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Resenha: Garota, 11 – Amy Suiter Clarke

Sinopse Suma: Elle Castillo é a apresentadora de um podcast popular sobre crimes reais. Depois de quatro temporadas de sucesso, ela decide encarar um caso pelo qual sempre foi obcecada ― o do Assassino da Contagem Regressiva, um serial-killer que aterrorizou a comunidade vinte anos atrás. Suas vítimas eram sempre meninas, cada qual um ano mais jovem que a anterior. Depois que ele levou sua última vítima, os assassinatos pararam abruptamente. Ninguém nunca soube o motivo. Enquanto a mídia e a polícia concluíram há muito tempo que o assassino havia se suicidado, Elle nunca acreditou que ele estava morto. Ao seguir uma pista inesperada, no entanto, novas vítimas começam a aparecer. Agora, tudo indica que ele está de volta, e Elle está decidida a parar sua contagem regressiva. (Resenha: Garota, 11 – Amy Suiter Clarke)

Opinião: Amy Suiter Clarke traz uma das gratas surpresas em suspense que tive em 2021. Seu livro de estreia, Garota, 11, é uma dessas tramas super envolventes, com uma narradora poderosa, um bom mistério e aquele ritmo em que cada capítulo vai te empurrando para o seguinte. E falando bem francamente, o livro não traz nada de inovador na construção do suspense tradicional. Mas ele possui uma boa história e ela foi muito bem contada. O que o coloca tranquilamente na lista dos indicados do gênero nesse ano.

Garota, 11 tem a pegada da caçada a um serial-killer. Neste caso, estamos falando do ACR, o Assassino da Contagem Regressiva. Durante algum tempo ele aterrorizou uma cidade raptando e matando garotas num sistema decrescente de idade. Mas quando a vítima seria a menina de onze anos, ela conseguiu escapar do cativeiro, e desde então nada mais se soube desse frio e meticuloso criminoso. Na verdade, muitos acreditam que ele já está morto. De acréscimo, vale destacar que ele segue padrões matemáticos entre o dia do rapto, o começo do envenenamento das vítimas e o momento em que apresenta o corpo para a população. Tudo minuciosamente pensado e seguido à risca. O que esse padrão quer dizer? Bom, cabe desvendarmos…

Como vocês notaram, descrevi o resumo da história no passado. Porque o livro em si se passa no presente em que a apresentadora de um podcast especializado em true crime se debruça sobre o caso do ACR. Ela é obcecada em encontrá-lo porque, ao contrário da maioria das pessoas, não acredita que ele esteja morto. Ela quer fazer justiça e já adianto que tem um bom motivo para isso.

E atenção! Aqui nós temos um recurso narrativo muito bacana e que deu uma pegada interessante para Garota, 11: os trechos do podcast são apresentados em capítulos especiais. Então, nós acompanhamos cada episódio desse podcast e é a partir dele que vamos tomando contato com a história do ACR. Tanto na narrativa da apresentadora, nossa protagonista, quanto nas entrevistas com envolvidos, investigadores e familiares.

Garota, 11 segue em uma narrativa de investigação envolvente e com sequências muito bem amarradas. Há desdobramentos que ajudam a embaralhar as cartas e confundir nossa percepção e a história ganha fôlego a partir do momento que o ACR parece retornar e reiniciar sua contagem regressiva de vítimas. Sobram clichês? Com certeza… Há a dúvida da polícia com relação à nossa protagonista, Elle; há as atitudes intempestivas e impensadas que a gente já sabe que não vão dar certo; e há boas doses de drama pessoal para temperar tudo e chegar ao desfecho. Mas sempre destaco que clichês não são problema quanto a história é boa. Neste caso, Garota, 11 se segura muito bem e tem o mérito de ir crescendo à medida que a trama avança para o final.

Não esperem reviravoltas ou revelações chocantes. O estilo do livro não é esse. Na verdade, até a apresentação do criminoso, feita aos poucos e em ordem cronológica do seu crescimento e suas muitas decepções na vida, segue um padrão que se encaixa no contexto da narrativa. É tudo muito bem montado para servir à investigação e à solução do mistério.

É curioso observar que o livro aborda, mesmo que de forma mais tímida, a questão do quanto publicizar crimes podem influenciar as pessoas a cometê-los. Em certo trecho, a polícia começa a desconfiar que o podcast e toda a mídia em torno do ACR possa ter gerado um imitador. Afinal, todos os detalhes estavam sendo contados ali ao alcance de qualquer um. É uma reflexão interessante sobre como falar de determinadas coisas erradas pode dar mais visibilidade e impulsioná-las. Vale o debate!

Pra fechar, Garota, 11 passou no meu crivo que anda bem mal-humorado pra suspenses ultimamente. Foi uma leitura que prendeu a minha atenção e me entregou uma história boa, bem contada e com todas as pontas bem amarradas. Fica a indicação!

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A Autora: Amy Suiter Clarke é escritora, especialista em comunicação e entusiasta de podcasts. Nasceu em Minnesota e fez mestrado em Londres, na Kingston University. Já publicou contos e artigos, e atualmente trabalha para uma biblioteca universitária em Melbourne, na Austrália. Garota, 11 é seu romance de estreia.

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