Sinopse HarperCollins: Quando a escritora estreante Eliza Fontaine é encontrada no fundo da piscina de um hotel, sua família acredita ter sido mais uma tentativa de suicídio fracassada. Mas Eliza jura que foi empurrada, e sua única testemunha é quem a salvou. Desesperada para encontrar o culpado, Eliza toma para si a investigação do caso. Mas, conforme a data de lançamento do seu primeiro livro se aproxima, ela se vê com mais perguntas do que respostas. Por que a editora, agente e a família estão misturando os acontecimentos de sua vida com os de seu livro? Ele não é totalmente ficcional? (Resenha: As Elizas – Sara Shepard)

Opinião: A menção do nome de Sara Shepard faz vibrar os corações de centenas de leitores devido à sua produção consagrada Pretty Little Liars. As expectativas, porém, morrem nisso quando avançamos na leitura de As Elizas. A promessa de um thriller hitchcockiano fica somente na frase de contracapa e a história se perde num emaranhando tedioso em que a protagonista não cativa e o enredo não engrena.

A jovem escritora Eliza Fontaine, que decide investigar sua suposta tentativa de assassinato, protagoniza uma história de altos e baixos que nós já vimos e muito em suspenses de sucesso lançados recentemente. Sara Shepard seguiu à risca a fórmula que vem dando certo nos últimos anos de colocar uma mulher mais ou menos instável à frente de acontecimentos misteriosos, com promessas de plot twists de tirar o fôlego. O problema é que a autora não conseguiu, ou não soube, dar sustentação à sua ideia e acabou caindo em um desenvolvimento frágil, chato e com pontos pra lá de quixotescos.

O calcanhar de Aquiles de As Elizas encontra-se justamente naquilo que deveria ser o ponto-chave para as reviravoltas e surpresas que dariam fôlego para o livro: os trechos da obra escrita pela protagonista. Ao intercalar a vida da personagem com trechos do livro que ela escreveu, Shepard certamente pretendia fazer a ligação entre realidade e ficção e embaralhar a mente dos leitores. O tiro saiu pela culatra! A tal obra produzida por Eliza Fontaine é até interessante, mas de cara o leitor mais acostumado com suspense de qualidade mata a charada de onde tudo isso vai dar. E o incrível é que lá no fim, o desfecho acontece exatamente como o esperado. Em resumo, é tudo muito previsível e chato. Faltou fermento de criatividade para produzir um thriller de verdade.

Paralela ao calcanhar de Aquiles vem a péssima construção de personagens. Neste caso, a obra já desanda logo na protagonista. Eliza Fontaine é rasa, não cativa o leitor e deixa aquela nítida sensação de algo fake. Ao contrário de autores como Paula Hawkins ou A.J. Finn que criaram mulheres perturbadoramente fascinantes e críveis, Sara Shepard não conseguiu conferir nenhum toque de veracidade para sua criatura. Os demais personagens, todos secundários, estão em função do tal mistério e pairam ao redor de Eliza sem nada acrescentar. Pior, quando temos a sensação de que trazem consigo algum segredo mirabolante – caso de uma certa tia que não entrarei em detalhes, o resultado é tão broxante quanto a ausência dele.

Em um ano recheado de excelentes suspenses, As Elizas surge como um livro dispensável. Sua maior qualidade, a escrita fluida da autora, é um bálsamo que nos ajuda a chegar logo ao ponto final para podermos nos dedicar a tramas que, de fato, valham a pena.

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A Autora: Sara Shepard já sonhou em ser estrela de novela, designer de Lego, cineasta, geneticista e editora de moda, mas quando cresceu virou escritora mesmo. Ela se formou na Universidade de Nova York e é mestre em escrita criativa pela Brooklyn College. Atualmente, vive em Tucson, Arizona, com o marido e três cães indisciplinados. A série Pretty Little Liars, inspirada em sua infância e adolescência passadas em uma das cidades mais abastadas da Filadélfia, foi vendida para vários países e também adaptada com sucesso para a televisão.

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