Sinopse Intrínseca: É preciso responder a uma série de perguntas, passar por um criterioso processo de seleção e se comprometer a seguir inúmeras regras para morar no nº 1 da Folgate Street, uma casa linda e minimalista, obra-prima da arquitetura em Londres. Mas há um preço a se pagar para viver no lugar perfeito. Mesmo em condições tão peculiares, a casa atrai inúmeros interessados, entre eles Jane, uma mulher que, depois de uma terrível perda, busca um ponto de recomeço. Jane é incapaz de resistir aos encantos da casa, mas pouco depois de se mudar descobre a morte trágica da inquilina anterior. Há muitos segredos por trás daquelas paredes claras e imaculadas. Com tantas regras a cumprir, tantos fatos estranhos acontecendo ao seu redor e uma sensação constante de estar sendo observada, o que parecia um ambiente tranquilo na verdade se mostra ameaçador. (Resenha: Quem Era Ela – JP Delaney)
Opinião: Nada é o que aparenta ser neste livro de “estreia” de JP Delaney (entre aspas por se tratar de um pseudônimo), e essa é a característica primordial que esperamos de uma obra de suspense. Narrada sempre em primeira pessoa em capítulos que se alternam entre passado e presente, a história constrói uma intrincada teia de aranha em que cada conexão gera mais dúvidas que respostas. O resultado é mais um bom thriller a se somar aos muitos lançamentos que as editoras estão colocando no mercado brasileiro nos últimos meses.
Quem Era Ela se divide em “Antes”, contando a história de Emma, e ”Agora”, focado em Jane. O que une as duas personagens é a casa que escolheram para morar. Uma casa incomum, marco da arquitetura, integralmente controlada por tecnologias com sensores inteligentes, e com um contrato de aluguel que traz uma lista de exigências e regras para os locatários. O arquiteto responsável e proprietário do imóvel, Edward, é um minimalista compulsivo que buscou aproveitar ao máximo o espaço disponível e evitar o acúmulo de assessórios, objetos, móveis e utensílios. Para morar nesta casa você precisa aprender a viver com o mínimo do mínimo necessário.
Emma e Jane passaram nos testes e foram aprovadas para alugar o imóvel e, após traumas diversos sofridos anteriormente em suas vidas, cada uma tem um motivo especial para encarar o novo lar, e suas muitas regras, como um recomeço. Até o momento em que elas se envolvem amorosamente com Edward e começam a descobrir o seu passado sombrio e misterioso. Falar mais do que isso é entregar o jogo, então vamos a alguns pontos interessantes da obra.
Quem Era Ela já começa com ritmo de thriller desde o primeiro capítulo. O livro tem pegada para envolver o leitor, e a alternância entre as histórias das duas protagonistas só colabora para a velocidade da narrativa. É, de fato, um suspense para ser devorado. As personagens são bem construídas, só que fica claro que são criações genuínas de ficção. O autor não se preocupou em dar toques de verossimilhança que aproximasse suas crias da realidade, mas nada que atrapalhe a qualidade da história. E vale destacar que em alguns pontos o desejo feminino de ser dominada, se sentir propriedade de um homem, deu aquele déjà vu de 50 tons de cinza.
A ideia da casa minimalista e tecnológica é um ótimo artifício para confundir a atenção dos leitores. De cara pensei que teríamos algo parecido com o filme O Quarto do Pânico, mas o papel desempenhado por essa joia da arquitetura é mera cortina de fumaça no conjunto da obra. Mesmo assim, o mistério em torno dela permanece até as sequências finais.
No jogo de Quem Era Ela, não dá pra saber quem são os vilões e quem são os mocinhos. A intrincada trama criada coloca diante de nós o desafio de descobrir, em meio a tantas mentiras, onde está a verdade. Se é que ela existe…
Avaliação: 4 Estrelas
O Autor: JP Delaney é o pseudônimo de um escritor norte-americano que já publicou, sob outras identidades, diversas obras de ficção. Quem era ela é seu primeiro thriller psicológico.