Sinopse Record: É o aniversário de Graham, e sua esposa, Cynthia, convida os vizinhos, Anne e Marco Conti, para um jantar. Marco acha que isso será bom para a esposa; afinal, ela quase nunca sai de casa desde o nascimento de Cora e da depressão pós-parto. Porém, Cynthia pediu que não levassem a filha. Ela simplesmente não suporta crianças chorando. Marco garante que a bebê vai ficar bem dormindo em seu berço. Afinal, eles moram na casa ao lado. Podem levar a babá eletrônica e se revezar para dar uma olhada na filha. Tudo vai dar certo. Porém, ao voltarem para a casa, a porta da frente está aberta; Cora desapareceu. Logo o rapto da filha faz Anne e Marco se envolverem em uma teia de mentiras, que traz à tona segredos aterradores. (Resenha: O Casal que Mora ao Lado – Shari Lapena)
Opinião: Um livro que cumpre exatamente aquilo que promete na sinopse. É assim que posso resumir O Casal que Mora ao Lado. Mas algumas características de construção e narração da autora fazem com que ele prenda a atenção dos leitores. Talvez por isso mesmo tenha sido um fenômeno de vendas. Um ótimo caso em que uma história básica, sem muitas firulas, basta para resultar numa obra de qualidade.
Em primeiro lugar, O Casal que Mora ao Lado é um livro de personagens. Tal qual uma peça de teatro, o comportamento dos atores “no palco” é fundamental para o sucesso do suspense. Esta é a qualidade maior que Shari Lapena imprimiu em sua obra. Todos os personagens são extremamente bem desenvolvidos e nos sugam para seus pensamentos, paranoias, traumas, ambições e desequilíbrios. E é através dessa qualidade que o thriller se sustenta.
O casal Marco e Anne é um poço de angústias individuais em que cada um remói por dentro segredos do passado ou frustrações do presente. Ambos são ambíguos e a todo momento nos confundem na real honestidade de seus atos e sentimentos. Os demais personagens, os vizinhos Graham e Cynthia, e os pais de Anne, apesar de circundarem a trama principal acabam se mostrando, também, carregados de segredos e atitudes pouco ortodoxas. Ao misturarmos todos eles no caldeirão do sumiço da bebê Cora, é impossível não termos um suspense em que qualquer diálogo ou atitude é motivo para ficarmos com os dois pés atrás.
Em segundo lugar, a narração faz toda a diferença para envolver, dar ritmo e fisgar a curiosidade dos leitores. A autora soube escrever uma história em que os capítulos vão fluindo de tal maneira que não conseguimos abandonar o livro até virarmos a última página. Mesmo com uma trama recheada de clichês (não acho isso um defeito) e cujo desfecho se desenha de forma muito clara para os fãs-viciados de suspense, é muito difícil se afastar da leitura. Temos aqui um ótimo exemplo de uma autora com total domínio da obra que imaginou. O resultado é um livro redondinho que agrada e vicia facilmente.
Ao somarmos essas características, O Casal que Mora ao Lado se destaca como um mergulho na mente humana. Até que ponto podemos ou consideramos ir para dar fim aos nossos fantasmas pessoais? O que estamos dispostos a arriscar para resolvermos problemas comuns na vida? Quais os nossos limites diante de situações aparentemente desesperadoras? Essas questões são respondidas de forma impecável no livro. E só isso já vale a leitura. A única pergunta que a obra não responde e que provavelmente vai ficar na cabeça de muitos de vocês é: seria possível algo assim acontecer na vida real?
Avaliação: 4 Estrelas
A Autora: Shari Lapena trabalhou como advogada e professora de inglês antes de escrever ficção. Seu thriller de estréia, O Casal que Mora ao Lado é um best-seller mundial.