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Resenha: ‘Salem – Stephen King

Sinopse Suma de Letras: Ambientado na cidadezinha de Jerusalem’s Lot, na Nova Inglaterra, o romance conta a história de três forasteiros. Ben Mears, um escritor que viveu alguns anos na cidade quando criança e está disposto a acertar contas com o próprio passado; Mark Petrie, um menino obcecado por monstros e filmes de terror; e o Senhor Barlow, uma figura misteriosa que decide abrir uma loja na cidade. Após a chegada desses forasteiros, fatos inexplicáveis vêm perturbar a rotina provinciana de Jerusalem’s Lot: uma criança é encontrada morta; habitantes começam a desaparecer sem deixar vestígios ou sucumbem a uma estranha doença. A morte passa a envolver a pequena cidade com seu toque maléfico e Ben e Mark são obrigados a escolher o único caminho que resta aos sobreviventes da praga: fugir. Mas isso não será tão simples, os destinos de Ben, Mark, Barlow e Jerusalem’s Lot estão agora para sempre interligados. E é chegada a hora do inevitável acerto de contas. (Resenha: ‘Salem – Stephen King)

“A cidade guardava seus segredos, e a Casa Marsten pairava sobe ela como um rei arruinado.”

Opinião: Segundo livro da carreira do mestre do horror, ‘Salem dá exatamente o tom do que viria pela frente na trajetória de Stephen King. Embora não seja uma das obras mais citadas ou cultuadas, esta é uma das melhores histórias que ele já escreveu e também é um dos melhores livros sobre vampiros já escritos no mundo. Ah, isso não foi um spoiler! Já na capa a editora Suma de Letras corrige um antigo erro lá da Record que, pasmem, publicou a obra no Brasil com o título de “A Hora do Vampiro”. Exato! O mistério havia sido desvendado de cara na capa, mas graças à Suma e seu excelente trabalho, agora podemos ter o título original do livro, o que não perdoa o grotesco do que foi feito anteriormente.

Saindo da enrolação das curiosidades e passando para a história em si, ‘Salem é um grande suspense que devagar vai se transformando em terror, e terror dos bons. Jerusalem’s Lot é a típica cidadezinha do meio rural norte-americano onde todos se conhecem e existe um forte sentimento de pertencimento à comunidade. É também uma cidade que vive à sombra de segredos do passado não muito bem enterrados. No alto de uma colina, como se vigiando a vida de todos, está a Mansão Marsten, palco de crimes violentos. Horrores que jamais descansaram e que discretamente ainda perturbam a paz dos moradores. E quando Bem Mears, um escritor, decide retornar para se acertar com seu passado, o mal também decide renascer e estender suas garras sobre os habitantes.

‘Salem tem uma narrativa pra lá de envolvente que segue o curso cronológico dos acontecimentos sem pressa. À medida que, junto com Ben, vamos investigando os estranhos episódios que abalam a paz da cidade, também recebemos as explicações do que de fato ocorreu no passado. Novamente, como não canso de repetir, temos a maestria de King em construir personagens verossímeis, com problemas comuns e básicos de qualquer ser humano. Não há nenhum super-herói, nem mesmo os vilões o são. Todos possuem falhas, vaidades e virtudes. E isso contribui muito para nos envolver e até mesmo amedrontar.

De uma cidadezinha com um cotidiano normal, dona de traumas não superados, Jerusalem’s Lot vai evoluindo para um lugar de insanidade e horrores. Nós somos expectadores disso e, impotentes, vamos acompanhando o declínio. A maior qualidade desse livro está justamente em nos colocar no centro desse furacão e não encontrarmos escapatórias. E isso é angustiante para quem se envolve com a história. Stephen King não está interessado em resolver os problemas da trama que criou. Ele simplesmente deixa seus personagens agirem da forma como bem entendem, e aí a luta bem versus mal ganha contornos dramáticos porque lidamos com criaturas sagazes, sedutoras.

O ápice de ‘Salem acontece aproximadamente nas sessenta ou setenta últimas páginas e vai nos conduzindo para um final espetacular. Qualquer leitor que queira conhecer a obra de Stephen King obrigatoriamente tem que ler este livro. Nele, temos todos os ingredientes que consagraram um escritor e influenciaram os rumos dos romances de horror nas décadas finais do século XX.

Curiosidades:

O personagem do Padre Callahan retorna nos livros V, VI e VII da série A Torre Negra. Aliás, os livros V e VI de A Torre Negra analisam e explicam boa parte dos acontecimentos narrados em ‘Salem.

A cidade de Jerusalem’s Lot é citada em diversos outros livros de King como A Zona Morta e O Cemitério, por exemplo.

Um dos personagens do livro A Zona Morta é enterrado no cemitério Birches. É o mesmo cemitério em que a família Marsten, de ‘Salem está enterrada.

O livro Sombras da Noite traz o conto Jerusalem’s Lot, ele é meio que um prólogo da história narrada em ‘Salem. Nesta mesma coletânea, o conto A Saideira traz diversos spoilers do que aconteceu após os eventos narrados em ‘Salem.

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O Autor: Stephen King nasceu em 1947 em Bangor, no Maine. É autor de mais de cinquenta best-sellers no mundo inteiro e mais de 200 contos. Os mais recentes incluem Revival, Joyland, Escuridão Total sem Estrelas (vencedor dos prêmios Bram Stoker e British Fantasy), Doutor Sono, Sob a Redoma (que virou uma série de sucesso na TV) e Novembro de 63 (que entrou no TOP 10 dos melhores livros de 2011 pelo New York Times Book Review e ganhou o Los Angeles Times Book Prize na categoria Terror/Thriller e o Best Hardcover Novel Award da organização International Thriller Writers).

Stephen King recebeu em 2003 a medalha de Eminente Contribuição às Letras Americanas da National Book Foundation; em 2007 foi nomeado Grão-Mestre dos Escritores de Mistério dos Estados Unidos; e em 2015 recebeu do presidente Barack Obama a National Medal of Arts por “sua combinação de narrativa notável e análise precisa da natureza humana, com trabalhos de terror, suspense, ficção científica e fantasia que, por décadas, assustaram e encantaram públicos de todo o mundo”.

Ele mora em Bangor, no Maine, com a esposa, a escritora Tabitha King.

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