhecer. Sua figura pode soar controversa, seus atos podem soar errados ou extremamente justos, mas ele consegue nos conquistar e dele esperamos o futuro, a partir do próximo livro da série.

Para além de tudo isso, Antoine Rouaud construiu um romance de cavalaria com pitadas de suspense e fantasia para fã nenhum colocar defeito. As batalhas, treinamentos, guerras, complôs, dragões e assassinos misteriosos… Tudo está ali e nada é gratuito. O enredo se desenrola e vai nos fisgando a cada novo acontecimento, ou melhor, reviravolta. Elas são muitas e servem para atiçar o fôlego. O Livro e a Espada não tem momentos arrastados. Há sempre algo sendo tramado na página seguinte e isso nos leva adiante até um desfecho correto. Não falta nada e não há excessos.

O Império está ameaçado. A República está à espreita. Batalhas se desenham no horizonte. O Livro e a Espada vai te conduzir por esses caminhos. Há muito aprendizado nestas páginas. Deixe-se levar por elas…

“Chega um dia em nossa vida,
o cruzamento daquilo que fomos
com aquilo que somos e aquilo que seremos.
Neste momento, ao término de tudo,
é que decidimos qual será o nosso fim.
Com orgulho ou vergonha da trajetória percorrida.”

Avaliação: 4 Estrelas

O Autor: Antoine Rouaud nasceu na França em 1979 e passou a infância escrevendo histórias, imaginando roteiros e compondo canções antes de entrar para o mundo do rádio. Hoje em dia ele é redator e trabalha com premiadas radionovelas. O Livro e a Espada foi indicado ao David Gemmel Awards como melhor estreia literária.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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