Sinopse Editora Contexto: Os nazistas, responsáveis pelo Holocausto durante a Segunda Guerra Mundial, foram exemplarmente punidos após a derrota alemã, certo? Não foi bem assim. Muitos desses carrascos desfrutaram o resto da vida em liberdade, em vários cantos do planeta, como se fossem parte da mesma sociedade civilizada que eles tanto se esforçaram em destruir. Eram vistos como vizinhos pacatos, cidadãos de bem. E isso só foi possível porque, aos olhos de muita gente, o “passado” deveria ficar no “passado”. É essa história de impunidade que o historiador e jornalista Marcos Guterman conta. (Resenha: Nazistas entre nós – Marcos Guterman).
Opinião: Klaus Barbie, Josef Mengele, Albert Speer, Franz Stangl, Gustav Wagner e Adolf Eichmann. Você deve estar se perguntando o que esses nomes tem em comum, certo? Todos são criminosos de guerra, responsáveis por participarem de um dos períodos mais sombrios da história da humanidade, quando mais de 5 milhões de pessoas foram assassinadas das mais diversas e cruéis formas durante a Segunda Guerra Mundial. Todos eles seguiram suas vidas praticamente sem qualquer tipo de punição por terem feito parte da crença nazista que eliminava minorias que não eram consideradas puras pelos seguidores de Hitler.
Quem me acompanha aqui no Leitor sabe que eu sou um grande curioso sobre as histórias da Segunda Guerra e sempre busco consumir livros, filmes e séries que tragam à luz tudo o que de fato aconteceu durante os seis anos em que a humanidade esqueceu completamente o que fato significava a palavra humanidade. Em diversos documentários, via relatos de nazistas famosos por suas atrocidades e não compreendia como poderiam estar em entrevistas e relatando toda a sequencia de fatos sem qualquer tipo de remorso ou sinais de punição por parte da justiça internacional. Na obra Nazistas entre nós, do autor Jornalista e Historiador, Marcos Guterman, publicado pela Editora Contexto, conhecemos os detalhes de como criminosos de guerra reconstruíram suas vidas em vários países, inclusive no Brasil, como cidadãos de bem.
O livro é uma obra prima histórica, que deveria ser apresentado em todas as salas de aula do país. Guterman consegue aliar o tom acadêmico a sua escrita jornalística, tornando toda a leitura muito interessante. De forma muito didática apresenta o perfil de cada personagem escolhido e despeja como fogo no leitor a indignação de como foi possível a sociedade fechar os olhos e aceitar, passivelmente, que nada fosse feito para corrigir os danos causados a milhões de judeus que passariam os anos seguintes à guerra sofrendo e tentando se reintegrar a uma sociedade que, por muitas vezes, parecia preferir que todos tivessem de fato sido exterminados durante os anos de campos de concentração.
Os relatos e levantamentos históricos desse livro foram escritos para causar choque e, lamentavelmente, a dor da indignação por tudo o que a nossa sociedade não foi capaz de fazer. Um dos relatos que mais me chocou, confesso que ainda não tinha me aprofundado nesse ponto anteriormente, foi o fato de que após a guerra milhares de judeus buscaram refúgios em diversos países, uma vez que, ao voltarem para suas casas essas estavam ocupadas por outros cidadãos. Durante esse período, os Estados Unidos sistematicamente negou visto para qualquer pessoa de origem judaica, mas concederam visto a mais de 10 mil nazistas, que passaram a habitar no país como refugiados de guerra.
A Segunda Guerra Mundial deve ser lembrada a cada momento. O motivo é simples: jamais devemos esquecer do que fomos capazes no passado, para não repetirmos os mesmos erros no futuro. No momento em que nos damos conta de que não houve qualquer tipo de punição para o responsável por praticar atrocidades, conhecido como Anjo da Morte; o outro que simplesmente implementou as mais cruéis práticas de tortura ou o homem que estava construindo a Germânia, cujo objetivo seria tornar-se a capital do “novo mundo limpo”, devemos fazer uma reflexão profunda sobre a sociedade que fomos, a que somos hoje e que desejamos para o nosso futuro. Nazista entre nós, mostra o quanto somos omissos e preferimos seguir o caminho mais fácil quando se trata em punir quem realmente nos agride.
Dica de Série Documentário: Em Auschwitz: The Nazis and The Final Solution, disponível na Netflix, em 06 episódios de 50 minutos, você acompanha relatos e depoimentos de vários personagens que causaram e sofreram a crueldade da política de extermínio alemã.
Avaliação: 5 de 5 estrelas