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Resenha: Matem o Presidente – Sam Bourne

Sinopse Record: Um plano para matar o presidente e um dilema moral unidos em um thriller explosivo. Aquilo que ninguém acreditava aconteceu… Os Estados Unidos elegeram como presidente um homem instável, machista e demagogo, apoiado por seu implacável estrategista, Crawford McNamara. Quando uma guerra de insultos com o regime da Coreia do Norte foge do controle e leva o presidente a ordenar o lançamento de um ataque nuclear, o que coloca em risco o mundo inteiro, fica claro que alguém precisa agir antes que a humanidade seja reduzida a cinzas. Assim, quando Maggie Costello, uma experiente funcionária de Washington e fiel aos seus princípios — completamente opostos aos do atual presidente —, descobre um plano dentro da própria Casa Branca para matar o presidente dos Estados Unidos, ela se depara com um grande dilema moral: ela deve salvá-lo, deixando o mundo à mercê de um tirano desequilibrado, ou trair seu comandante em chefe e arriscar lançar o país em uma guerra civil. (Resenha: Matem o Presidente – Sam Bourne)

Opinião: Thrillers políticos não são novidade – o próprio Sam Bourne já escreveu outros livros que enveredam por esse temática e possuem um pé bem fincado no mundo real, porém um thriller tão bem conectado com a atualidade a ponto de parecer uma roteirização do mundo ao nosso redor me parece pouco comum de ser ver. Matem o Presidente pode ser lido tanto como uma ficção com coincidências com a realidade quanto como uma obra claramente inspirada na situação política dos Estados Unidos e, talvez, com alguns trechos proféticos.

Pensem que os Estados Unidos elegem como presidente um empresário de sucesso, machista, preconceituoso, contrário a imigrantes e com um discurso extremamente populista. Considerado azarão, ele surpreendeu a todos na abertura das urnas e, agora, governa como se vivesse em seu Twitter, amparado pelas Fake News numa era de pós-verdade e com políticas perigosas para com o mundo, em especial a Coréia do Norte. Parece o noticiário do Jornal Nacional, certo? Pois este é exatamente o roteiro de Matem o Presidente. Com o acréscimo de que a obra foca num plano para eliminar o líder norte-americano, engendrado dentro da própria Casa Branca.

A princípio, o livro pode parecer oportunista. E seria, se seu foco fosse somente uma mera trama de assassinato com inspirações na realidade. Mas nas mãos de um bom autor e, neste caso, um também bom jornalista, a obra ganhou contornos interessantes chamando atenção para problemas concretos que vivemos a cada clique, like ou retweet que damos. Para além do suspense tradicional com o mistério em torno do plano de assassinato do presidente, Sam Bourne insere nos diálogos de seus personagens temas que preocupam e geram cada vez mais controvérsia no mundo. Os blogs especializados em espalhar notícias e escândalos, falsos, para influenciar a opinião pública; a “verdade” que passa a ser manipulada para convir aos interesses do momento; os militantes que acreditam e compartilham qualquer informação, por mais absurda que seja; o uso da estrutura do governo para benefícios pessoais; etc etc etc. Tudo isso é bem debatido nas páginas de Matem o Presidente e é isso que confere à obra uma qualidade excepcional.

No campo do suspense, todas as características básicas que esperamos estão presentes e são muito bem desenvolvidas. A narrativa tem ritmo e envolve facilmente. Foram as quatrocentas páginas de leitura mais rápidas que tive. A trama é bem amarrada e conduz para um desfecho sem surpresas, mas dentro da única solução possível. A protagonista Maggie Costello, já velha conhecida de livros anteriores do autor, segue sua excelente construção, fruto da mente de alguém que conhece bem os meandros de Washington.

Matem o Presidente pode não ter o mesmo vigor de outros livros de Bourne, mas não decepciona e entrega um excelente thriller para os fãs do gênero. Em um ano recheado de suspenses perfeitos, a obra vem para fechar com chave de ouro o catálogo de publicações.

Avaliação: 5 Estrelas

O Autor: Sam Bourne é o pseudônimo do premiado jornalista inglês Jonathan Freedland. Ele assina uma coluna semanal no Guardian desde 1997 e trabalhou como correspondente internacional da publicação em Washington. Matem o Presidente é o sexto romance do autor. Seus livros venderam mais de 2 milhões de exemplares pelo mundo e foram traduzidos para mais de trinta idiomas.

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