Sinopse Nota Terapia: Umbral das Trevas é para ser lido como se assiste a um filme. Ou como se você estivesse numa galeria de quadros desconhecidos, mas familiares. Há cor e luz, sabores e odores. Um segredo que não quer ser revelado. Há eternidade e brevidade. Há um tonitruante zumbido de insetos invisíveis. Há também a vertigem do silêncio. São 7 short stories (ou contos) com influências surrealistas que se passam em algum lugar muito próximo, mais próximo do que se desejaria, e que se entrelaçam para contar uma história que só pode ser aonde não é, que só se revela quando ninguém olha e cujo espírito repousa nos murmúrios do mar antes do amanhecer. (Resenha: Umbral das Trevas – Alex Villechaize)
Opinião: De leitura desafiadora, Umbral das Trevas reúne sete contos difíceis de serem enquadrados em um gênero específico da literatura. Em suas quase duzentas páginas, passeamos por situações corriqueiras do dia a dia e acontecimentos pra lá de improváveis, numa mescla de fantasia e horror. Mas nada é apresentado de forma clara. Os personagens vivem histórias que não são simplesmente o que parecem e sempre há mais alguma coisa nas entrelinhas.
Fã confesso de contos, mergulhei em Umbral das Trevas e logo precisei pisar no freio. O autor optou por uma linguagem rebuscada e mais trabalhada, que me lembrou bastante a literatura acadêmica brasileira, o que faz da leitura da obra um exercício de atenção. Só assim conseguimos captar os verdadeiros significados de cada história. É uma opção corajosa nesses nossos tempos de linguagem veloz e histórias de fácil assimilação. Por outro lado, alguns contos acabaram soando completamente sem sentido ao final da leitura (neste ponto me questionei se de fato não faziam mesmo sentido ou sua complexidade estava além da minha interpretação).
Destaco o conto que dá nome à coletânea, “Umbral das Trevas”. Em minha opinião, a história mais bem construída e de forte impacto visual. Isso mesmo, visual. É uma daquelas narrativas meio cinematográficas em que não só lemos como nos sentimos transportados para dentro da história e visualizamos perfeitamente bem os acontecimentos. Os demais contos variam em altos e baixos (normal em coletâneas), mas todos carregam essa linguagem difícil que, pra mim, pode vir a ser o calcanhar de Aquiles da obra.
Umbral das Trevas é super indicado para os apreciadores de uma literatura brasileira mais tradicional, compromissada com as frases bem elaboradas e cuidadosamente pensadas, e sem a simplicidade e velocidade dos novos tempos. É um livro que pode surpreender justamente por não seguir esse fluxo.
Avaliação: 3 Estrelas
O Autor: Alex Villechaize é paulistano, nascido em 1973. Não acredita em nenhum time e não torce para nenhuma religião.