Sinopse HarperCollins: Nora Watts possui um talento único: quase sempre consegue dizer quando alguém está mentindo. Por isso é tão boa em seu trabalho como pesquisadora e investigadora particular de uma pequena firma. Ela é durona e esperta, duas qualidades que desenvolveu para sobreviver a uma infância terrível. Largada pelos pais, ela passou por todo tipo de abuso e traição ao longo da vida, e carrega feridas invisíveis e um coração cheio de raiva. Quando um casal pede ajuda para encontrar sua filha desaparecida, ela decide intervir. Nora sabe os perigos que as ruas escondem. Porém, sua investigação toma um caminho terrível quando descobre que Bonnie, a adolescente sumida, é a filha que a própria Nora entregou para adoção anos atrás. Agora, ela deve entrar no mundo implacável do mercado negro e do tráfico de pessoas – um lugar no qual a riqueza e o poder estão acima da moralidade. (Resenha: Aqueles que Perdemos – Sheena Kamal)

Opinião: Aqueles que Perdemos é um livro curioso. Suas maiores qualidades não têm absolutamente nenhuma relação com o que encontramos normalmente em obras de suspense. Ou seja, embora tenha uma excelente narrativa, o livro não flui nem nos envolve naquilo que ele se propõe a fazer.

Em síntese, a trama de Sheena Kamal acompanha a busca da investigadora Nora Watts para encontrar uma adolescente desaparecida. Essa garota, por acaso, é a filha que Nora entregou para adoção após eventos trágicos em sua vida. Ambas não se conhecem e não há nenhum laço afetivo que as conecte. As pouco mais de trezentas páginas vão seguindo, portanto, a investigação, que é narrada pela própria Nora. É aí que entra em cena a maior qualidade do livro. A narração em primeira pessoa em conjunto com uma protagonista extremamente bem criada ficou sensacional! O bom humor, às vezes ácido, de Nora faz o livro fluir em uma velocidade impressionante e confere uma leveza incrível para a história.

Ao lado de Nora figura uma personagem que poderia ser secundária, mas que rouba as cenas a todo momento: a cadelinha Whisky. Nora e ela mantém uma convivência quase literal, com a cadela expressando pontos de vista, aflições e preocupações. É outra qualidade que nos faz rir e colabora para o tom descompromissado e leve da obra.

Essas características juntas fariam de Aqueles que Perdemos um excelente livro se sua premissa não fosse a de um thriller investigativo. Não que o bom humor atrapalhe, pelo contrário, não vejo problema nenhum em obras de mistério com tons ou tiradas cômicas. O calcanhar de Aquiles do livro está precisamente no fato de que sobra leveza e descontração e falta aquele tom sério que envolve o leitor em torno do mistério, do suspense, da investigação. O conjunto da trama é tão light que as partes mais dramáticas ou tensas acabaram não surtindo efeito e passando batidas.

O resultado geral é que Aqueles que Perdemos me divertiu muito, serviu de intervalo entre leituras mais envolventes, e só! E pra piorar, a explicação para todo o ocorrido, bem como as sequências finais, não convenceram. O tal mercado negro com tráfico de pessoas citado na sinopse ficou devendo aparecer de forma mais real e convincente. Entre altos e baixos, a ótima escrita da autora e seu bom domínio dos personagens acabam por salvar o livro do fiasco completo. Vale a leitura, se você não tiver nenhuma outra opção na lista.

Avaliação: 3 Estrelas

A Autora: Sheena Kamal nasceu no Caribe e imigrou para o Canadá ainda criança. Seu primeiro romance “Aqueles que perdemos” é inspirado em seu trabalho mais recente como pesquisadora em jornalismo criminal e de investigação para o setor de cinema e televisão.

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Jornalista e aprendiz de serial killer. Assumidamente um bookaholic, é fã do mestre Stephen King e da literatura de horror e terror. Entre os gêneros e autores preferidos estão ficção científica, suspense, romance histórico, John Grisham, Robin Cook, Bernard Cornwell, Isaac Asimov, Philip K. Dick, Saramago, Vargas Llosa, e etc. infinitas…

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