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Resenha: Marionete – Daniel Cole

Sinopse Arqueiro: Muitos meses se passaram, mas a detetive Emily Baxter ainda lida com as cicatrizes do chocante caso Boneco de Pano e com o desaparecimento de seu amigo William Fawkes, o Wolf. Apesar da relutância em se envolver em outra investigação horrenda, ela é convocada para uma reunião com o FBI e a CIA, onde é surpreendida com fotografias macabras de um corpo retorcido em uma pose familiar, pendurado na ponte do Brooklyn, com a palavra “isca” entalhada no peito. Logo em seguida, uma nova vítima surge em condições idênticas. Só que, dessa vez, o corpo do assassino também se encontra na cena do crime, com a palavra “marionete” entalhada no tórax. Quando a pressão da mídia e da opinião pública se intensifica, Baxter recebe a ordem de cruzar o Atlântico e ajudar na investigação. Enquanto as mortes se multiplicam tanto em Nova York quanto em Londres, a força-tarefa se vê impotente e Baxter precisa vencer o medo que a paralisou no último ano para impedir o sacrifício de mais vidas. (Resenha: Marionete – Daniel Cole)

Opinião: “Deus não existe. É um fato. ” A frase de abertura do prólogo de Marionete é um cartão de visitas absurdamente poderoso quando, trezentas e quarenta páginas depois, finalizamos a leitura desse thriller arrebatador. Novo suspense de Daniel Cole, autor que me conquistou pela originalidade e sagacidade de sua obra de estreia, Boneco de Pano, Marionete traz, de cara, duas qualidades notáveis. Em primeiro lugar, é um ótimo livro independente com uma história original e que sustenta um ótimo mistério em ritmo alucinante; em segundo por ligar personagens e situações da obra anterior sem necessariamente ser uma continuação, mas com a mesma pegada e estilo.

Em Marionete os leitores são jogados em uma sequência de crimes brutais sem muita preocupação com introduções ou desenvolvimentos prévios. O mistério é apresentado de forma ágil e vai crescendo e ganhando novos contornos a cada capítulo. A trama aqui não é exatamente o que parece e consegue render reviravoltas interessantes, inclusive abusando de dramas e situações do cotidiano europeu de hoje. Daniel Cole soube dar uma roupagem curiosa para o fanatismo religioso ligado a atos extremistas de forma a não copiar a realidade tampouco criar algo muito distante do verossímil. O resultado é uma história com fôlego para surpreender a partir de uma motivação impensável e muito bem justificada.

Marionete é um livro bem mais cinematográfico que seu antecessor. As cenas, que se revezam entre Estados Unidos e Inglaterra, tem um forte poder visual além de uma carga de adrenalina que não permite pausas. Estamos diante de uma corrida contra o tempo em busca de deter a mente doentia por trás dos crimes. E aí entram em cena os personagens, estrelas da qualidade que sustenta o livro. A galeria policial que protagoniza o livro ganha mais força e detalhamento pós Boneco de Pano. A detetive Baxter conquista, definitivamente, a simpatia dos leitores mesmo com seu jeitão rude e turrão. Rouche é um personagem tão cativante quanto foi Wolf, e os demais cumprem à risca o papel de roubarem as cenas nos momentos necessários. Talvez um dos pontos altos da construção narrativa de Cole é unir uma boa história a personagens que conseguem dar vida a ela para além das páginas. A investigação aqui é muito real, tanto quanto o drama que se desenrola a cada novo capítulo.

Entre os diversos estilos que compõe o suspense, com grandes autores consagrados em cada um deles, a nova geração que vem ganhando terreno tem em Daniel Cole um nome pra lá de promissor nesse thriller de mistério, investigação e ação. Conseguir segurar e amarrar uma história de forma tão boa (quem sabe até melhor?) quanto em seu livro de estreia não é tarefa fácil (tenho uma lista de nomes que me desapontaram feio). Além disso, há uma marca criativa que preza pela originalidade das tramas. Os crimes investigados por Baxter, Wolf e Rouche são sofisticados, bem desenvolvidos e possuem uma motivação bem explicada. Por mais que alguns leitores possam torcer o nariz para os rumos tomados, é impossível negar que não há furos.

Marionete chega às livrarias com pinta de ser um dos melhores suspenses do ano no Brasil. Entre os grandiosos trabalhos de marketing de alguns títulos que trazem mais do mesmo, a discrição com que a Arqueiro o coloca no mercado esconde um livro inteligente, ágil e na qualidade exata que os fãs do gênero costumam apreciar. Não hesitem em colocar Daniel Cole e sua obra entre as opções certas para sua estante. É Suspense, dos poucos que merecem ser classificados com S bem maiúsculo.

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O Autor: Daniel Cole já trabalhou como paramédico, foi oficial da Real Sociedade Protetora dos Animais e membro da Guarda Costeira Real, sempre imbuído do desejo de salvar pessoas – ou talvez movido pela culpa de ter matado tantos personagens em seus textos. Boneco de Pano é seu primeiro livro, escrito originalmente como piloto para uma série de TV, e, nos primeiros dias após o lançamento no Reino Unido e na Holanda, já foi direto para as principais listas de mais vendidos. Ele vive em Bournemouth, na Inglaterra.

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