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Resenha: Eu Devia Estar Sonhando – Michel Bussi

Sinopse Arqueiro: Vinte anos atrás, em um voo para Montreal, a comissária de bordo Nathalie encontrou a chance de viver um grande amor que abalou sua vida tranquila como esposa e mãe. Um amor cujo desfecho ela até hoje não ousa confessar. Agora, estranhos sinais sem causa aparente vêm se acumulando. Ela é escalada para os mesmos três voos de vinte anos antes. Na mesma ordem: Montreal, Los Angeles, Jacarta. Com a mesma equipe, coisa rara de acontecer. Uma música no rádio, pequenos elementos que se repetem, um passageiro cantando versos que só ela poderia conhecer. Quem – ou que força misteriosa – estará por trás dessas supostas coincidências? Quando passado e presente são repetidos a ponto de desafiar uma explicação racional, Nathy se vê forçada a enfrentar seu passado, mesmo tendo jurado jamais olhar para trás (Resenha: Eu Devia Estar Sonhando – Michel Bussi)

Opinião: Em Eu Devia Estar Sonhando, Michel Bussi nos mostra que uma linda história de amor pode sim vir carregada de mistério e suspense. E tudo bem amarrado pela qualidade narrativa de um autor que é menos publicado do que deveria no Brasil – contando com este, apenas três títulos chegaram aqui até hoje.

A sinopse de Eu Devia Estar Sonhando deixa claro que o livro traz uma espécie de dejá vu ao extremo na rotina da protagonista Nathy. Inúmeras situações começam a se repetir de tal forma que acreditar somente em coincidências torna-se impossível. E mais! Tudo envolve uma grande história de amor não concretizada, mas que ficou na lembrança e insiste em sempre voltar à tona. É em cima dessa sequência de repetição de momentos da vida de Nathy que o suspense do livro vai ser desenvolvido. Afinal, é só coincidência mesmo? Mas é um suspense diferente do que estamos habituados. Porque há muito romance, pouca ação e cenas cinematográficas de sobra.

Seguindo uma característica que observei em O Voo da Libélula, Michel Bussi não tem pressa nenhuma para narrar suas histórias. Ele pinta um quadro detalhadíssimo de cada trama e subtrama, transportando literalmente os leitores para os cenários de suas obras. No caso de Eu Devia Estar Sonhando são várias as cidades que se sucedem em descrições turísticas para viajante nenhum colocar defeito. E como já adiantei, o suspense é o tempero da narração de um amor de avião, se é que posso chamar assim.

Nathy conhece Ylian em um voo de Paris a Montreal em 1999 e acabam se apaixonando perdidamente. Um amor puro e à primeira vista. Dali para as próximas viagens de Nathy – Los Angeles, Barcelona, Jacarta, eles se encontram e aprofundam essa paixão. Mas ela é casada, tem uma filhinha e ele é um músico em busca de uma oportunidade. Renunciam à história que poderiam viver e seguem seu caminho. Mas em 2019, a mesma escala de voos e diversos acontecimentos precisamente iguais reavivam em Nathy as lembranças. E se eu contar mais começo a estragar a história…

Eu Devia Estar Sonhando não é um suspense para quem espera thrillers estilo norte-americano. É obra de um autor francês e traz todo o charme que sempre associamos com a França e o cinema europeu. Não é apenas um livro para descobrirmos quem está por trás do que. Aliás, pra mim, o suspense ficou muito em segundo plano.

O romance não vivido entre Nathy e Ylian é a grande estrela da obra e vai dominar praticamente todo o livro. No fim, quando chegamos ao desfecho em que todas as peças se encaixam, já nem importa muito se a explicação geral ficou um tanto fantasiosa demais. Afinal, isso aqui é ficção e o improvável dessa paixão e de tudo o que os dois viveram por si só já é fantasioso demais. Mas isso não importa. Porque a história é envolvente demais.

A impressão que temos é que o autor queria muito falar de um grande amor. Para isso usou dos melhores elementos possíveis para fazer esse amor acontecer de forma improvável e se desenrolar de uma maneira marcante em cenários inesquecíveis. E que mesmo anos e anos depois, ainda teria seus traços na vida que cada personagem trilhou. Mas ele curte um mistério, um suspense, então temperou tudo com os ingredientes que vocês vão encontrar em Eu Devia Estar Sonhando.

A galeria de personagens esbanja simpatia e facilmente conecta os leitores com a obra. O guia turístico das cidades-cenário é minucioso. E uns e outros elementos a gente percebe que sobraram no conjunto e acabaram ficando sem uma boa explicação. Mas a leitura é agradável demais e envolve seja pela curiosidade, leve, em torno das coincidências, seja pelo fascínio dessa história de amor que muita gente gostaria de viver. Nos ares. Entre uma cidade e outra. Num clima meio que de aventura. E tendo apenas o amor como combustível.

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O Autor: Michel Bussi já ganhou 15 prêmios literários e foi finalista de outras 9 premiações, tornando-se um dos mais prestigiados autores policiais franceses. Quando não escreve, atua como professor de geografia na Universidade de Rouen e como comentarista político.

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