Resenha: Stalker – Lars Kepler
Sinopse Alfaguara: O Departamento Nacional de Investigação Criminal de Estocolmo recebe um intrigante vídeo de uma mulher sozinha em seu quarto vestindo uma meia-calça. Ela não sabe que está sendo vigiada, e a polícia não leva as imagens a sério até ela aparecer assassinada. Quando o próximo filme chega, a detetive Margot Silverman tenta identificar a vítima, mas é tarde demais. Fica então claro que um assassino em série aterroriza Estocolmo. Como um voyeur, ele observa e filma suas vítimas dentro de casa, coloca os vídeos no YouTube, e as mata de modo brutal. A polícia chama o psicólogo e hipnotista Erik Maria Bark para ajudar no caso, mas uma sequência de reviravoltas torna a investigação muito mais complexa e perigosa. Será que o enigma pode ser revolvido sem o obstinado detetive Joona Linna, que todos acreditam estar morto? (Resenha: Stalker – Lars Kepler)
Opinião: Meu primeiro contato com a obra de Lars Kepler não poderia ter se dado em melhor estilo. Mesmo ecoando ares do livro anterior, que não li, Stalker se mostrou um dos suspenses mais eletrizantes, bem elaborados e sombrios do ano. Entrou fácil para minha galeria de preferidos e deixou aquele gostinho de quero mais para explorar os demais títulos disponíveis no Brasil.
Stalker, hoje, “é alguém que padece de fixação obsessiva, ou uma doentia obsessão em monitorar atividades de outro indivíduo”. Em alguns casos, essa adoração pode se transformar em ódio num piscar de olhos e descambar em violência. Esse é, basicamente, o caso que a polícia de Estocolmo, na Suécia, tem em mãos. Crimes brutais, de uma violência sem precedentes e claramente movidos por um ódio insano. Mulheres praticamente desfiguradas, vítimas de alguém que as monitorava minuciosamente a ponto de gravar pequenos vídeos de momentos íntimos e enviar para a polícia. Essa era a senha de que um novo crime estava acontecendo naquele instante. Sem pistas. Sem condições de rastreamento da origem dos vídeos. Sem chance de chegar a tempo a uma casa de localização desconhecida. Um departamento policial refém de um maníaco.
A grande sacada de Stalker, e me parece que também é uma característica do autor, é construir um gigantesco labirinto ao redor do mistério. Existem diversos desdobramentos, conexões com investigações anteriores, e um suspense que se aprofunda à medida que as páginas avançam. Tudo isso em uma narrativa alucinante em que capítulos curtos dão o tom de ação e vão sugando os leitores. Literalmente é uma obra para ser devorada tamanha construção veloz de linguagem.
Ponto curioso, a galeria de personagens é extensa e desenvolve papéis tanto em conjunto quando individualmente que acabam por formar uma verdadeira teia de aranha, confundindo bem a percepção de para que lado está a verdade. Figuras carimbadas de Lars Kepler como o investigador Joona Linna e o hipnotista Erik Maria Bark protagonizam cenas em que a ética fica lááá em terceiro plano em nome da busca pela verdade. E, curiosamente, isso traz consequências interessantes no desfecho, que não só soluciona de forma satisfatória o mistério como já deixa as portas abertas para a sequência em uma próxima história.
Há neste livro uma clara conexão com a obra anterior, O Homem de Areia, mas nada atrapalha a leitura de principiantes. A trama aqui é única e não senti o entendimento prejudicado em nenhum momento. Ficou, óbvio, a curiosidade para se aprofundar e embarcar logo na leitura do antecessor para se deixar levar mais a fundo nesse universo protagonizado pelo investigador Joona Linna. Único ponto que pode incomodar alguns leitores é o excesso de detalhamento em algumas situações, tendo em vista que a investigação ganha desdobramentos que vão além do mistério inicial. Mas aí fica na questão do gosto pessoal de cada um.
Para os amantes dos bons thrillers, com muita brutalidade e uma construção impecável de mistério, Stalker é a pedida certa. Uma tensão crescente e perfeita para boas horas de investigação.
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Do Autor leia também:
Lázaro (Joona Linna #7)
O Caçador (Joona Linna #6)
Stalker (Joona Linna #5)
O Homem de Areia (Joona Linna #4)
Alexander Ahndoril nasceu em Estocolmo, em 1967. Dramaturgo e romancista, publicou o seu primeiro romance, The Director, em 1989 e é considerado um dos jovens escritores de referência na nova literatura sueca. A sua obra conta já com oito romances e quinze peças de teatro.
Alexandra Coelho Ahndoril nasceu em 1966. Filha de mãe portuguesa, cresceu em Helsingborg e vive em Estocolmo. Divide o seu tempo entre a escrita, a crítica literária e uma tese sobre Fernando Pessoa. Com o primeiro romance, Castle of Stars, publicado em 2003, obteve o Catapult Prize 2003 para a melhor obra de estreia, conquistando a admiração de milhares de leitores na Suécia. Entretanto, publicou já mais dois romances.