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Resenha: Lázaro – Lars Kepler

Sinopse Alfaguara: Quando o detetive Joona Linna sai da prisão e volta à ativa, um misterioso homem começa a assassinar criminosos por toda a Europa. A polícia reluta em iniciar uma investigação, mas Joona começa a desconfiar de que essas mortes servem a um propósito muito mais sombrio e complexo. Ao descobrir que duas vítimas têm conexões com ele, fica claro que alguém está tentando lhe enviar algum tipo de mensagem. Joona recorre então à policial Saga Bauer: se o palpite dele estiver correto, ela é uma das poucas pessoas que conseguirão entrar na mente do assassino. Mas Saga está lutando contra seus próprios demônios ― e o assassino sabe exatamente como usá-los a seu favor. Ele continua a atacar impunemente, e ninguém, ao que parece, está a salvo. Quando começa a mirar nas pessoas mais próximas de Saga e Joona, fica claro que eles terão de confrontar um fantasma do passado ― o mais aterrorizante deles. (Resenha: Lázaro – Lars Kepler)

Opinião: Lázaro pode ser considerado o ponto máximo da série de livros protagonizada pelo detetive Joona Linna até agora. Não só pela trama eletrizante, mas também por fechar um ciclo em torno de um dos vilões mais icônicos da literatura de suspense. A história é densa, inteligente, deixa um rastro de sangue ao avançar dos capítulos e condensa boa parte de um pesadelo que nós, leitores que já acompanhamos o autor, conhecemos muito bem, mas ainda não compreendemos toda a sua dimensão.

Pessoas estão sendo brutalmente assassinadas em locais os mais diversos da Europa. Aparentemente há algum maníaco, dono de uma força descomunal, solto pelo continente executando um macabro ritual de eliminações. Não é simplesmente matar. É levar a crueldade às últimas consequências. Só que em determinado momento essas mortes parecem enviar um recado para alguém. Joona Linna entende que ele é o destinatário. E mais. percebe que o passado, que todos nós acompanhamos aterrorizados, não morreu. Talvez, feito o Lázaro bíblico, ele tenha retornado dos mortos.

Lázaro começa, mais precisamente a partir do capítulo dois, no ponto exato em que o epílogo de O Caçador nos deixou. Com essa premissa e esse alerta, e tomando muito cuidado pra não dar spoilers – acreditem é muito difícil escrever sobre esse livro sem escorregar em alguma revelação que estragaria a experiência de leitura de vocês, posso dizer que foram as 530 páginas mais viciantes dos últimos tempos. Porque o estilo ágil e cheio de reviravoltas que já caracteriza as obras de Lars Kepler está aqui de forma dobrada. Lázaro é uma montanha-russa em altíssima velocidade e em queda livre em duas frentes: a caçada ao maior criminoso que eles já enfrentaram e a busca por manter amigos e familiares a salvo.

É incrível como Lars Kepler construiu uma mente doentia para ser o vilão dessa história. Doentia, mas metódica, inteligente, esperta e que sabe jogar muito bem a seu favor. Sempre. Por mais atentos e espertos que nossos investigadores estejam, o criminoso sempre aparece dois passos à frente sabendo manipular muito bem cada um. Esse jogo mental faz do personagem o mais bem construído que já me deparei em thrillers do tipo. Porque há muitos detalhes, há consistência, há passado bem pensado e tudo se liga de forma assustadora. Vemos qualidade na criação de alguém para encarnar o mal na sua forma mais fria.

Se há um destaque para Lázaro, e a essa altura do campeonato vale dizer que engloba toda a série de livros, certamente é o vilão. E o trio Joona, Saga Bauer e Nathan está a altura, mas vai precisar trabalhar muito bem o medo, o trauma e a escuridão interna que se apossa de cada um. Para enfrentar o desafio desse livro é preciso ser tão frio e metódico quanto o algoz. E revistar diversos cenários e passagens de livros anteriores.

Lázaro tem uma história própria, mas não é um livro que eu indicaria para quem não teve contato com as obras anteriores de Lars Kepler. Porque a trama aqui é uma continuação, um acerto de contas, e muitos detalhes foram ditos, investigados e resolvidos em obras anteriores. Então, por mais que você possa ter uma excelente experiência com esse livro, eu recomendaria que buscasse os anteriores antes de encarar essa leitura. Tenha certeza de que tudo vai ser muito mais fascinante e envolvente para vocês.

O suspense desse livro se mantém até o fim. Não basta resolver uma ponta do enigma. É preciso parar o criminoso e estar atento aos possíveis cúmplices que ele tem e que podem ou não agir por conta própria. Mas teremos um acerto de contas e aparentemente um desfecho. Muitas vidas, de personagens que nos acostumamos a gostar, vão ficar pelo caminho e maquiavelicamente o autor vai deixar uma pergunta sobre a sobrevivência de um importante personagem no ar. E o epílogo, como não poderia deixar de ser, vai funcionar claramente como a abertura do próximo livro.

Lázaro é o thriller do ano em termos de suspense inteligente e bem construído. Aos fãs de Lars Kepler, como eu, ele soa como a cereja de um bolo que vem nos causando indigestão a muitos anos. Porque temos um encontro com aquele que nos provoca pesadelos. E a vocês que nunca leram esse autor… Bom, façam um grande favor a si mesmos e “enfrentem” Lars Kepler!

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Do Autor leia também:

Lázaro (Joona Linna #7)

O Caçador (Joona Linna #6)

Stalker (Joona Linna #5)

O Homem de Areia (Joona Linna #4)

O Autor: Lars Kepler é um pseudônimo usado pelo casal de escritores suecos Alexander Ahndoril e Alexandra Coelho Ahndoril. Ambos os autores com livros publicados anteriormente, juntos eles têm escrito dois romances policiais, ambos relativos à investigação do detetive Joona Linna.

Alexander Ahndoril nasceu em Estocolmo, em 1967. Dramaturgo e romancista, publicou o seu primeiro romance, The Director, em 1989 e é considerado um dos jovens escritores de referência na nova literatura sueca. A sua obra conta já com oito romances e quinze peças de teatro.

Alexandra Coelho Ahndoril nasceu em 1966. Filha de mãe portuguesa, cresceu em Helsingborg e vive em Estocolmo. Divide o seu tempo entre a escrita, a crítica literária e uma tese sobre Fernando Pessoa. Com o primeiro romance, Castle of Stars, publicado em 2003, obteve o Catapult Prize 2003 para a melhor obra de estreia, conquistando a admiração de milhares de leitores na Suécia. Entretanto, publicou já mais dois romances.

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