A Tordesilhas, selo da editora Alaúde, está lançando o novo livro de Yann Martel, autor de As Aventuras de Pi. As Altas Montanhas de Portugal mistura fábula contemporânea e conto fantástico em uma jornada de aventura, que explora o amor e a perda de modo devastador. Suas três histórias, separadas por décadas no tempo, são nesta obra conectadas pela dor do luto de seus personagens, em uma metáfora que ilustra a trajetória de uma vida e sua constante busca por sentido.

 A obra

As altas montanhas de Portugal é composto por três novelas que parecem independentes, mas que se revelam interligadas de maneira surpreendente.

A primeira, entitulada “Sem lar”, se passa em Lisboa, em 1904, e conta a história de Tomás, o jovem assistente do curador do Museu Nacional de Arte Antiga, que está aprendendo a viver à sombra de imensa tragédia familiar. Para conseguir lidar com o luto da perda de sua mulher, seu filho e seu pai, Tomás se dedica a estudar com afinco o diário de Padre Ulisses, que viveu no século XVII. Nele descobre a existência de relíquia, um crucifixo esculpido pelo padre que revela algo que pode abalar a Igreja católica, objeto teoricamente escondido na região das Altas Montanhas de Portugal. Tomás então pede ajuda ao afortunado tio, que lhe empresta um carro, veículo incomum naquela época, para se lançar na aventura de atravessar o país em busca do crucifixo – e também de um novo sentido para sua vida.

A segunda parte do romance, “Para casa”, se passa na cidade portuguesa de Bragança, também localizada nas Altas Montanhas, e se concentra em Eusébio Lozora, médico patologista que faz plantão no hospital da cidade na passagem do ano de 1938 para 1939. Por volta da meia-noite ele recebe inesperadamente a visita da mulher, Maria, uma teóloga diletante que, como o marido, também é fã da escritora Agatha Christie. Ela o presenteia com o novo livro da autora e vai embora. Logo em seguida, outra mulher, também chamada Maria, mas idosa, aparentando ter por volta de 80 anos, aparece inesperadamente no laboratório carregando uma mala. Ela lhe conta sobre sua vida com o marido, Rafael, e sobre o luto que o casal viveu com a morte de seu único filho, quando o menino tinha 5 anos. E faz um pedido inusitado a Eusébio: retira o corpo de Rafael da mala e pede que o patologista faça uma autópsia para descobrir o que mais marcou a vida do marido – para descobrir qual foi a causa de sua vida.

Na terceira parte, “Em casa”, que se passa na década de 1980, o personagem central é o senador canadense Peter Tovy. Após a morte da mulher e a ruptura com o filho, Peter sente necessidade de mudar de vida. Em uma viagem oficial aos Estados Unidos, Peter visita um centro de estudos de primatas e se encanta com um tranquilo chimpanzé, Odo. Peter decide comprá-lo e viver com o animal, na aldeia portuguesa em que nasceu, a vida simples que sempre desejou.

 

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