O tema da jornada sempre acompanhou o itinerário poético de Cecília Meireles. Como se sabe, um de seus livros mais célebres, Viagem, de 1939, é profundamente marcado pelo universo de sensações que o deslocamento no espaço e no tempo proporcionam. Além de Viagem, Cecília compôs outro conjunto de versos nos quais a tópica da jornada vincou fortemente sua criação poética: Poemas de viagens.
Menos conhecidos mas igualmente luminosos, eles integraram o volume 9 das Poesias completas da autora, publicadas nos anos 1970. Escritos entre os anos de 1940 e 1964, estes poemas saem agora pela Global pela primeira vez em volume separado, o que se configura numa oportunidade ímpar para os leitores embarcarem de braços dados com Cecília neste caleidoscópio de situações novas transmutadas pela sensibilidade da autora em versos de arrojado lirismo. A passagem por países como México, Estados Unidos, Holanda, Suíça, Portugal, Marrocos, China e outros foram o substrato para que nossa maior poeta desse origem a um relicário de versos de rara beleza, como:
Lua branca da Suíça
Que os vestidos arrasta
De vento e flores secas
Tão próxima e tão longe,
Cega, sozinha, exausta,
E sobe e desce eternas,
silenciosas escadas.
A edição ora lançada pela Global traz capa de Ana Luisa Escorel e texto de apresentação de Luiza Lobo, professora do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Literatura da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na apresentação, Luiza Lobo destaca a relevância deste conjunto de versos na extensa obra poética de Cecília Meireles:
“Poemas de viagens ocupa o ponto de convergência entre o eu poético e o `correlato objetivo ? das águas, das cores, das pessoas e das cidades que visitou, num contínuo movimento de encontro do eu com o mundo.”
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